Os MÃO MORTA assumem mais uma vez a sua posição como cronistas de um tempo em que a música é tão política quanto poética.

Os MÃO MORTA estão de regresso com novidades. A banda bracarense, uma referência incontornável da música portuguesa, acaba de lançar um vídeo-clip de «Viva La Muerte!», tema-título e primeiro single de avanço para o seu próximo álbum, que tem data de edição agendada para 18 de Janeiro de 2025. O novo registo da banda liderada pelo inimitável Adolfo Luxúria Canibal promete fundir arte e intervenção, num gesto simultaneamente comemorativo e de alerta.

As sessões de gravação de «Viva La Muerte!» arrancaram no final de Setembro, nos Arda Recorders, no Porto, sob a produção de Zé Nando Pimenta, já conhecido pela sua colaboração com a banda no álbum «Pelo Meu Relógio São Horas de Matar», de 2014. Em nove temas, o novo longa-duração “explora uma narrativa que cruza memórias da Revolução de Abril, a comemorar 50 anos, com uma reflexão crítica sobre os sinais de regressão democrática e as ameaças do fascismo contemporâneo“, lê-se num comunicado divulgado pelos MÃO MORTA.

Originalmente, 2024 seria o ano de celebração simultânea dos 50 anos do 25 de Abril e dos 40 anos dos MÃO MORTA. Como tal, o grupo tinha planeado o espetáculo “Viva La Muerte!” como uma experiência multidisciplinar, com música e conferências sobre liberdade e democracia. Contudo, devido a imprevistos, a digressão foi adiada, e o grupo decidiu antecipar as gravações do álbum, transformando a pausa num período criativo.

Adolfo Luxúria Canibal, vocalista e letrista do grupo, explica que este projecto reflete a ligação entre as conquistas de Abril e a liberdade que permitiu à banda existir: “A Revolução de 25 de Abril tornou possível a nossa expressão artística, marcada por uma intervenção estética, social e política muitas vezes fraturante“, explica o cantor. Em comunicado, a banda sublinha que «Viva La Muerte!» não é só uma homenagem a nomes do passado como José Mário Branco, Zeca Afonso ou Ary dos Santos, mas também resposta às inquietações do presente.

Entre as temáticas abordadas nas letras de «Viva La Muerte!» estão o ultra nacionalismo, a ascensão de teorias conspiracionistas, o ódio ao conhecimento científico e o apelo ao pensamento totalitário. Com a música a ser composta por Miguel Pedro e António Rafael, os temas ganharam vida através de arranjos da banda, criando um cenário sonoro que promete tanto intensidade como reflexão. O espectáculo de apresentação do novo álbum dos MÃO MORTA está marcado para o dia 18 de Janeiro, no Theatro Circo, em Braga, e contará com todas as dimensões do projecto original. A digressão, que passará por Lisboa, Faro e Guimarães, será retomada após o lançamento do álbum.