MACHINE HEAD

MACHINE HEAD @ EVILLIVƎ FESTIVAL, MEO Arena, Lisboa | 29.06.2024 [reportagem]

Na noite inaugural do EVILLIVƎ FESTIVAL, ROBB FLYNN e os seus MACHINE HEAD assinaram uma actuação irrepreensível e brilharam mais alto que tudo o resto.

Depois de quase uma década afastados dos festivais de Verão, os MACHINE HEAD ensaiaram um regresso ao formato em 2023 e, este ano, subiram ao palco do EVILLIVƎ FESTIVAL logo na sua noite inaugural. Mais fortes do que nunca após terem sofrido um revés a que a maioria das bandas não teria resistido (com a abrupta saída de dois elementos de longa data ainda na fase pré-pandémica), Robb Flynn e companhia trouxeram na bagagem alguns temas do seu álbum mais recente, «Øf Kingdøm And Crøwn».

Num dia que contou também com actuações dos MEN EATER, JILUKA, WOLFMOTHER, KATATONIA e KERRY KING – acerca das quais vos falaremos detalhadamente muito em breve –, os MACHINE HEAD acabaram por abafar toda a competição e, apesar da afluência ter ficado aquém do que se esperava neste primeiro dia do evento, quando os ponteiros do relógio apontavam 21:45, Flynn subiu ao palco e, irradiando alegria e confiança, provocou a primeira onda de fervor digna de registo vinda da multidão.

Como se esperava, o último elemento original da banda que ele próprio fundou em 1991, surgiu em cena acompanhado por Jared MacEachern no baixo, Reece Scrugs na guitarra e Matt Alston na bateria, com o quarteto a revelar-se, desde logo, uma unidade bem sólida e capaz de recriar a mistura única de géneros que sempre os caracterizou – e que flui perfeitamente dos grooves mais pesadões até aos tons harmónicos característicos da N.W.O.B.H.M., passando por melodias envolventes e refrões orelhudos, a que raramente alguém consegue resistir.

O espectáculo arranca com a já tradicional «Imperium», o fumo espalha-se rapidamente pelo palco, as colunas de fogo começam a bombar r as luzes estroboscópicas parecem estar a trabalhar horas extra – cá em baixo, o público reage em consonância, e com fervor. O som ainda não tinha estado tão potente ou, sequer, definido.

A bateria atinge a plateia directamente no peito como um desfibrilador e, com os MACHINE HEAD a atacarem rapidamente mais um daqueles clássicos incontornáveis dos seus alinhamentos, a brutalíssima «Ten Ton Hammer», do «The More Things Change», o circle pit, que entretanto se abriu a meio da sala, assemelha-se a um daqueles globos de neve pequenitos, que alguém está a agitar furiosamente. No ar, voam martelos insufláveis, atirados para a audiência por um par de roadies.

Mesmo entregando habilmente mudanças de ritmo impulsionadas pelos ritmos envolventes de MacEachern e Alston e pelas guitarras relâmpago de Scrugs e Flynn, «CHØKE ØN THE ASHES ØF YØUR HATE», do mais recente álbum, serviu essencialmente para acalmar os ânimos por breves instantes, mas de seguida (e de forma inteligente), a banda mergulhou habilmente numa viagem por diferentes partes do seu catálogo, numa sequência de temas capaz de agradar tanto aos fãs mais antigos como aos mais recentes – ouviram-se, entre pequenas pausas para o mentor do grupo “puxar” pelo público, .

Robb Flynn é um mestre de cerimónias por excelência, lançando apelos constantes (“Headbang motherfucker!” e “Get your fists in the sky!” foram os que se ouviram mais vezes) a que todos, ou quase todos, obedeceram. Os temas sucedem-se de forma escorreita, com destaque para uma poderosa «Now We Die», para a contagiante «Is There Somebody Out There?» e para a épica «Locust», com a incrível troca de riffs antes do enorme breakdown a ser recebida com um rugido de aprovação da multidão.

Já após o tema-título do disco de 2022, «NØ GØDS, NØ MASTERS», e um dispensável solo de guitarra cortesia do mais recente elemento do grupo, os MACHINE HEAD entraram na fase final do alinhamento com «Darkness Within» e, com o baixo de MacEachern a soar como um trovão e Alston a rasgar as peles, os músicos dispararam sem piedade uma «Bulldozer» que fez pleno jus ao seu título ao, simplesmente, esmagar tudo, antes ainda de «From This Day» trazer mais um daqueles refrões a que ninguém consegue resistir.

A disparar os últimos cartuchos, Flynn e companhia fecharam o espectáculo com chave de ouro e uma sequência irresistível composta pelo monolítico conhecido como «Davidian», que continua a atropelar tudo o que acompanha pela frente como um tanque de guerra com aquele gancho de “LET FREEDOM RING LIKE A SHOTGUN BLAST!”, e «Halo», um daqueles temas com mais mudanças de ritmo e acrobacias estilosas que um filme do Vin Diesel. Resultado, extremamente coesos, armadas com um alinhamento a que só faltou a velhinha «Old» e numa produção digníssima de respeito (muito fumo, ainda mais fogo, confettis, insufláveis e outros truques que tais), os MACHINE HEAD não teriam estado deslocados como cabeças de cartaz.

ALINHAMENTO:

01. Imperium | 02. Ten Ton Hammer | 03. CHØKE ØN THE ASHES ØF YØUR HATE | 04. Now We Die | 05. Is There Anybody Out There? | 06. Locust | 07. NØ GØDS, NØ MASTERS | 08. Guitar Solo | 09. Darkness Within | 10. Bulldozer | 11. From This Day | 12. Davidian | 13. Halo