LINKIN PARK

LINKIN PARK: O regresso ao activo já dava uma boa novela mexicana [a versão resumida]

Das polémicas que envolvem a nova vocalista Emily Armstrong, passando pelas acusações do filho de Chester Bennington e pela ausência do guitarrista Brad Delson e do baterista Rob Bourdon, o regresso dos LINKIN PARK está rodeado de controvérsia.

O muito badalado regresso dos LINKIN PARK ao activo esteve, desde o início, rodeado de uma palpável estranheza e, depois de efectivado, tem feito correr uma considerável quantidade de tinta por razões que digamos, não são as mais favoráveis. Façamos primeiro um resumo…

Sem que nada o fizesse prever, a icónica banda de nu-metal deu início a uma campanha de teasing para um suposto anúncio. Para tal, lançaram uma contagem decrescente no seu site oficial, levando a grande especulação sobre o que poderia ser a novidade. O relógio foi activado e, supostamente, terminaria a contagem no dia 28 de Agosto. À hora marcada, mais de 50.000 pessoas estavam à espera, a olhar para a contagem regressiva que marcava 100 horas, pensando que pacientemente isso levaria a algo… Substancial, digamos.

Há anos que os LINKIN PARK não fazem nada além de algumas reedições aqui e ali, as esperanças estavam lá em cima, mas parece que este ano o Dia das Mentiras chegou atrasado, porque, ao atingir o zero, tudo o que os fãs obtiveram foram alguns números a falhar. A contagem passou então a ser crescente, sem que nada mais tivesse sido revelado além de uma publicação da banda no Twitter com o tal cronómetro e a legenda “it’s all a matter of time“.

Só na última quinta-feira, 5 de Setembro, tivemos novidades, mas dessa vez foram em grande: nova formação, álbum novo e digressão. Além disso, a banda também apresentou o single «The Emptiness Machine», a sua primeira música inteiramente nova em sete anos, que destaca as potentes capacidades vocais de Emily Armstrong. A canção foi o primeiro single de avanço para o próximo álbum dos LINKIN PARK«FROM ZERO», que será o primeiro de estúdio do grupo desde 2017. 

EMILY ARMSTRONG

O bombástico anúncio de Emily Armstrong como nova co vocalista dos LINKIN PARK, (e, ainda mais importante neste contexto, para ocupar o posto que foi de Chester Bennington), fez ressurgir episódios que ligam a cantora à Igreja da Cientologia e, pior, o que teria sido um apoio dado ao actor Danny Masterson, condenado a 30 anos de prisão após ser considerado culpado por duas de três acusações de violência sexual acontecidas entre 2001 e 2003.

Cedric Bixler-Zavala, dos THE MARS VOLTA, e a sua esposa, Chrissie Carnell-Bixler, chamaram a atenção para a nova cantora dos LINKIN PARK numa publicação nas redes sociais, revelando também as suas ligações à Cientologia. “A nova vocalista dos LINKIN PARK é uma cientologista radical que apoiou um violador em série condenado tanto dentro como fora do tribunal,” escreveu Carnell-Bixler no Instagram.

A Emily Armstrong é uma verdadeira crente da seita/casa criminosa da Cientologia envolvida em tráfico humano e infantil, abusos de crianças e idosos, e na ocultação de inúmeros abusos sexuais sobre crianças e adultos. É também uma verdadeira crente de LRH, que disse que os homossexuais são desviantes sexuais ao mesmo nível que os pedófilos e que todos os homossexuais deveriam ser enviados para uma colónia de leprosos.

Numa outra publicação, Carnell-Bixler partilhou um comentário que Bixler-Zavala deixou no ano passado na conta de Instagram da outra banda de Armstrong, os DEAD SARA. “Fico surpreendido que nenhum de vocês tenha escrito uma carta em defesa do Danny Masterson desde que a vossa cantora, que é uma chata, se apresentou para o apoiar logo nas preliminares. Lembras-te, Emily?”, escreveu Cedric Bixler-Zavala.

Lembras-te de como a tua equipa de cientologistas rodeou uma das Jane Does quando ela estava a tentar sair dos elevadores? Os agentes do tribunal tiveram de a escoltar para longe da vossa horrível seita. […] Tu és uma cientologista nata que acha que tem um passe? Como reconciliam a homofobia que se encontra nos ensinamentos do livro de LRH, ‘Dianetics’? Os teus fãs sabem da tua amizade com o Danny Masterson? O teu amigo violador.” Carnell-Bixler é uma das três mulheres que Masterson foi acusado de ter violado. Bixler-Zavala e Carnell-Bixler são ex-membros da Igreja da Cientologia e repudiam-na desde a sua saída.

Emily, que compareceu a uma das audiências para mostrar “apoio” ao actor, justificou-se num post feito umas horas depois num Story do Instagram: “Há muitos anos, pediram-me para apoiar alguém que eu considerava um amigo numa aparição no tribunal, e, no início, fui a uma audiência como observadora. Logo depois, percebi que não devia ter feito aquilo. Tento sempre ver o lado bom das pessoas, e julguei-o mal. Nunca mais falei com ele desde então“.

As actuais ligações actuais da nova cantora dos LINKIN PARK são desconhecidas.

ROB BOURDON e BRAD DELSON

Aquando do anúncio inicial, percebeu-se logo que estes são, de facto, e por muito que o Mike Shinoda diga que não, uns LINKIN PARK diferentes. A formação da banda que vai andar na estrada não conta com o baterista Rob Bourdon (um dos membros fundadores da banda, agora substituído por Colin Brittain) nem com o guitarrista Brad Delson, que participa da reunião (leia-se: gravou o novo álbum) mas não vai fazer a tour que se seguirá.

A notícia surgiu de surpresa, uns dias depois do anúncio do retorno: quando voltarem à estrada este mês, os LINKIN PARK não só terão uma nova vocalista e um novo baterista, mas também um novo guitarrista. Numa declaração divulgada na tarde de sexta-feira, Brad Delson anunciou que fica fora da digressão de regresso da banda, optando em vez disso por contribuir nos bastidores.

Com o passar dos anos, apercebi-me de que prospero mais quando estou a trabalhar activamente com os meus companheiros de banda nos bastidores — no estúdio, a colaborar em nova música e a ajudar a construir o nosso espectáculo ao vivo“, explicou Delson. Alex Feder assumirá o papel de novo guitarrista e fez a sua estreia ao lado de Emily Armstrong, e Colin Brittain, durante a actuação ao vivo de quinta-feira passada.

Estou muito orgulhoso de tudo o que continuamos a criar juntos“, disse Delson, reforçando que faz parte do colectivo que são hoje os LINKIN PARK. “Embora não vá andar em digressão neste novo capítulo, estou muito entusiasmado por apresentar o Alex — o meu atraente vice na estrada. O Alex é um músico de classe mundial, um amigo gentil e atencioso, e somos verdadeiramente afortunados por contribuir com o seu talento único para o nosso universo LP.

Estas mudanças, que podem ser consideradas pequenas por alguns, mas grandes por outros, ainda mais na ausência do saudoso Chester Bennington, pode levar a crer que o ideal seria usarem outro nome, mas Mike Shinoda, em conversa recente com a Q101, acha que isso seria uma idiotice. “No meio do processo, estávamos abertos a coisas tipo ‘talvez a formação seja móvel’, ‘talvez tenhamos múltiplos vocalistas’, ‘talvez usemos outro nome’, coisas assim“, disse o cantor.

À medida que a música começou a tomar forma, percebemos que este é o álbum mais Linkin Park que podíamos fazer. É tão Linkin Park que, se nos chamássemos outra coisa, seríamos idiotas. Porque seria uma deturpação, seria uma estupidez. E quando as pessoas ouvirem mais do álbum, vão entender isso“, concluiu ele. Sendo assim, os LINKIN PARK em 2025 são formados por Mike Shinoda, Emily Armstrong, Brad Delson, Dave “Phoenix” Farrell, DJ Joe Hahn e Colin Brittain.

JAIME BENNINGTON

Como se tudo isto não bastasse, Jaime Bennington, um dos filhos de Chester, fez também uma série de publicações onde fala sobre a reformulação da banda com Emily e critica Shinoda pelo que considera ter sido uma “traição” para com os fãs dos LINKIN PARK. Os screen shots, que estão fragmentados e distribuídos de forma confusa, foram recolhidos e organizados pela NME.

Ei, Mike! As pessoas estão a ter dificuldade em entender a ideia dos Linkin Park se reinventarem“, pode ler-se num dos posts. “Elas estão a ter dificuldade em entender como tu: contrataste a tua amiga de muitos anos, @emilyarmstrong, para substituir o @chesterbe sabendo do histórico da Emily na igreja e do seu apoio ao @dannymasterson”.

Em seguida, acusa Shinoda de “apagar silenciosamente a vida e o legado” do seu pai […] “durante o mês de prevenção ao suicídio” e de “se recusar a reconhecer o impacto de contratar alguém como a Emily, sem ao menos uma declaração esclarecedora sobre as diversas vítimas que compõem a base de fãs da banda“. Jaime escreve ainda que a decisão não é simplesmente “um choque que as pessoas vão precisar de tempo para processar e entender“, mas sobretudo uma manobra que “traiu a confiança depositada por décadas de fãs e seres humanos solidários, incluindo eu mesmo“.

No que foi um rant considerável, o filho do carismático cantor dos LINKIN PARK partilhou também o que parece ser um tweet de Shinoda em 2018, dizendo a um fã que tinha “toda a intenção de continuar com os LP“, e pediu aos seus seguidores que verificassem se era autêntico. “Confiámos em ti para seres a melhor e a maior pessoa possível. Para seres a mudança. Porque nos prometeste que essa era a tua intenção. Agora, estás apenas senil e insensível“, acrescentou ele.

Outro ponto abordado é um erro cronológico que teria sido alegadamente cometido por Shinoda numa entrevista com Zane Lowe, onde diz que conheceu Emily em 2017, corrigindo-se em seguida e afirmando que, na verdade, isso tinha acontecido dois anos mais tarde. “Sei que, às vezes, as pessoas cometem erros. Citam informações erradas ou lembram-se delas de forma diferente no momento”, escreve Jaime. “Ainda assim, é interessante que o Mike tenha dito acidentalmente que conheceu a Emily em 2017 antes de corrigir-se. Pergunto-me quem os apresentou?“.