BINKS

[R.I.P.] Faleceu LES BINKS, ex-baterista dos JUDAS PRIEST

Figura-chave da era clássica da banda britânica, Binks deixou um legado eterno em álbuns como «Stained Class» e «Unleashed in the East».

Les Binks, ex-baterista dos JUDAS PRIEST, faleceu aos 73 anos, conforme confirmou a própria banda esta segunda-feira, 14 de Abril. A notícia foi divulgada através de um comunicado oficial nas redes sociais do grupo britânico, no qual se lê: “Estamos profundamente entristecidos com o falecimento do Les e enviamos o nosso amor à sua família, amigos e fãs. A bateria excepcional que nos deixou foi de primeira classe — demonstrando técnicas únicas, talento, estilo e precisão. Obrigado, Les — o teu legado viverá para sempre…”

Figura fulcral na fase clássica do grupo durante a segunda metade da década de 1970, Binks contribuiu para três dos álbuns mais marcantes da banda: «Stained Class», de 1978, «Hell Bent For Leather» (que foi editado como «Killing Machine» no Reino Unido) e o incontornável registo ao vivo «Unleashed In The East», de 1979, ainda hoje considerado uma das pedras angulares do heavy metal ao vivo.

Foi precisamente esse álbum ao vivo que ditou o fim da sua ligação à banda. Em entrevista ao site oficial do antigo guitarrista dos PRIEST, K.K. Downing, Binks revelou os bastidores amargos da separação: “A gravação do álbum ao vivo causou um conflito entre mim e o manager dos PRIEST, e acabou por levar à minha saída da banda. Não via sentido em continuar com um grupo cujo manager não queria que eu recebesse qualquer pagamento por esse disco.

Deparei-me com um cenário completamente absurdo”, continuou Binks. “É um clássico do heavy metal ao vivo que, creio, chegou a disco de platina — e ele não queria que eu visse um cêntimo dessa gravação. Um verdadeiro lunático. Mas é isto que acontece quando uma banda permite que alguém assim a dirija: perdem membros. Foi a saída do baterista número quatro.”

Apesar da saída prematura e turbulenta, o seu impacto não foi esquecido. Em Novembro de 2022, Les Binks foi oficialmente introduzido no Rock And Roll Hall Of Fame, ao lado de outros membros, antigos e actuais, dos JUDAS PRIEST. Entre os homenageados estiveram Rob Halford, Ian Hill, Glenn Tipton, Scott Travis, K.K. Downing e Dave Holland.

Relembrando esse momento, Binks descreveu a cerimónia como surreal: “Tudo surgiu do nada. Os PRIEST já tinham sido nomeados duas vezes antes, sem sucesso. À terceira foi de vez. A escolha cabe ao Rock And Roll Hall Of Fame, que decide com base na história da banda, no seu legado criativo e na identidade que a levou ao sucesso. Fiquei feliz por terem reconhecido o meu contributo nesse sentido.”

O reencontro com os antigos colegas foi vivido com serenidade e profissionalismo. “Havia alguma tensão do lado da gestão, especialmente quanto ao reencontro com o K.K., mas voámos juntos para Los Angeles, falámos antes, e decidimos: ‘estamos aqui por convite do Hall of Fame, vamos ser profissionais e dar ao público o que veio ver’. Foi isso que fizemos.” Sobre a própria banda, Binks foi peremptório: “Nunca me desentendi com nenhum dos membros. O meu problema foi sempre com a gestão. Criativamente, nunca houve atritos.”

O reencontro entre K.K. Downing e Les Binks, que não se viam há quase quatro décadas, aconteceu em 2017, e o guitarrista descreveu-o como “fantástico“, acrescentando: “O Les é um dos maiores bateristas do mundo, um bom amigo e uma pessoa incrível.” Com a sua técnica refinada e presença discreta, mas muto poderosa, Les Binks ajudou a moldar o som dos JUDAS PRIEST numa altura em que o heavy metal dava os primeiros passos rumo à sua idade de ouro. A sua marca ficou não só nos discos, mas também na memória dos fãs e na história do género.