KAMELOT

KAMELOT @ MILAGRE METALEIRO, Pindelo Dos Milagres | 24.08.2024 [reportagem]

O ansiado regresso dos KAMELOT a solo nacional aconteceu ontem, na segunda noite do MILAGRE METALEIRO OPEN AIR.

Lançar um 13.º álbum face a uma legião de adorares fanáticos é daqueles feitos a que todas as bandas deveriam aspirar e foi exactamente isso que os KAMELOT fizeram em Março do ano passado com o seu mais recente disco de originais. Historicamente famoso por registos assentes em conceitos específicos — as adaptações do clássico “Fausto” de Goethe que, na viragem para o Séc. XXI, deram origem a álbuns como «Epica» e «The Black Halo», valeram-lhes rasgados elogios —, com «The Awakening» o colectivo liderado pelo exímio multi-instrumentista Thomas Youngblood deu um passo mais além na sua evolução natural.

O resultado, um reflexo da enorme vontade de progredir por parte de músicos que se recusam a baixar os braços, revelou-se uma irrepreensível colecção de canções que alargaram ainda um pouco mais o seu raio de acção, revelando-o mais criativo e versátil que nunca. Pois bem, foi essa inabalável vontade de fazer ainda mais e melhor que pautou o retorno dos KAMELOT a Portugal, ontem à noite, no MILAGRE METALEIRO OPEN AIR.

Após ter encantado o público luso com uma emocionante actuação no Hard Club em 2019, o sexteto formado por Youngblood na guitarra, Tommy Karevik na voz, Oliver Palotai nos teclados, Sean Tibbetts no baixo e Alex Landenburg na bateria, regressou ao nosso país com a novidade «The Awakening» na bagagem e provou, uma vez mais (e como se dúvidas restassem), que não são uma banda qualquer.

Depois do início de carreira modesto durante a segunda metade dos anos 90, foi na viragem do milénio que o quinteto iniciou um processo de transformação que, hoje, o vê ser descrito com frequência como “uma das bandas mais entusiasmantes” no espectro em que se move. É sabido que, devido à natureza dramática e teatral, pode ser difícil fazer power metal sem cair em abusos, mas — desde muito cedo! — os KAMELOT mostraram saber como fazer passar a mensagem de forma elegante e sóbria, sem nunca cederem a dramatismos exagerados.

Melhor ainda, desafiando as convenções do estilo a cada vez que se atiram à composição de um novo registo, parecem ter uma capacidade imutável para traçar a linha do bom gosto num género dominado por espadas e dragões, o que acaba por destacá-los da competição. Junte-se a esta enorme vontade de inovar uma força interior notável e temos o segredo para um caso raro de sucesso, que mais de duas décadas após ter dado os primeiros passos continua a soar tão relevante como nos seus maiores picos a nível criativo.

Ontem à noite, naquele que foi um concerto integrado na digressão de promoção a «The Awakening», os KAMELOT trouxeram consigo Melissa Bonny, dos AD INFINITUM, que acompanhou a banda durante alguns temas e adicionou ainda um pouco mais de dinamismo à actuação. Com «Veil Of Elysium» a dar início aos procedimentos de uma noite memorável, a banda mostrou-se desde logo muito bem oleada, assinando um espectáculo em que nada falhou. Seguiram-se «Rule The World», de «Ghost Opera», e «Opus Of The Night (Ghost Requiem)» do mais recente disco, que puderam o público a cantar e a saltar.

Ao longo de um alinhamento bem sólido, os KAMELOT foram alternando temas mais antigos com temas mais recentes, numa sequência de temas a que nenhum fã da banda poderá apontar defeitos. «Karma» é daqueles temas a que é muito difícil resistir, «Sacrimony (Angel Of Afterlife)» afirmou-se como um dos temas da era Karevik que se torna obrigatório nos alinhamentos e, depois de um solo de bateria, «March Of The Mephisto» colocou toda a plateia em êxtase.

Ainda na categoria dos “clássicos obrigatórios”, não faltou também «Forever», outro tema que não pode falhar e que a banda aproveitou para “esticar” com interacção com o público e uma apresentação formal dos elementos da banda. A terminar, tocaram duas canções da nova era dos KAMELOT que se afirmaram como autênticos hinos, «One More Flag In The Ground» e «Liar Liar (Wasteland Monarchy)».