JUDAS PRIEST

JUDAS PRIEST + SAXON + URIAH HEEP @ 3Arena, Dublin, Irlanda | 15.03.2024 [reportagem]

Encabeçada pelos incontornáveis JUDAS PRIEST, mas contando também com os SAXON e URIAH HEEP como “suporte”, a Metal Masters Tour aterrou em Dublin, na Irlanda, com uma força tremenda.

Numa semana em que a cidade de Dublin, na Irlanda, recebe espectáculos todos os dias, em vésperas do St. Patrick´s Day e com o país a poder ganhar o torneio das Seis Nações em rugby, a capital irlandesa encheu-se dos mais variados tipos de pessoas. No entanto, o que realmente nos interessava neste dia nublado, mas sem chuva ou frio, era mesmo a muito aguardada passagem da Metal Masters Tour pela 3Arena de Dublin.

Tendo em conta que esta é uma daquelas digressões obrigatórias de 2024, com Portugal a ficar fora da rota, a LOUD! viajou até Dublin assistir à terceira data desta digressão que junta os URIAH HEEP, SAXON e JUDAS PRIEST no mesmo pacote.

Faltavam dois minutos para as 18:40 quando os URIAH HEEP subiram ao palco de uma arena já muito bem composta e iniciaram a sua prestação ao som de «Save Me Tonight», do mais recente «Chaos & Colour». Percebeu-se, desde cedo, que os músicos tinham tempo limitado em palco – apenas 35 minutos –, algo que o vocalista Bernie Shaw referiu acrescentando que alguém teria de abrir a digressão. Sem tempo para grandes conversas, porque há que aproveitar todos os segundos em palco, a banda ainda passou mais uma vez pelo novo disco com «Hurricane».

Apesar de não terem tocado «The Wizard» ou «Lady In Black», os músicos foram ao primeiro longa-duração, «Very ‘Eavy, Very ‘Umble», sacar o clássico «Gypsy» e, já a terminar a actuação, o eterno «Easy Livin’». Pelo meio, houve tempo para ouvir «Rainbow Demon», «Free n’ Easy» e «Grazed In Heaven». Apesar de curta, esta foi uma excelente actuação dos URIAH HEEP, que provaram merecer mais tempo de palco.

Com a introdução «The Prophecy» a tocar através do P.A., Tatler, Byford e Doug Scarratt posicionaram-se no centro do palco para atacarem a demolidora «Hell, Fire And Damnation». Seguiu-se «Motorcycle Man», com o clássico assobio bem alto do vocalista. O tempo voltou a acelerar com a obrigatória «Sacrifice», logo sucedida por uma viagem ao mais recente disco com «There’s Something In Roswell» e por uma passagem pelo clássico «Denim & Leather», com «And The Bands Played On».

De forma inteligente, os britânicos foram alternando temas do novo disco com clássicos; «Madame Guillotine», do mais recente LP, alternou com «Power And The Glory» e a última passagem pelo novo disco aconteceu com a excelente «Fire And Steel». Eis que chegamos então ao momento do público escolher qual o tema que quer ouvir… Entre «Dallas 1PM», «Crusader» e «Strong Arm Of The Law», foi a icónica «Crusader» que acabou por levar a melhor.

A seguir, Biff Byford anunciou que a banda ainda ia ter tempo para mais uma canção e, para gáudio do público que, por esta altura, já enchia a arena, a escolha recaiu em «Strong Arm of the Law». A entrar na recta final da actuação, tocaram «747 (Strangers In The Night», com Doug Scarratt a envergar um casaco cheio de patches atirado por alguém do público no que parece ser uma tradição nos concertos dos SAXON. «Wheels Of Steel», «Denim & Leather», com o refrão a ser cantado em plenos pulmões pelos fãs, e «Princess Of Night» fecharam o alinhamento. Como se diz na gíria musical, foi uma actuação “na batata”!

O prato forte da noite eram obviamente os JUDAS PRIEST e, como seria de esperar, a lendária banda britânica não desiludiu. Apesar da voz de Rob Halford já ter tido muitos dias melhores, em boa verdade até tem soado bastante bem nos últimos anos e, no que toca a esta ocasião, soou bastante equlibrada – leia-se, mais cantada e menos gritada. A noite abriu ao som do explosivo single «Panic Attack» e a confirmação de que o novo «Invincible Shield» é um disco mais que obrigatório por mostrar os JUDAS PRIEST tão inspirados.

«You’ve Got Another Thing Coming» e «Breaking The Law», que foram tocadas back to back, levaram o público ao rubro, notando-se desde logo o maior envolvimento de Andy Sneap na actuação, com o guitarrista a ter direito a fazer mais solos e a chegar-se à frente mais vezes, algo que não acontecia quando foi inicialmente convidado para substituir Glenn Tipton. Seguiu-se mais uma viagem a «British Steel», com «Rapid Fire», sucedido pela estreia (na digressão e pela primeira vez ao vivo) do tema «Sword Of Damocles», de «Redeemer Of Souls».

Para gáudio geral, «Love Bites» e «Saints In Hell» materializaram duas muitíssimo celebradas passagens pelos clássicos «Defenders Of The Faith» e «Stained Class», respectivamente, e depois os músicos presentearam os fãs com mais uma estreia, desta vez «Crown Of Horns», mais excelente tema do mais recente disco de estúdio. «Turbo Lover» colocou toda a gente a cantar o refrão, rapidamente sucedida por «Invincible Shield» e por mais uma boa surpresa, com a banda a servir a clássica «Sinner» em vez de «Victim Of Changes» que tinham tocado nas primeiras duas datas da tour.

Por esta altura, já se tinha percebido que o guitarrista Richie Faulkner estava a brilhar como ninguém naquele palco, sendo que, apesar do grave problema de saúde que o afectou há uns anos, o músico continua a puxar constantemente pelo público e a radiar uma energia impressionante. Voltando ao alinhamento, seguiu-se outra estreia nesta digressão com «You Don’t Have To Be Old To Be Wise», do clássico «British Steel», logo sucedido por um tema que, por esta altura, é mais dos JUDAS PRIEST do que de quem o escreveu originalmente: «The Green Manalishi (With The Two Prong Crown»), dos Fleetwood Mac.

Como de costume, Scott Travis dirigiu-se ao público para apresentar «Painkiller» e, já no encore, ouviram-se «The Hellion/Electric Eye», «Hell Bent For Leather», com o Rob Halford a entrar com a sua Harley-Davidson em palco e a dar umas verdascadas em Andy Sneap. O espectáculo encerrou com «Living After Midnight» e o público todo de pé, com a promessa de um regresso dos JUDAS PRIEST à Irlanda. A banda despediu-se do público ao som de «We Are The Champions» – e que campeões foram nesta noite para mais tarde recordar!

Um agradecimento especial à DME, MCD e à equipa de management dos SAXON por proporcionarem à LOUD! esta oportunidade.