A experiência na prisão após o envolvimento nos acontecimentos de 6 de Janeiro de 2021 levou Jon Schaffer a uma profunda jornada espiritual, detalhada pelo próprio numa nova entrevista.
Jon Schaffer, guitarrista e fundador dos ICED EARTH, revelou ter-se convertido ao cristianismo após a sua prisão por envolvimento na invasão ao Capitólio dos Estados Unidos, a 6 de Janeiro de 2021, numa nova entrevista ao podcast Later Than You Think. O músico norte-americano detalhou o impacto que a experiência teve na sua vida e como encontrou a fé no meio do isolamento e das consequências que se sucederam ao evento.
De forma algo surpreedente, Schaffer explicou que o seu percurso espiritual até já estava em andamento antes dos acontecimentos de 6 de Janeiro, mas que o tempo que passou na prisão acabou por acelerar esse processo. “Eu já tinha começado a ler a Bíblia, mas ainda não estava realmente lá… Foi o início. Na verdade, nem foi o início, porque isto tem sido um processo lento, já que sou um indivíduo muito teimoso”, confessou o músico. “No entanto, foi quando comecei a minha jornada de fé. Estando em confinamento solitário, tive muito tempo para pensar e perceber o poder e o mal contra o qual estamos a lutar.”
Contudo, segundo Schaffer, a verdadeira viragem não aconteceu imediatamente na prisão, mas sim após uma ruptura significativa a nível familiar. “Tive um desentendimento muito feio com a minha filha, e isso foi terrível. Foi aí que percebi o quão desalinhado estava.” Após sair da prisão, Jon Schaffer encontrou então a igreja mais perto da sua casa na Flórida, e começou a sentir uma ligação mais profunda com a religião. O tempo permitiu-lhe experimentar diferentes congregações, até que uma delas teve um impacto decisivo na sua fé.
“Apaixonei-me completamente pelo lugar. Foi a Lakeview Church, em Tarpon Springs. Ia lá, ficava em casa de um amigo no Sábado à noite e, no Domingo, íamos juntos à igreja”, recordou Jon Schaffer. Apesar da distância, o líder dos ICED EARTH continuou a acompanhar os serviços da igreja online quando não podia estar presente fisicamente e, eventualmente, decidiu dar mais um passo e ser baptizado. “Eventualmente, pedi ao pastor Tim Miller para me baptizar. Fizemos isso na piscina da casa dele”, detalhou ele. No entanto, o músico admite que ainda não estava totalmente convencido. “Foi mais uma etapa do caminho”, conclui.
Na entrevista, que podes ver na íntegra em cima, Jon Schaffer também abordou a sua participação nos eventos de 6 de Janeiro, minimizando o carácter insurrecional do ataque ao Capitólio. “Considero que foi mais um protesto do que uma insurreição”, afirmou, mostrando que a sua forma de pensar não mudou no período em que esteve preso. “Estamos a falar dos cidadãos mais armados do planeta. E, de alguma forma, todos esses ‘insurrecionistas’ se esqueceram das suas armas em casa?! É quase como se essa nunca tivesse sido a intenção.”
Segundo Jon Schaffer, a multidão foi conduzida pela energia do momento após o discurso de Donald Trump e pelo facto de, ao chegarem ao edifício do Capitólio, alguns participantes terem sido ajudados pelos próprios agentes da polícia. “Eu não vi nenhuma entrada a ser arrombada. Só vi os mesmos vídeos que toda a gente viu”, explicou ele. “Havia raparigas a descer as escadas a chorar e a dizer que estavam a destruir coisas lá em cima. Esse não era o propósito daquele dia. Fiquei confuso e irritado, sem perceber bem o que estava a acontecer.”
Apesar das suas justificações, Schaffer assumiu um acordo judicial em Abril de 2021, admitindo culpa em duas acusações e concordando em colaborar com as autoridades. O futuro do músico na cena do metal continua incerto, uma vez que a sua relação com antigos colegas de banda e fãs sofreu um grande abalo após os acontecimentos de 6 de Janeiro. Questionado sobre os seus planos futuros no que diz respeito à música, Schaffer disse: “Há alguns lançamentos que tenho na manga e nos quais vamos trabalhar. Em termos de material novo, vou esperar mais tempo. Preciso de saber se há uma direcção artística clara e não algo que seja fabricado por mim.
Já fiz discos suficientes na minha carreira para saber que alguns foram encaixados em agendas, só porque tínhamos de fazer digressões… De certa forma, fomos forçados a escrever devido a pressões de agenda e outros compromissos. Por vezes, trabalhar sob pressão é muito bom e, outras vezes, estamos a fazer só o que é preciso. Portanto, o que quer que faça daqui para a frente, só quero que seja óptimo. Não quero que nada seja forçado. E quero que glorifique Deus. No meu fundo de catálogo há algumas coisas bíblicas, mas agora, do ponto de vista de um cristão, há muito mais inspiração que espero usar para ter um bom efeito nas pessoas. Espero que a inspiração volte… Mas, de momento, não sei como vai ser“.