23 anos sem JOEY RAMONE. A 15 de Abril de 2001, silenciava-se a voz do pioneiro do punk rock norte-americano.
A data de 15 de Abril de 2001 ficará para todo o sempre marcada como uma das mais trágicas da história do rock e, em particular, do punk. Foi nesse dia que faleceu Jeffrey Ross Hyman, mundialmente conhecido como Joey Ramone, vocalista de um dos grupos mais lendários de todos os tempos, os RAMONES. Vítima de uma cancro linfático que afectou o seu sistema imunológico, o músico norte-americano tinha apenas 49 anos.
Segundo relatos de pessoas próximas da família, Joey Ramone faleceu de forma pacífica, enquanto dormia, cercado por familiares e amigos. Na altura da morte, no seu quarto ouvia-se «In A Little While», uma canção dos irlandeses U2.
O emblemático Joey nasceu em 19 de Maio de 1951 e não teve uma infância propriamente fácil, mas encontrou na música uma saída para o seu sofrimento e para as suas inseguranças. Fanático de grupos clássicos como os THE BEATLES, ROLLING STONES, THE WHO, THE STOOGES e NEW YORK DOLLS, deu o pontapé inicial na sua carreira como vocalista na obscura banda de glam SNIPER, da qual foi despedido por ser considerado feio demais.
A vida como a conhecemos hoje, começou ainda durante a década de 70, quando se juntou aos amigos Johnny e Dee Dee para fazer umas jams. O início dos RAMONES deu-se em 1974, no bairro do Queens, em Nova Iorque. No início, o grupo era um trio — composto por Johnny na guitarra, Dee Dee no baixo e voz e Joey Ramone na bateria — , mas os primeiros ensaios bastaram para tornar óbvia a falta de aptidão de Joey com as baquetas. Os restantes músicos convenceram-no a assumir a voz e, com Tommy Ramone a ocupar o lugar de baterista, nascia a formação clássica da banda.
Fisicamente peculiar com os seus dois metros de altura, diagnosticado na adolescência com transtorno obsessivo-compulsivo e orgulhosamente portador de uns óculos de lentes “fundo de garrafa”, Joey Ramone era muitíssimo diferente do que se espera de geralmente de uma estrela rock, mas ao longo de quase duas décadas emprestou sua voz a inúmeras canções que ficaram marcadas no panteão da música feita com guitarras e que mudaram para sempre a vida de milhões ao redor do mundo.
Exemplos? São inúmeros, mas títulos como «I Wanna Be Sedated», «I Wanna Be Your Boyfriend», «I Remember You» e «Blitzkrieg Bop» estão, sem dúvida, entre os mais celebrados. Com o álbum homónimo de estreia, lançado em 1976, os RAMONES começaram a sua campanha de conquista global apoiados em 14 temas espremidos em apenas 29 minutos — e deram o tiro de partida para o movimento punk rock, inspirando o surgimento de grupos como os SEX PISTOLS e THE CLASH, entre outros.
Na sequência do primeiro disco, em 1977 os músicos lançam dois álbuns — «Leave Home» e «Rocket To Russia» — e, no ano seguinte, já com Marky Ramone na bateria, gravam o incortornável «Road To Ruin», que é visto por muito boa gente como o registo que encerrou a fase áurea do grupo. Nos anos seguintes, os músicos começaram a afundar-se cada vez mais nos seus problemas com drogas e álcool, ao mesmo tempo que as relações internas entre os três elementos fundadores se tornavam cada vez mais hostis.
Mesmo assim, com todos os problemas e os ocasionais acertos de formação, a banda conseguiu manter uma produção intensa até o fim da sua carreira. 14 álbuns, quatro registos ao vivo e mais de 2.263 concertos depois de terem dado os primeiros passos, os RAMONES colocaram um ponto final na sua carreira a 6 de Agosto de 1996, com um espectáculo apoteótico de despedida no The Palace, em Hollywood.
Encerrado o percurso da sua banda de sempre, Joey Ramone começou finalmente a trabalhar no seu primeiro disco solo. As gravações foram muito complicadas, uma vez que os dias em estúdio eram intercalados com semanas inteiras passadas no hospital, com a saúde do músico já bastante debilitada pela doença que acabou por matá-lo ainda antes do lançamento de «Don’t Worry About Me», que chegaria postumamente aos escaparates em 2002.
Muito mais do que “apenas” um músico carismático, com o passar dos anos Joey Ramone acabou por transformar-se numa verdadeira lenda. A imagem do cantor, com o pé esquerdo à frente e o direito atrás, mão esquerda no microfone e o punho direito no ar, a gritar o mantra não oficial da banda, Gabba Gabba Hey!, ficará para sempre impresso na memória colectiva de quem gosta de bom rock’n’roll.