JINJER

JINJER: Novo álbum, «Duél», para ouvir na íntegra [review + streaming]

Ao quinto álbum, os ucranianos JINJER mergulham na fúria e na escuridão —  este é, sem qualquer dúvida, o registo mais intenso e raivoso que já assinaram.

Após tornarem-se um dos nomes mais reconhecidos do metal moderno, de acompanharem os SLIPKNOT em digressão e de se afirmarem como embaixadores improváveis da resistência ucraniana, os aplaudidos JINJER regressam agora com o explosivo «Duél», um disco que transpira intensidade e fúria. Marcado por um profundo peso emocional e uma abordagem sonora ainda mais agressiva, este quinto trabalho da banda reflecte não só a evolução do seu som, mas também as cicatrizes de um país em guerra.

Desde o primeiro segundo de «Tantrum», o ouvinte é confrontado com uma explosão de energia visceral. O tema não perde tempo em apresentar a essência do disco: riffs esmagadores, mudanças de tempo e a voz de Tatiana Shmayluk no seu estado mais feroz. Alternando entre linhas limpas assombrosas e gutural arrepiante, a vocalista guia os JINJER por um território de brutalidade sonora sem nunca perder de vista a expressividade que tem definido a sua carreira.

Ao lado de Tatiana, o baterista Vlad Ulasevich, o guitarrista Roman Ibramkhalilov e o baixista Eugene Abdukhanov entregam-se a uma performance de pura virtuosidade, provando, uma vez mais, que os JINJER são uma força imparável dentro do género. No entanto, «Duél» não é só um exercício técnico ou um desfilar de agressividade por si só. O álbum carrega uma urgência emocional rara, alimentada pelo impacto directo da invasão russa na Ucrânia. Nas palavras de Tatiana, o disco “traduz a inquietação e a revolta acumuladas ao longo dos últimos três anos, em que mais de 45.000 vidas foram ceifadas pelo conflito“.

Esse peso sente-se de forma esmagadora em temas como «Rogue», onde a vocalista faz uma referência explícita ao presidente russo, descrevendo-o como um predador impiedoso: “Collecting blood is his ambition”, denuncia, sem rodeios, antes de concluir que o líder russo “Sets so light the value upon lives”. O peso lírico mantém-se em «Tumbleweed», onde Tatiana expõe a devastação da guerra sem filtros: “Have you heard of the storm that uprooted my home?”. A banda, que já antes explorava temáticas de resistência e superação, atinge aqui um novo nível de intensidade emocional.

Em «Dark Bile» e «Green Serpent», os JINJER alternam entre momentos de brutalidade e passagens atmosféricas que evocam uma beleza melancólica, mostrando que a banda continua a expandir os limites do metal progressivo. E o tema-título, «Duél», talvez seja o ponto culminante da narrativa de confronto e de resistência. A faixa não deixa espaço para ambiguidades, proclamando que, em tempos de guerra, a neutralidade não é opção: “Barrel to barrel, pick a side”.

É um chamado à acção, um manifesto de luta que ecoa muito além do universo musical. Feitas as contas, se o metal sempre foi um refúgio para os que desafiam as normas, «Duél» é um testemunho de como a música pode ser, também, um acto de rebelião e resiliência. As encomendas dos formatos físicos do novo álbum dos JINJER estão disponíveis via Napalm Records.