IRON MAIDEN

AQUELA VERSÃO: Os IRON MAIDEN e a morte dos singles

Com a chegada do final do século XX, os singles enquanto edições físicas começaram a cair em desuso, comprometendo os lados B. Ou seja, esta é a última de três semanas em que passámos a pente fino muitas das versões feitas pelos IRON MAIDEN.

É em «Fear Of The Dark», de 1992, que chega ao fim a primeira fase de Bruce Dickinson com os IRON MAIDEN. O primeiro single é «From Here To Eternity» e, no lado B, surgemais uma brincadeira de Harris e companheiros. «Roll Over Vic Vella» é uma versão pesada do clássico de Chuck Berry, «Roll Over Beethoven». Tema clássico do rock norte-americano dos anos 50, até os THE BEATLES já a tinham revisitado, e com quase uma centena e meia de versões, aos britânicos só restava mesmo criar uma brincadeira à volta do tema.

Já o single «Be Quick Or Be Dead», trazia uma repetição, pois os IRON MAIDEN voltavam a abordar os MONTROSE, agora através do clássico «Space Station No. 5». Tal como em 1983, era, de novo, sobre o primeiro disco dos MONTROSE que caía a escolha de um tema. Uns anos mais tarde, o próprio Sammy Hagar acabaria por recolher a canção para a sua carreira a solo e George Lynch, ex-DOKKEN, também abordaria o tema.

Com «The X-Factor» chega Blaze Bayley à banda, e o mal-amado substituto de Dickinson teve bastante azar no arranque de carreira com os IRON MAIDEN. Um acidente de moto comprometeu a sua mobilidade em palco, agravando a frieza natural de uma plateia que permanecia fiel a Bruce. Mesmo assim, Blaze ainda assinou algumas versões interessantes, duas delas com o single de «Lord Of The Flies», em 1996.

Claro que, neste caso particular, os originais ajudaram muito; afinal, apenas se tratava de «My Generation», dos THE WHO, e «Doctor, Doctor», dos UFO. Pete Townsend pode declarar que foi a sua banda que criou o heavy metal, mas este é dos poucos temas realmente queridos pela música pesada quando se fala em THE WHO.

Mesmo assim, a versão gira em volta daquela realizada pelos SKEW SISKIN. Ao contrário da abordagem over produced dos HOLLYWOOD VAMPIRES, ou a meio gás dos KROKUS. Quanto ao tema dos UFO, a versão dos Maiden resulta bem melhor que a dos FIREBALL MINISTRY, mas não tão pesada e virtuosa como a dos AGENT STEEL.

Curiosamente, estas seriam praticamente as últimas versões gravadas pelos IRON MAIDEN. Os singles começam a ter outro significado, ao mesmo tempo que o vinil parecia definitivamente substituído pelo CD. Os “novos” singles passam a incorporar vídeo-clips e deixam de inserir os célebres “lados B”. Mais tarde, chegam mesmo a tornar-se virtuais, existindo apenas em versão vídeo, como no caso mais recente do monumental «The Writing On The Wall», que apenas teve edição em clip, nunca obtendo edição física para lá do álbum «Senjutsu».

É o fim de uma era, as versões passam para os discos tributo, ou até para encher espaço editorial entre álbuns de estúdio. No caso dos IRON MAIDEN, simplesmente desapareceram do seu horizonte.