Terceiro dia seguido no RCA Club em que a LOUD! está presente, um facto bem representativo da actual elevada oferta de propostas – bastantes diferentes entre si, como já devem ter reparado. Sem dúvida um bom sinal quando há não muito tempo atrás havia dúvidas constantes em relação à continuidade da nossa cena. Dúvidas essas que são partilhadas por quem nos visita, sendo os russos IMPERIAL AGE mais uma banda que viveu inúmeros adiamentos até cá chegar finalmente. Foi numa quente noite de quinta-feira que aconteceu, e para a tornar ainda mais especial, começou com os portugueses MALIGNEA, acrescentando assim ainda mais motivos de interesse. Nascidos das cinzas dos Dogma, esta é uma proposta que, apesar de alguns pontos em comum, se assume como algo original. Cantada em português por parte de uma das grandes vozes da nossa cena, Isabel Cristina, a mistura entre doom metal e sensibilidade gótica faz com que nos lembremos dos tempos áureos dos Theatre Of Tragedy (os dois primeiros álbuns), sendo que a principal diferença é uma sonoridade mais apoiada nas guitarras, que a torna bem mais pesada – e na opinião pessoal deste escriba, mais interessante. Ficou a informação de que o álbum está na forja e de que em breve poderemos saber e ouvir mais deste que promete vir a ser um grande nome no underground nacional deste estilo.
Os IMPERIAL AGE são uma banda que facilmente ganhou a admiração por parte dos fãs de metal sinfónico, tendo requisitos básicos para tal, como arranjos orquestrais luxuosos mas simples, tornando fácil a sua memorização, bem como um conjunto de vozes que são o seu grande destaque. Para os mais puristas da música ao vivo, poderá ser estranho termos uma importante parte da música (as orquestrações) vir de backing tracks, mas sendo que os responsáveis pelos teclados são também quem canta, não deixa de ser compreensível concentrar atenções e esforços nessa componente. O recém lançado (no final de Agosto) «New World» foi o trabalho mais chamado ao palco, e em muitas ocasiões cada um dos três vocalistas foi alternando a dianteira ao contar alguma história ou curiosidade acerca do álbum e das suas inspirações. O líder Alexander Osipov referiu, por exemplo, como a nossa história no capítulo dos descobrimentos foi fundamental, e que estar em Portugal, em Lisboa e no Porto (onde tocariam na noite seguinte) reforçou esse mesmo sentimento de inspiração. Também não se furtaram a falar por algumas ocasiões da guerra e do impacto da mesma, tendo sido essa a introdução para «Life Eternal» que, a par de «Anthem Of Valour», foi um dos momentos altos da noite. Arte de saber puxar pelo público e cativar, algo que fomentou também a recepção calorosa por parte do público e o ambiente festivo que se viveu em mais uma noite de metal underground no RCA Club.
FOTOS: Sónia Ferreira