HANK VON HELVETE

HANK VON HELVETE: Uma vida de excessos e rock’n’roll [15.06.1972 – 19.11.2021]

Dois anos e um dia após a sua trágica morte, o inimitável HANK VON HELVETE continua a ser uma figura icónica e incontornável — não só da cultura popular norueguesa, mas também da história do rock’n’roll.

Hank Von Helvete, o ex-vocalista dos punks noruegueses TURBONEGRO e mais tarde artista solo e actor, faleceu tragicamente aos 49 anos a 19 de Novembro de 2021. A família de Hank — cujo nome verdadeiro era Hans Erik Dyvik Husby — confirmou a morte no jornal norueguês Tvedestrandsposten, embora não tenha sido divulgado qualquer outro detalhe em relação ao sucedido. Os seus ex-colegas de banda prestaram-lhe uma sentida homenagem online, dizendo estarem “gratos pelos tempos, pelos momentos e também pela magia que partilhámos com o Hans-Erik nos Turbonegro.

Hank Erik Dyvik Husby nasceu a 15 de junho de 1972 e juntou-se aos TURBONEGRO em 1993, fazendo a sua estreia com a banda no álbum «Never Is Forever», editado no ano seguinte. Com a sua mistura de rock’n’roll niilista e atrevido, habilidade para os duplos sentidos (e, muitas vezes, para os singles muito orelhudos também), revelou-se o frontman perfeito para uma banda que misturava o macabro e o rude.

Muito se falou, particularmente, dos seus bigodes e jeans que, segundo os próprios, foi uma imagem pensada para torná-los a banda mais assustadora da Noruega, ainda mais do que os seus infames conterrâneos do black metal. O que pode assustar esses tipos que andam a queimar igrejas e a matar-se uns aos outros? Homens gays!, explicou o bom do HANK VON HELVETE.

Após o lançamento do excelente álbum «Apocalypse Dudes», de 1998, a banda entrou num hiato em 1999, com os crescentes problemas de Hank com drogas — principalmente com a heroína — a afectarem a capacidade de se apresentar ao vivo. Em 2003, após ir para uma clínica de reabilitação, o músico voltou para a casa onde tinha passado a sua infância e começou a trabalhar numa estação de rádio local, com os TURBONEGRO a reaparecerem em 2003 e o muito aplaudido «Scandinavian Leather».

Foi precisamente aí que começou um dos períodos mais proveitosos para o grupo, que se transformou num dos maiores nomes saídos da cena underground norueguesa. Com o culto dos fãs, a famosa Turbojugend, a crescer e a espalhar os seus tentáculos, os músicos atingiram altos níveis de sucesso em toda a Europa e nos Estados Unidos, uma posição reforçada pelos dois LPs seguintes, «Party Animals» e «Retox», de 2005 e 2007, respectivamente.

Como frontman carismático que tanto canalizava humor como vulnerabilidade, o Hans-Erik foi crucial para o apelo da banda, disseram os seus ex-companheiros ao lamentar a sua morte.

Infelizmente, HANK VON HELVETE acabaria por deixar a banda em 2010, mas antes disso lançou o single «Rom For Alle», que ficou no #1 da tabela de vendas norueguesa durante três semanas. Também em 2010, protagonizou um filme sueco intitulado ‘Cornelis’, sobre o cantor e compositor Cornelis Vreeswijk e, no ano seguinte, deu início a uma carreira a solo, que o viu lançar «I Declare: Treason» com o super grupo DOCTOR MIDNIGHT & THE MERCY CULT.

Em 2018, lançou o primeiro álbum solo, «Egomania», a que se seguiu «Dead», em 2020. “O Hank era um ser humano caloroso e tinha um grande coração“, pode ler-se no comunicado divulgado pelos seus ex-companheiros de banda. “Era uma pessoa que estava sempre à procura de coisas novas espiritualmente e intelectualmente, que adorava ter uma boa conversa com qualquer pessoa. Temos orgulho do que criamos juntos como irmãos do rock — a música, os personagens, todo o nosso universo.

O Hank Von Helvete continua a ser uma figura icónica na história do rock e da cultura popular norueguesa, e também deixou a sua marca indelével na comunidade internacional do rock’n’roll. Actor, romântico e animador — ao longo de sua vida, o Hank não deixou dúvidas de que tinha nascido para estar em palco, a adorar os holofotes e a atenção da sala.