GRETA VAN FLEET

GRETA VAN FLEET + BLACK HONEY + HANNAH WICKLUND @ Campo Pequeno | 06.12.2023 [reportagem]

Apesar das más línguas, na sua estreia em nome próprio por cá, os GRETA VAN FLEET actuaram perante uma plateia totalmente rendida e, dúvidas restassem, provaram ser uma verdadeira banda de rock.

Os GRETA VAN FLEET não são uma banda consensual no universo rock. Talvez devido à colagem aos Led Zeppelin, que faz com que a velha guarda não ache muita piada (ou originalidade) à banda dos irmãos Kiszka; ou, talvez, porque o sucesso que a banda tem alcançado seja considerado injusto relativamente à forma como outras bandas de true rock, seja lá o que isso queira dizer, são tratadas no mainstream. Seja como for, a verdade é que quem assistiu a este concerto no Campo Pequeno, em Lisboa, comprovou in loco que, pelo menos ao vivo, são uma verdadeira banda de rock.

Quando subiram ao palco, depois das actuações dos BLACK HONEY, de HANNAH WICKLUND e de uma longa introdução, os GRETA VAN FLEET foram recebidos por uma sala que já se encontrava totalmente cheia. O primeiro dos muitos disparos de pirotecnia ao longo da noite fez-se sentir com um estrondo – e o público, claro, foi ao rubro de imediato. Na fila da frente, havia muito gente nova, na sua esmagadora maioria raparigas, que iam delirando ao som de cada acorde da guitarra de Jacob, das linhas de baixo de Samuel e dos agudos impressionantes de Joshua.

Para além dessa explosão inicial, «The Falling Sky», o tema de abertura da actuação, teve direito ainda a muito fogo na parte final e, em temas como «Built By Nations» ou «Heat Above», a produção da banda não poupou no fogo usado, aquecendo ainda mais a temperatura dentro do Campo Pequeno.

É certo e sabido que os GRETA VAN FLEET gostam bastante de improvisar ao longo dos temas, e talvez abusem um pouco dessa abordagem, mas, muito à semelhança da sua maior fonte de inspiração, essa opção torna ainda mais vincado o carácter old school da músico que fazem – e, muito provavelmente, deve ser isso que deixa “em brasa” aqueles que pensavam que estes miúdos não seria capaz de singrar. Ajuda, claro, que Joshua tenha um alcance vocal absolutamente incrível, com agudos que penetram no ouvido e não deixam ninguém indiferente.

Além disso, o cantor falou bastante durante a actuação, estabeleceu desde logo uma ligação forte com a plateia e mostrou-se muitíssimo satisfeito com o facto de estarem a terminar a digressão de promoção a «Starcatcher» em Lisboa, perante uma sala cheia. Cliché? Talvez, mas faz tudo parte de um bom concerto de rock, assim como as várias mudanças de indumentária que se foram sucedendo ao longo da actuação.

No final de um breve set acústico, após o tema «Black Smoke Rising», Joshua esteve às cavalitas de um segurança e andou a distribuir rosas brancas pelos fãs da linha da frente e, claro, «Highway Tune» foi um dos momentos altos da noite, com toda a gente a bater palmas e um solo de bateria verdadeiramente impressionante cortesia de Danny Wagner. Samuel foi-se revezando entre o baixo e os teclados, quando assim era exigido.

Depois de mais pirotecnia e explosões capazes de fazerem os mais distraídos saltarem das cadeiras, os GRETA VAN FLEET despediram-se então com «Light My Love» e «Farewell For Now», e os dois temas fecharam com chave de ouro aquilo que foi um indubitável enorme concerto de rock.