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JUSTIN K. BROADRICK, dos GODFLESH, recorda o desafio “assustador” de remisturar os PANTERA

A perspectiva de remisturá-los tornou-se incrivelmente assustadora — foram as minhas primeiras remisturas a sério que fiz!“, recorda o influente estratega dos GODFLESH.

Não há volta a dar, os PANTERA, que passaram recentemente por Portugal, vão ser para todo o sempre identificados com o hino «Walk». Hoje em dia, o single de «Vulgar Display Of Power» é um clássico do metal, e sempre foi um grande tema — monstruoso o suficiente para ser lançado não só no LP de 1992, mas também numa série de EPs editados em 1993, que incluíam vários lados B ao vivo e umas quantas remisturas industriais (muito em voga nesses tempos).

Um desses EPs, intitulado «Walk Biomechanical», apresentava um par de remisturadas bem retorcidas de dois temas do icónico álbum de 1992, «Fucking Hostile» e «By Demons Be Driven», cortesia d e Justin K. Broadrick, o mentor e estratega dos britânicos GODFLESH, que tinham acabado de lançar o seu segundo álbum, o muito aplaudido «Pure». Numa entrevista com a Revolver~, o músico recordou a sua experiência ao tentar re-imaginar essas duas canções dos poderosos PANTERA.

Foi o tipo da editora dos Pantera no Reino Unido que fez o primeiro contacto“, recordou Broadrick numa tentativa de explicar a génese desta colaboração improvável. “As remisturas eram muito ‘modernas’ na época, e acho que a editora queria algo entre o industrial e o dançável ou o que quer que fosse popular naquela altura. Confesso que mal os tinha ouvido antes de me contactarem, mas sabia que eram uma banda de metal muito grande. Basicamente, enviaram-me um CD do «Vulgar Display Of Power», com notas sobre as duas músicas que gostariam que eu remisturasse.

Inicialmente achei que não ia gostar da música, mas descobri que, afinal, até gostava“, continuou ele. “A perspectiva de remisturá-los tornou-se incrivelmente assustadora — foram as minhas primeiras remisturas a sério que fiz! Portanto, estava pouco confiante em relação ao que podia fazer sendo eles uma banda assim tão grande, mas acabei por conseguir chegar lá, por assim dizer“.

Fiz o trabalho no meu estúdio, onde tenho gravado todos os meus projectos ao longo dos anos, mas ainda estava tudo num estágio muito primitivo e eu estava a aprender com os erros que cometia a cada minuto“, recorda Broadrick. “Além disso, naquela altura as remisturas eram algo mais duro de fazer. No início dos anos 90, sem o luxo do copy/paste e de trabalhar com arquivos, era um pesadelo. As coisas eram feitas em fita, bobina a bobina, e era difícil trabalhar assim. Lembro-me que experimentei quase todas as partes de cada tema que queria usar e, em seguida, usei métodos de corte simplistas para conseguir fazê-lo. Foi um trabalho muito duro.

Quanto à reacção por parte da banda, o músico recorda que falou e conheceu os músicos depois de um concerto na sua cidade natal, Birmingham. “Fui convidado pela editora, deram-me um passe VIP e tudo isso e… Foi um bocado estranho! Quando conheci a banda foram todos muito elogiosos e eram tipos fixes, mas, ao conhecê-los, fiquei com a nítida sensação de que o Phil Anselmo era o único fã dos Godflesh. Os outros apreciaram o que tinha feito com a música deles, mas só isso.