Depois de se terem juntado no Metalpoint no mês passado, os GLASYA e os SECRET CHORD fizeram o mesmo no RCA Club, em Lisboa, desta vez com os POWOW a abrir (no Porto tinham-se juntado aos LILITH’S REVENGE) numa noite temática Ladies Voices Night. Sendo que as duas primeiras bandas mencionadas já nos são sobejamente familiares, caberia aos POWOW surpreenderem, assim como também fazerem a devida abertura para aquela que foi uma óptima noite de música nacional. O entrar em palco silencioso e mergulhado na escuridão — a luz surgiu mesmo após a banda começar a tocar — fez com que as expectativas se tornassem ainda maiores. A sonoridade é mais virada para o campo do rock alternativo — algo que a vocalista Sara reforçou na primeira vez que se dirigiu ao público: “Boa noite, nós somos os Powow, não somos uma banda de metal, mas gostamos.” Ao que levou a uma resposta do fundo da sala: “Ainda vão a tempo!” Efectivamente, nunca é tarde para nada, mas a identidade própria da banda já é bastante interessante como tal. Um bom groove, principalmente a nível rítmico com a bateria e o baixo a serem os instrumentos que mais se destacam perante a suavidade das guitarras e dos ocasionais teclados. «Precious Intel» foi um dos temas que se evidenciou numa actuação que foi bem recebida, apesar da sonoridade desajustada em relação às duas bandas seguintes.
Os SECRET CHORD tiveram um início de actuação bem energético, totalmente voltado para o seu álbum de estreia, «Aurora», do ano passado. Aliás, o dito trabalho foi tocado praticamente na íntegra, e a forma como soou e como foi recebido também é testemunho não só da sua qualidade como da forma como estas músicas assumem vida própria quando transportadas para o palco. Mais intensa, com a componente sinfónica não tão presente (apenas graças a backing tracks) e o peso do metal a ser mais efectivo. Raquel não só tem uma poderosa voz como é bem comunicativa com o público, sabendo sempre a melhor maneira de puxar por ele. Destaque para a sequência «O Pastor» (cover de Madredeus) e «Empowerment», tema que em disco contou com os préstimos de Miguel Inglês dos EQUALEFT, e que aqui teve a presença de Martim Pinto, vocalista dos HÓRUS. Uma estreia memorável, portanto.
E memorável foi também o concerto dos GLASYA nesta primeira aparição no RCA CLUB após o lançamento de «Attarghan», o segundo álbum editado em Fevereiro. Foi precisamente esse trabalho que funcionou como grande centro da actuação, demonstrando bem a confiança que a banda tem no seu mais recente material. E há razões para justificar essa confiança. «From Enemy To Hero» foi o primeiro single retirado e do disco também o primeiro a ser tocado, e é um dos melhores temas do LP, sendo que também foi perfeito para começar uma actuação que se revelou cheia de garra. Também os GLASYA chamaram uma convidada ao palco, neste caso a Raquel, dos SECRET CHOR, que replicou a colaboração já efectivada no Porto para a interpretação de «First Taste Of Freedom». A recta final do espectáculo deu-se com temas do primeiro álbum, «Heaven’s Demise», sendo que o destaque vai quase todo para a emocional «Birth Of An Angel» — que Eduarda admitiu não tocarem há bastante tempo — e para o tema homónimo, que causa arrepios sempre que o ouvimos. O final viria depois da rendição do tema-título do já mencionado álbum de estreia com o público a demonstrar todo o apoio por aquele que é um dos expoentes máximos do metal sinfónico nacional.