Há músicos e Músicos. Depois há aqueles sem os quais muitos Músicos não teriam desenvolvido o seu estilo. GINGER BAKER, falecido hoje aos 80 anos, estava nesse patamar ocupado por escassos nomes. Poderá ter acedido à fama por ter começado cedo, quando ainda havia muito para inventar, dirão alguns, mas poderia ter sido apenas mais um dos muitos que não passaram para a memória dos anos 60. Nascido Peter Edward Baker, a 19 de Agosto de 1939, o baterista inglês ficou conhecido por ser fundador dos CREAM, banda percursora do rock pesado, sem a qual certamente não teriam existido uns LED ZEPPELIN ou BLACK SABBATH. Ao lado de Jack Bruce e Eric Clapton, criaram um dos primeiros super-grupos da história, definiram as bases do power trio e deixaram quatro excelentes discos, entre 1966 e 1969, ficando particularmente conhecidos pelo tema «Sunshine Of Your Love».
Voltaria a reunir-se a Clapton nos BLIND FAITH, mas seria a banda que levou o seu nome, GINGER BAKER’S AIR FORCE, que melhor iria reflectir o seu pensamento e grandiosidade como músico, permitindo-lhe fazer a fusão entre jazz, ritmos africanos e rock, muito antes do conceito de world music se tornar popular. Durante os anos 70, esteve em Africa a trabalhar com Fela Kuti. Mais tarde, já nos 80s, cooperou com nomes como GARY MMORE, MASTERS OF REALITY, PUBLIC IMAGE LTD, HAWKWIND, ATOMIC ROOSTER ou BILL LASWELL, mostrando a sua versatilidade e técnica. Para lá dos grupos em que participou, deixou ainda dúzia e meia de registos a solo, o último de 2014, «Why?» onde voltou ao jazz. GINGER BAKER faleceu hoje, aos 80 anos, e deixou um legado riquíssimo, em que soube quebrar barreiras e transcender o rock para lá do seu território.