Doom gótico com aroma a Verão decadente? Os norte-americanos FRAYLE encontraram a fórmula perfeita.
Enquanto o Verão avança a meio gás e as tardes douradas começam a ganhar um tom melancólico, os norte-americanos FRAYLE decidiram juntar-se ao coro dos corações sombrios com uma versão doom metal do clássico pop «Summertime Sadness» de LANA DEL REY. A canção, originalmente lançada em 2012 como parte do álbum «Born To Die», ganha agora nova vida envolta em reverberações distorcidas, guitarras arrastadas e vocalizações etéreas por parte da vocalista Gwyn Strang.
O single, o segundo de avanço para o novo álbum dos FRAYLE, mantém-se relativamente fiel à estrutura e à melodia da versão original, mas as diferenças são imediatamente audíveis. A introdução abandona os sintetizadores nostálgicos de Del Rey em favor de uma abordagem bastante mais sombria, com guitarras encharcadas de efeitos e uma atmosfera que evoca os TYPE O NEGATIVE em modo contemplativo. A própria interpretação vocal de Strang segue uma linha ainda mais lânguida e espectral do que a da sua antecessora — uma espécie de sussurro fantasmagórico que parece diluir-se no calor abafado de uma tarde de Agosto.
No entanto, a reinvenção não se limita à sonoridade. O vídeo-clip, lançado em simultâneo com o tema, e já disponível em cima, apresenta Gwyn Strang a vaguear por um campo aberto vestida com um vestido carmesim, em claro contraste com o “vestido preto” mencionado na letra original de Lana Del Rey. Há, no entanto, várias mudanças de guarda-roupa ao longo do clip, incluindo uma impressionante indumentária composta por um vestido negro com penas de corvo e uma coroa de espinhos — um símbolo visual que remete tanto para o martírio como para o empoderamento numa estética pós-romântica profundamente enraizada no universo doom.
“Nós sempre fomos fãs de composições com notas melancólicas, independentemente do género“, dizem os FRAYLE num comunicado. “Ouvir a «Summertime Sadness» pela primeira vez foi especial e, para nós, tudo pareceu encaixar perfeitamente, sem qualquer resistência, quando decidimos gravar esta canção. Esta foi a primeira mistura preliminar que recebemos do nosso produtor, e ele adicionou a pausa antes da respiração que antecede o primeiro refrão… Ao ouvi-la, soubemos que tínhamos criado algo especial.”
Convenhamos, a escolha de «Summertime Sadness» não surge do acaso: a canção tornou-se um hino da melancolia moderna, um retrato da tristeza sazonal envolta em glamour e sensualidade… Ao apropriar-se deste tema, os FRAYLE não só acentuam a decadência emocional já presente na gravação original, como a mergulham num abismo mais denso, transformando o lamento pop num mantra soturno e catártico, que não destoa em nada do registo a que a banda nos tem habituado.
Recorde-se que esta não é a primeira incursão da banda de Cleveland por territórios alheios. Os FRAYLE já nos habituaram a reinterpretações sombrias de temas de SOUNDGARDEN e BAUHAUS, sempre com uma identidade sonora muito vincada — feita de ambientes negros, camadas densas de distorção e uma estética que oscila entre o etéreo e o brutal. Mais recentemente, a banda lançou também o single original «Walking Wounded», que segue a mesma linha emocionalmente carregada e introspectiva, antecipando a chegada do muito ansiado «Heretics & Lullabies». O disco só vai ser lançado no dia 10 de Outubro pela Napalm Records, mas já podes pré-encomendar a tua cópia hoje mesmo.

01. Walking Wounded | 02. Summertime Sadness | 03. Boo | 04. Demons | 05. Souvenirs Of Your Betrayal | 06. Glass Blown Heart | 07. Hymn For The Living | 08. Run | 09. Heretic | 10. Only Just Once















