FRAYLE invocam o lado mais sombrio do amor e do medo em «Boo» [vídeo-clip]

O novo single dos FRAYLE antecipa a chegada do álbum «Heretics & Lullabies» com um toque de humor macabro — afinal, para alguns, todos os dias são Halloween.

O medo pode ser uma arte — e poucos o transformam em som como os FRAYLE. A banda de Cleveland, nos Estados Unidos, tem vindo a afirmar-se como um dos nomes mais distintos do doom metal moderno e revelou recentemente «Boo», um novo tema etéreo e devastador que serve de aperitivo para o muito aguardado álbum «Heretics & Lullabies», com edição marcada para a próxima sexta-feira, 10 de Outubro, via Napalm Records.

A canção chega acompanhada de mais um dos já característicos vídeo-clips da banda — uma produção visualmente exuberante e esteticamente macabra, que reforça o contraste entre a fragilidade e o peso, a beleza e o terror. Em «Boo», o colectivo liderado por Gwyn Strang e Sean Bilovecky volta a explorar as zonas mais nebulosas do som e da emoção, num cruzamento entre a densidade do doom, o misticismo do rock oculto e uma aura quase cinematográfica. Além disso, o tema conta com a participação especial de Jason Popson, vocalista conhecido pela sua versatilidade dentro da cena metal norte-americana.

“A «Boo» foi inspirada por um incidente na Alemanha, quando a Gwyn, ao caminhar sozinha por uma rua escura, assustou uma mulher que viajava com as suas companheiras. Ela gritou, e todo o grupo atravessou a rua. A canção é uma resposta bem-humorada a momentos como esse — porque, para alguns de nós, todos os dias são Halloween”, explicam os FRAYLE sobre a origem da faixa. Convenhamos, a anedota encapsula perfeitamente o espírito do projecto: uma celebração sombria da diferença e da estranheza, filtrada por uma sensibilidade artística que combina vulnerabilidade emocional com uma estética gótica e etérea.

Com «Heretics & Lullabies», os FRAYLE prometem levar o seu conceito a uma nova dimensão. Gravado pela própria banda e produzido, misturado e masterizado pelo reputado Aaron Chaparian (famoso pelo seu trabalho com os Bleeding Through e os Harms Way), o disco representa o ponto culminante de uma identidade sonora que equilibra peso e atmosfera com uma precisão quase ritualista. A voz encantadora de Gwyn Strang — simultaneamente frágil e ameaçadora — paira sobre as guitarras que oscilam entre a melancolia e a ruína.

O resultado é uma tapeçaria sonora que tanto seduz como sufoca, tornando «Heretics & Lullabies» um lançamento obrigatório para fãs de doom, post-metal e rock alternativo de contornos sombrios. Dúvidas restassem, o alinhamento do álbum reflete essa amplitude emocional: começa com «Walking Wounded», uma parede de som envolvente e hipnótica, e segue com uma surpreendente reinterpretação doom da melancólica «Summertime Sadness», de Lana Del Rey.

Mais à frente, temas como «Demons» e «Glass Blown Heart» mergulham em poesia macabra e melodias que não parecem deste mundo, enquanto «Souvenirs Of Your Betrayal» expõe as feridas da desilusão e «Run» intensifica a carga emocional até ao limite. A recta final do álbum inclui «Hymn For The Living» e «Heretic», duas canções que introduzem uma energia quase rock de arena no coração do seu universo espectral, antes de «Only Just Once» encerrar o novo disco dos FRAYLE com uma melodia hipnótica que parece ecoar infinitamente — como um último sussurro vindo das sombras.

Enquanto se preparam para embarcar numa digressão norte-americana ao lado dos DOGMA, os FRAYLE demonstram que o futuro do doom metal contemporâneo não está apenas nas guitarras ultra-lentas ou nas atmosferas densas — mas na capacidade de transformar o medo, o desejo e a solidão em arte que nos sufoca. «Heretics & Lullabies» chega esta sexta-feira, 10 de Outubro, pela Napalm Records, mas já podes pré-encomendar a tua cópia hoje mesmo. Para os que se atrevem a ouvir com o coração aberto, «Boo» é apenas um sussurro do que aí vem.