Já não era sem tempo, e Lisboa recebeu finalmente o fenómeno FRANK CARTER & THE RATTLESNAKES em nome próprio. O último álbum «Sticky» foi, sem dúvida, um dos melhores de 2021 no seu estilo, e após o crescimento explosivo um pouco por toda a parte, a expectativa era enorme para este regresso ao nosso país, depois de terem garantido “suporte” aos Biffy Clyro em 2017, no Coliseu dos Recreios. Os canadianos THE OBGMs foram convidados como banda de abertura e de suporte desta tour, e certamente surpreenderam pela positiva todas as almas presentes. O vocalista Densil McFarlane passou grande parte do concerto no meio do público, criando diferentes dinâmicas, e rapidamente toda a boa disposição e simpatia da banda conquistou os presentes. Posto isto, estava na altura de Frank Carter entrar em palco e, perante um público entusiástico, subiu para uma espécie de pódio que o acompanha e o aproxima do público nos concertos.
Em poucos momentos, Carter ergueu-sesobre a multidão como um pregador num púlpito, num chamamento às armas sobre abraçar estranhos na plateia e viver o momento. Para quem conhece bem a sua música, pode dizer-se que as possíveis previsões do que poderia acontecer não falharam, como o clássico moderno de moshpit dedicado apenas ao público feminino com respectiva dedicatória musical e discursos. Aliás, discursos curtos e momentos de boa disposição foram constantes, algo característico nas actuações desta gente. De resto, entrega e interacção directa com, e no meio, do público, por vezes mesmo com a própria multidão a abafá-lo, entre cânticos a voz do vocalista em temas como «I Hate You», «Devil In Me» e outros. Frank Carter recordou-nos acima de tudo que, por vezes, abrandar é viver mais. E entre esta e outras mensagens, permaneceu um rasto arrebatador na sala do LAV – Lisboa Ao Vivo. Provavelmente grande parte dos presentes poderá ter ficado seriamente a questionar-se se não terá testemunhado um dos grandes concertos dos últimos tempos.
FOTOS: Solange Bonifácio