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EUROPE: “A «The Final Countdown» já não nos pertence… É do público!” [entrevista]

Os EUROPE materializam um muito aguardado regresso a Lisboa para uma actuação no Rock In Rio LIsboa. Para saber o que esperar da actuação, estivemos à conversa com a banda sueca.

Formados em Estocolmo, na Suécia, em 1979, os EUROPE são, sem margem para dúvidas, uma das mais icónicas banda de rock de todos os tempos. Com uma sonoridade marcante que mistura blues, hard rock e heavy metal, o grupo alcançou um enorme sucesso internacional na década de 80 com o LP «The Final Countdown», lançado em 1986. Com músicas marcantes, letras cativantes e performances bem enérgicas, a formação inicial da banda – composta por Joey Tempest na voz , John Norum na guitarra, John Levén no baixo, Mic Michaeli nos teclados) e Ian Haugland na bateria – conquistou fãs ao redor do mundo.

No próximo dia 15 de Junho, o Parque Tejo abre portas para mais uma edição do Rock In Rio Lisboa com actuações dos SCORPIONS, EXTREME, EVANESCENCE, LIVING COLOUR, RIVAL SONS e EUROPE, entre outros. Para saber o que esperar do regresso da banda de «The Final Countdown» a Portugal, a LOUD! esteve à conversa com o teclista Mic Michaeli.

Vamos directos ao assunto; o que podemos esperar do espectáculo de regresso dos EUROPE a Lisboa?Nós vamos, definitivamente, tocar algumas canções antigas… Muitas canções dessas, claro. No entanto, também vamos apimentar as coisas com alguns temas dos nossos álbuns mais recentes. E, quem sabe?, talvez toquemos a «The Final Countdown».

Ia perguntar-te sobre isso mais à frente na entrevista, mas… Alguma vez se cansaram de tocar esse que é o single de maior sucesso dos EUROPE?
Bem, posso dizer que estou cansado… Ou melhor, posso dizer que estamos todos cansados de ouvir o tema nas rádios, em bares ou onde quer que seja. No entanto, tocá-la ao vivo é absolutamente fantástico, porque a «The Final Countdown» já não nos pertence. É uma canção que pertence ao público, à multidão, por isso é muito divertida de tocar e recebemos muita energia quando a tocamos. Portanto, respondendo de uma forma muito directa à tua questão: nunca nos cansamos de a tocar.

Durante a digressão europeia do ano passado tocaram sets bastante longos. No entanto, quando se trata de um festival, normalmente têm 60 – ou, na melhor das hipóteses, 90 – minutos para tocar. O público quer ouvir algumas canções, mas vocês devem querer tocar outras. É difícil escolher um alinhamento?
Por vezes, sim. E também é difícil porque cada elemento da banda tem uma ideia diferente das canções que devemos tocar. Há sempre muitas discussões, mas normalmente conseguimos chegar a um acordo. E há certas canções que tocamos mais ou menos sempre, mas às vezes é difícil porque queremos tocar muitas coisas. E, lá está, há sempre opiniões diferentes sobre as canções que devem ser incluídas.

«The Final Countdown» é, obviamente, a canção que deixa o público louco e que toda a gente conhece. Consegues apontar outro tema que te cause arrepios ou que percebes que, quando o tocam, o público reage da mesma forma?
Geralmente, a «Rock The Night» também funciona bem com o público… E, depois, há uma coisa estranha. [risos] Tocámos em alguns festivais de metal puro e duro, por isso, inicialmente, ponderámos se devíamos ou não tocar a «Carrie».

No final, acabámos por tocá-la, e vimos uns tipos com casacos de cabedal, com um ar muito macho, a chorar, com as lágrimas a correr pela cara e a cantar o tema em uníssono. Portanto, essa música também costuma resultar. Quanto ao meu gosto pessoal, se falarmos do material mais recente que fizemos, tenho de mencionar a «Walk The Earth». Acho que é uma boa canção.

Durante o ano passado os EUROPE lançaram um novo single, intitulado «Hold Your Head Up». Vão lançar mais singles novos? Talvez um álbum? Há algo que nos possas dizer sobre isso?
Sim, começámos finalmente a escrever canções a sério juntos outra vez e a trabalhar nisso, especialmente o Joey Tempest, o John Levin e eu. A ideia é escrevermos canções o mais que pudermos durante o Verão, mas temos muitos festivais agendados e este período pode não ser assim tão produtivo.

Seja como for, no Outono contamos terminar o processo para termos canções para um álbum e gravarmos no início do próximo ano, por isso talvez tenhamos algo para lançar antes do Verão de 2025. Esse é o nosso plano neste momento, mas nunca se sabe o que vai acontecer. [risos]

Musicalmente, achas que vão voltar ao glam dos 80s ou manter o mesmo estilo dos últimos álbuns, que têm sido, por assim dizer, bluesy, masainda rock?
Não acho que seja possível voltarmos totalmente às coisas que fazíamos nos anos de 1980. Isso não vai acontecer. No entanto, pode haver algumas coisas que se aproximem um pouco mais disso. Honestamente, neste momento ainda não sabemos qual a direção que este álbum vai tomar. É muito difícil dizer. Tudo depende das músicas que achamos boas. Se for uma grande canção, é uma grande canção. Vamos colocá-la no álbum.

Depois de tantos anos a fazer música, a dar espectáculos e a tocar em festivais, ainda há alguma coisa a fazer ou um sítio onde gostariam de tocar?
Estamos a chegar perto disso com este concerto no Rock In Rio, em Portugal. Embora não seja no Rio de Janeiro, desde os anos de 80 sempre quisemos tocar no Rock in Rio, mas nunca aconteceu. É verdade que não é no Brasil, mas está muito perto da nossa lista de desejos.

Neste momento estão a planear também uma tour europeia. Ainda faz sentido fazerem digressões extensas ou preferem fazer digressões curtas, centradas em determinados territórios?
Não nos importamos de fazer digressões longas, mas, sinceramente, temos um agente que nos sugere mais ou menos a digressão. E, se gostarmos, vamos em frente. Por exemplo, em Portugal só tocámos em festivais e eu adoraria ir aí para fazermos um concerto em nome próprio.

Quer dizer, se tocamos em Espanha, porque não tocamos também em Portugal? Infelizmente, as ofertas não apareceram. É um negócio que está fora do nossos controlo. Adoraria tocar em muitos países onde ainda não tocámos, e em muitos países onde não tocamos há muito tempo.