Ontem à noite, os DREAM THEATER recriaram um momento histórico no anfiteatro romano eternizado em «Live At Pompeii».
Na noite de 2 de julho, os DREAM THEATER prestaram uma homenagem histórica aos PINK FLOYD, interpretando a monumental «Echoes» na íntegra — e no mesmo local onde os britânicos a eternizaram há mais de cinco décadas. O cenário não podia ser mais simbólico: o Anfiteatro de Pompeia, em Itália, onde em 1971 os PINK FLOYD gravaram o mítico concerto sem público imortalizado no filme Live At Pompeii.
O gesto dos DREAM THEATER inscreve-se não só como “tributo”, mas também como uma poderosa afirmação de continuidade entre gerações de músicos que desafiam os limites do rock progressivo. O momento foi anunciado de forma discreta, mas emocional, por Mike Portnoy, baterista recentemente regressado à formação clássica dos DREAM THEATER.
Pouco depois do concerto, Portnoy partilhou uma fotografia do alinhamento da noite nas redes sociais, acompanhada de uma breve mensagem que deixava transparecer a dimensão pessoal da ocasião: “Tantas emoções esta noite… partilharei fotos e mais detalhes amanhã… mas queria deixar isto aqui por agora. Esta foi a setlist de hoje em Pompeia. Sim, é verdade: «Echoes» dos PINK FLOYD tocada na íntegra (todos os seus 25 minutos!) no mesmo chão sagrado onde os PINK FLOYD a tocaram há mais de 50 anos! Foi sem dúvida uma daquelas noites para recordar… uma noite que guardarei para sempre! Uau…”
Horas antes do concerto, o baterista dos DREAM THEATER já deixava antever a importância do evento. Numa publicação comovente, escreveu: “Durante a minha adolescência nos anos 80, eu venerava o filme Pink Floyd: Live At Pompeii. Gastei a minha cassete VHS… (e depois o meu Laserdisc, e depois o DVD e os Blu-rays… e, há apenas alguns meses, adicionei à coleção a versão restaurada e remixada recentemente lançada). Hoje risco da lista um dos maiores desejos da minha vida: tocar no mesmo chão sagrado onde os PINK FLOYD filmaram essa obra-prima psicadélica há mais de 50 anos… Esta noite vai ser ÉPICA e vou absorver cada momento!”
Interpretar a «Echoes» ao vivo é, por si só, um feito técnico e emocional. A canção ocupa o lado B inteiro do álbum «Meddle», lançado em 1971, e que marcou um ponto de viragem na carreira dos PINK FLOYD, apontando já para a ambição conceptual que culminaria em obras como «The Dark Side Of The Moon». No entanto, tocá-la em Pompeia acrescenta um simbolismo muito raro no mundo da música actual: é uma ponte temporal entre dois momentos-chave da história do rock progressivo, separados por mais de 50 anos, mas ligados por uma mesma busca de transcendência artística.
Para os DREAM THEATER, este concerto inscreve-se na digressão de apresentação de «Parasomnia», o 16.º álbum de estúdio da banda, editado em Fevereiro pela InsideOut Music. O LP marcou também o tão aguardado regresso de Mike Portnoy à formação do grupo, após uma ausência de quase década e meia desde «Black Clouds & Silver Linings», de 2009. Embora o repertório da noite tenha incluído uma série de temas recentes e clássicos da banda, a interpretação de «Echoes» destacou-se como um gesto raro — uma declaração de respeito, identidade e continuidade musical.
O concerto não foi apenas uma celebração do legado dos PINK FLOYD, mas também um momento de consagração para os DREAM THEATER. Ao subirem ao palco de Pompeia, não como meros visitantes, mas como legítimos herdeiros de uma tradição musical ousada e exploratória, os músicos reescreveram parte da sua própria história. E, ao fazê-lo, ofereceram ao público uma noite onde o passado e o presente se fundiram numa só experiência. E, como bem disse Mike Portnoy, foi um momento “para sempre“.