DEFTONES

DEFTONES: Em dia de aniversário, recordam o «Diamond Eyes» [entrevista exclusiva]

Em declarações exclusivas à LOUD!, Chino Moreno e Abe Cunningham partilham memórias do crucial sexto álbum dos DEFTONES, que foi editado originalmente a 4 de Maio de 2010.

Hoje, já mais de duas décadas depois, é inegável que o nu-metal foi responsável pelo regresso da música alternativa mais pesada ao zeitgeist mainstream pela primeira vez em muito tempo. No entanto, também não é segredo que a maioria das pessoas que assistiram à explosão da tendência parecem concordar que o estilo, ancorado na latente combinação de angústia superficial e arrogância forçada, acabou por não envelhecer tão bem quanto seria desejável.

Dúvidas restassem, basta olhar para a maioria dos grupos que, apesar de terem conseguido sobreviver à erosão dos anos, hoje só podem sonhar com o estatuto comercial de que gozaram outrora. Viajemos no tempo, duas décadas no passado, directamente de volta a 2000 — altura em que, em termos de música pesada fora do underground, o malfadado nu-metal dominava as preferências de uma geração apostada em usar roupa tão larga quanto possível e bonés de basebol vermelhos ao contrário.

Recordemos uma época em que as guitarras de afinação bem grave deixaram de ser um exclusivo apenas da música extrema, em que a raiva e a angústia do grunge se massificaram, como se “aquela” dor tivesse sido socialmente aceite como uma estranha forma de entretenimento. Após alguns anos de incubação, a nova coqueluche da música feita com guitarras começava a aproximar-se perigosamente do pico. Só em 2000, foram editados incontáveis álbuns seminais dessa época.

Os LIMP BIZKIT lançaram o seu «Chocolate Starfish And The Hotdog Flavored Water», os LINKIN PARK entraram em cena com o «Hybrid Theory», os DEFTONES surpreenderam com o «White Pony», os PAPA ROACH transformaram-se num fenómeno com o «Infest» e, verdade seja dita, até DISTURBED acabaram por provocar ondas com o «The Sickness». O nu-metal estava, definitivamente, em alta, mas não tardou muito a cair em desgraça.

Apenas uma década depois, desses, que continuavam (e continuam) todos no activo, apenas restavam já migalhas, com a maioria dessas bandas a servirem apenas um pálido reflexo do que fizeram quando esse movimento ainda estava no auge. A excepção à regra foram sempre os DEFTONES, que souberam como dar continuidade ao seu processo de evolução de uma forma exemplar com o incontornável «Diamond Eyes», que foi originalmente editado a 4 de Maio de 2010. 

Esse disco foi uma espécie de renascimento para os Deftones“, confessou Chino Moreno durante a última passagem dos DEFTONES. “Passámos por um mau bocado… Fizemos um outro disco, o «Eros», entre o «Saturday Night Wrist» e o «Diamond Eyes», mas não estava terminado quando o Chi teve o acidente e, por isso, não o quisemos terminar sem ele. A vibração estava, sem dúvida, muito diferente. Lembro-me de estarmos todos no estúdio e passarmos horas todos a jogar poker, dominó ou Risco, o jogo de tabuleiro. Acho que estávamos todos a redescobrir a amizade que nos une…

“Depois daquela época em que estávamos muito fragmentados, começámos por fim a sentir-nos mais unidos”, acrescentou o baterista Abe Cunningham, antes do vocalista e letrista dos DEFTONES retomar o seu raciocínio: “De repente, perdemos o Chi e foi um choque brutal. Foi uma experiência horrível, mas uniu-nos e o «Diamond Eyes» é reflexo disso. É o som da banda a reencontrar-se, de termos toda a gente a partilhar o mesmo estado de espírito e, acima de tudo, a vontade de continuarmos a fazer música todos juntos. Hoje, há quem diga que é o melhor álbum que fizemos desde o «White Pony» e, vendo bem as coisas, tendo a concordar.