DEEP PURPLE + UROCK @ Campo Pequeno, Lisboa | 06.11.22 [reportagem]

É sempre bom assistir a uma actuação de uma das melhores bandas de sempre e, com um Campo Pequeno completamente esgotado, ainda mais. Às 21:00 em ponto, já depois dos URock terem dadoboa conta do recado a aquecer uma vasta plateia, é projectado no ecrã uma foto da banda ao estilo Mount Rushmore ou, para os fãs mais acérrimos, ao estilo da capa do álbum «In Rock», de 1970. Já com Ian Paice atrás da bateria, Roger Glover no baixo, Simon McBride na guitarra e Don Airey nas teclas, iniciam-se então as hostilidades ao som de «Highway Star», possivelmente um dos melhores temas para abrir um concerto na história de todo o rock. A voz de Ian Gillan já não é o que era há muitos anos, mas o músico arranjou forma de cantar os temas sem comprometer e sem precisar de teleponto para se lembrar das letras. Seguiu-se «Pictures Of Home», tema também incluído no clássico «Machine Head»,de 1972, e que foi a base para o concerto, apesar de ainda ser uma data da digressão de promoção aos mais recente «Whoosh!». Por falar no mais recente disco dos britânicos, “despacharam” logo «No Need To Shout» e «Nothing At All», dois temas que encaixam bem no alinhamento, mas longe de serem memoráveis.

Antes de «Uncommon Man»,dedicado ao lendário e malogrado Jon Lord, Simon McBride – que é oficialmente o novo guitarrista da banda depois da saída de Steve Morse por motivos familiares – mostrou toda a sua técnica e talento num belo solo de guitarra. Durante o introdução de «Lazy», Don Airey teve direito a um copo de vinho servido numa bandeja, literalmente; sucedendo-se a sempre belíssima «When A Blind Man Cries». Em quase todos os temas, Gillan ia contando as histórias que serviram de inspiração às letras de certos temas, como foi o caso de «Anya», uma surpresa no alinhamento, e que está incluído no disco «The Battle Rages On» – o último disco a incluir a formação clássica dos DEEP PURPLE e que levou à saída na altura de Ritchie Blackmore a meio de uma digressão. Don Airey voltou a brilhar no seu solo de teclado – onde, mais uma vez, tocou um cheirinho de “Cheira bem, Cheira a Lisboa”, que levou grande parte da plateia ao rubro. Depois, provou-se que o clássico «Perfect Strangers» continua a arrepiar, como se fosse a primeira vez que ouvimos o tema. Antes do encore ainda houve espaço para «Space Truckin’» e, claro, para a clássica «Smoke On The Water», com o público todo a cantar o refrão como é habitual. Para o final, a banda reservou «Hush» e «Black Night». Nota final para o som perfeito que se ouviu através das colunas do Campo Pequeno, e também para uns DEEP PURPLE ainda prontos para as curvas com um Simon McBride completamente integrado na banda (as coreografias em sintonia com Roger Glover foram prova disso) e para um público bastante participativo.