Lisboa viveu uma noite bem pesada com o regresso dos DECAPITATED a Portugal, muito bem acompanhados por INCANTATION, NERVOSA e KASSOGATHA.
Com início marcado para as 18:45, a noite começou bem cedo, algo pouco habitual em terras lusas, mas o facto de termos quatro bandas no cartaz fez com que o concerto começasse cedo – e ainda bem. Os suíços KASSOGTHA regressaram a Portugal – após terem feito a “primeira parte” do concerto dos Avatar no ano passado – e apresentaram temas do mais recente «rEvolve».
A qualidade da banda tornou-se inequívoca desde cedo, mas percebeu-se também ainda há um caminho longo a percorrer já que as músicas têm alguma dificuldade em furar. A vocalista Stéphanie Huguenin lá se esforça a puxar pelo público e Dylan Watson mantém-se sempre sorridente por trás da bateria foram tocados quatro os temas do mais recente disco com destaque para «Drown» e «Venom», havendo ainda tempo para um tema novo, com o título «Rise».
Seguiram-se as brasileiras NERVOSA, que apresentaram o seu excelente álbum «Jailbreak». A banda liderada por Prika Amaral iniciou o concerto ao som de «Seed Of Death» do mais recente disco, logo seguido por «Death!». Houve uma pausa para surpreender a baterista Gabriela Abud,que fazia anos e teve direito a bolo e aos parabéns cantados pelo público e pelas restantes bandas que subiram ao palco.
Também houve alguns momentos em que o som parecia um pouco confuso e a voz de Prika destorcia um pouco, mas a agora vocalista e guitarrista da banda mostrou-se muito satisfeita por estar em Portugal, em poder falar português – com asneiras pelo meio, pois claro – e até colocou a bandeira portuguesa no tripé do seu microfone durante o tema «Jailbreak», explicando que a letra é sobre “ter orgulho do que somos, sem sermos obrigados a seguir os padrões impostos pela sociedade”. Foi, de resto, com as NERVOSA que começaram os primeiros crowd surfs e que se iriam intensificar com o passar das bandas. Para terminar, tocaram «Endless Ambition».
Já os veteranos INCANTATION dispensam apresentações, pelo menos para a velha guarda e para os acérrimos fãs de death metal. A banda de John McEntee já conta com mais de trinta anos de existência e treze discos de estúdio, incluindo o mais recente «Unholy Deification». O quarteto entrou em palco ao som de «Carrion Prophecy», do disco «Dirge Of Elysium» de 2014, e rapidamente começou a comoção no meio do público.
Optando por um alinhamento mais diversificado, os músicos percorreram um pouco de toda a sua carreira, recuperando pérolas como «Blasphemous Creamation», do clássico «Onward to Golgotha» de 1992, ou «Blissful Bloodshower» e «The Ibex Moon», de «Mortal Throne of Nazarene» de 1994. «Impending Diabolical Conquest» encerrou o concerto e uma lição de como se toca death metal tradicional.
Os polacos DECAPITATED, por seu lado, vieram a Portugal celebrar o seu segundo álbum, «Nihility», na altura muito aclamado pela crítica, principalmente pelo trabalho de bateria de “Vitek” e, no geral, pela qualidade de composição de uma banda de “miúdos”. A banda fez jus a esse excelente trabalho ao tocá-lo na íntegra, incluindo a versão de «Suffer The Children», dos Napalm Death. De resto, o concerto foi um constante voar de corpos pela barreira, fazendo suar (e de que maneira!) os dois seguranças que tentavam que os fãs não se magoassem nas quedas.
O vocalista “Rasta” Piotrowski esteve constantemente a puxar pelo público, pedindo circle pits e até foi cumprimentando alguns fãs que faziam crowd surfing. Resultado: foi um concerto intenso do início ao fim or parte dos DECAPITATED, com “Vogg” a ficar sem palavras para descrever o que presenciava numa segunda-feira à noite e a arranhar até algum português com o car***o da praxe a ser proferido para gáudio dos fãs.
Após prestada a devida homenagem ao «Nihility», o grupo tocou ainda alguns temas daquele que é o seu mais recente álbum, «Cancer Culture», com destaque para «Iconoclast» (que teve direito à voz pré-gravada de Robb Flynn, dos Machine Head). Antes do final ainda houve duas passagens por «Anticult», com «Never» e «Earth Scar». Para o encore, a banda perguntou se Lisboa queria mais um tema ao que o público retorquiu pedindo mais dois, mas tiveram só direito «Last Supper», que colocou um ponto final numa noite apoteótica e gloriosa para os DECAPITATED.