A ambição espacial de DAVE MUSTAINE, o líder dos MEGADETH, abre uma nova discussão sobre o futuro dos concertos e das digressões de peso.
Dave Mustaine volta a surpreender. Numa nova entrevista, o líder dos MEGADETH revelou que deseja que o derradeiro concerto da banda — quando a anunciada digressão de despedida chegar finalmente ao fim — aconteça… no espaço! A ideia, que parece saída de um filme de ficção científica, surge num momento em que o grupo prepara os detalhes de uma retirada gradual que o próprio músico estima poder durar ainda entre três a cinco anos.
Mustaine, que fundou os MEGADETH em 1983 após ter sido expulso dos METALLICA, não escondeu o seu entusiasmo por uma despedida literalmente fora deste mundo. “Espero que toquemos lá em cima, no espaço”, afirmou. “Acho que seria um clímax verdadeiramente adequado. E não estou a falar do lado de um ‘vomit comet’. Um concerto na Lua, uma aterragem lunar completa — isso é que seria incrível.”
A proposta ganha ainda mais peso quando se considera o recente interesse de várias figuras públicas em experiências de turismo espacial. Mustaine disse ter observado a ascensão de celebridades enviadas para lá de 100 km acima da Terra, como Katy Perry, William Shatner ou Richard Branson, concluindo: “Vi que enviaram um monte de celebridades para o espaço e pensei: ‘Bem, se eles vão, porque não vou eu?’. Estou só a ver como tudo isso evolui. Sei que o Elon Musk e o Richard Branson estão neste momento a trabalhar em viagens interestelares. Acho que as pessoas vão acabar por viajar para o espaço muito mais cedo do que imaginam.”
Questionado sobre se estaria a brincar, o músico manteve-se firme. “As pessoas já viajam bem acima dos 40.000 pés de altitude e, quando se chega a esse nível, está-se basicamente no espaço. Por isso, sim, acho que vai acontecer. A questão é: será que as pessoas vão conseguir habitar a Lua?”, disse à Metal Hammer.
As afirmações de Mustaine surgem num contexto em que voos espaciais suborbitais começam a tornar-se, se não comuns, pelo menos cada vez mais frequentes e mediáticos. No passado mês de Abril, Katy Perry juntou-se a Lauren Sánchez, Gayle King e outras três viajantes numa missão da Blue Origin, que regressou à Terra após um voo de onze minutos que ultrapassou a fronteira internacional do espaço. A cantora chegou mesmo a interpretar «What A Wonderful World» enquanto observava o planeta lá do alto.
Perry não está sozinha nas ambições celestes: Beyoncé, Lady Gaga, Justin Bieber e Lance Bass também manifestaram o desejo de serem pioneiros entre os artistas a ultrapassar a atmosfera terrestre. Este novo capítulo da corrida ao turismo espacial é disputado pelas empresas Blue Origin, SpaceX e Virgin Galactic, cada uma delas a tentar tornar viável — para quem possa pagar valores que variam entre as centenas de milhares e os milhões de dólares — a experiência de ver a Terra em gravidade reduzida.
Em 2021, a Blue Origin leiloou um assento no seu primeiro voo tripulado por 28 milhões de dólares, e William Shatner viajou gratuitamente como convidado da empresa. Por seu lado, a Virgin Galactic tem comercializado bilhetes entre 200.000 e 450.000 dólares, segundo a Associated Press. No meio de toda esta explosão de interesse público e privado, Dave Mustaine vê uma oportunidade singular para encerrar a história de uma das bandas mais influentes do thrash.
Em Agosto, ao anunciar oficialmente que os MEGADETH se preparam para a reforma definitiva — com direito a álbum final e digressão de despedida —, o músico explicou: “Tantos artistas chegam ao fim das suas carreiras de forma acidental ou intencional. A maioria não consegue sair em seus próprios termos, no topo. É aí que estou na minha vida agora.”
Apesar do clima de despedida, Mustaine deixou bem claro que a jornada até ao último concerto poderá demorar. O vocalista e guitarrista admitiu recentemente que a digressão poderá prolongar-se “por mais três a cinco anos”, o que dá margem para que a sua visão futurista possa tornar-se tecnicamente possível — sobretudo num mundo em que as empresas aeroespaciais parecem disputar quem leva mais longe o conceito de espetáculo.
Se o tal concerto lunar algum dia acontecer, seria o culminar de mais de quatro décadas de história iniciadas em 1985 com o lançamento do álbum de estreia, «Killing Is My Business… And Business Is Good!», e que influenciaram gerações inteiras de músicos e fãs. Para já, a ideia de Mustaine parece desafiar não só as limitações tecnológicas, mas também o próprio significado de palco, de público e de experiência musical.











