DARKTHRONE

DARKTHRONE: 30 anos de «Transilvanian Hunger»

Três décadas depois, um reflexo perfeito do inquestionável génio retorcido dos DARKTHRONE, a “banda mais odiada do mundo”.

De todas as bandas de black metal da segunda vaga a surgir na Noruega durante o início dos anos 90, só algumas alcançaram o mesmo status e reconhecimento internacional que os DARKTHRONE. Ao contrário da maioria dos seus pares, entre 1992 e 1994, o projecto liderado por Fenriz recusou-se a desviar da sua fórmula directa e selvagem, deixando para os outros a evolução do género em direcções mais ecléticas e os álbuns «A Blaze in the Northern Sky», «Under a Funeral Moon» e «Transilvanian Hunger» são hoje considerados clássicos incontornáveis do género.

Após adoptarem a designação DARKTHRONE em 1987, Fenriz, o vocalista/guitarrista Nocturno Culto, o guitarrista Zephyrous e o baixista Dag Nilsen tocavam death metal. Com base em Kolbotn, um subúrbio de Oslo, o grupo gravou quatro demos nos dois anos seguintes e, eventualmente, assina com a Peaceville Records, que lançou o «Soulside Journey», um petardo de death metal obscuro, em 1991. No entanto, a sonoridade explorada pelo quarteto era muito similar aos grupos suecos dominantes na época, e estava em clara oposição com a pequena, mas dedicada, comunidade underground que começava a consolidar-se ao redor da infame loja de discos Helvete, em Oslo.

Foi aí que foram plantadas as sementes para o chamado Inner Circle do black metal norueguês e que os elementos dos DARKTHRONE caíram sob o irresistível feitiço maligno do extremismo de Euronymous e, repentinamente, viraram as costas ao death metal para sempre. O que seguiu é, como se costuma dizer, história, com a Peaceville a ser apanhada totalmente desprevenida pela violência inexplicavelmente crua de «A Blaze In The Northern Sky» e «Under a Funeral Moon», de 1992 e 1993, respectivamente.

Originalmente editado a 17 de Fevereiro de 1994, «Transilvanian Hunger», o quarto LP da mais influente e respeitada das bandas norueguesas de black metal, foi lançado há precisamente trinta anos. O sucessor do também muito influente «Under A Funeral Moon», que tinha sido lançado apenas um ano antes, foi produzido pela própria banda nos estúdios Necrohell — que, na verdade, não eram mais que um simples e rudimentar gravador de quatro pistas instalado no quarto de Fenriz, o baterista, liricista e mentor dos DARKTHRONE.

Na altura ninguém podia ter previsto o que viria a seguir, mas hoje sabemos que foi com esta gravação — a primeira registada exclusivamente pela dupla que ainda hoje mantém o grupo vivo — que Fenriz e o companheiro Nocturno Culto concluíram a infame “trindade profana” que, durante as décadas seguintes, acabaria por influenciar tudo, ou quase, o que se fez no espectro do black metal mais cru e cortante.

Estranhamente, o «Transilvanian Hunger» acaba por ser, marginalmente, o mais acessível dos discos editados pelos DARKTHRONE nesta primeira fase, porque combina a produção um pouco mais carnuda (embora ainda intencionalmente primitiva) do «A Blaze In The Northern Sky» com a composição concisa do «Under A Funeral Moon». Em suma, um reflexo perfeito do inquestionável génio retorcido da “banda mais odiada do mundo”.