Uma noite de death metal puro e duro, encabeçada pelos lendários CRYPTOPSY e ATHEIST.
Uma das salas mais lendárias de Dublin recebeu na passada terça-feira, 19 de Março, uma noite de death metal puro e duro. Os norte-americanos 72 LEGIONS são uma banda cuja formação inclui o guitarrista Curran Murphy, que conta no currículo com passagens pelos NEVERMORE e ANNIHILATOR. Formados apenas em 2022, praticam um death metal melódico com raízes bem tradicionais e têm só um álbum no fundo de catálogo, sendo que «What A God Could Be» acabou por ser obviamente o foco dos músicos durante os cerca de trinta minutos que a banda estiveram em palco.
Seguiram-se os veteranos ALMOST DEAD,liderados pelo sempre muito carismático Tony Rolandelli e com a novidade «Destruction Is All We Know» a servir de mote ao alinhamento que começou com «Warheads In The Sky», logo seguida por uma brutal «Commandments Of Coercion». Tony é um vocalista muito expressivo e físico, e não se coibiu de ir para junto do público cantar, andar no pit ou até mesmo deitar-se no chão junto do público durante «Selfish Suicide». Para esta digressão, para além de Rolandelli e do guitarrista Zach Weed, a banda conta com Travis LaBerge no baixo e Scotty McRib na bateria. Os ALMOST DEAD encerraram o concerto ao som de «Where Sinners Cry».
Para surpresa de alguns, os ATHEIST subiram ao palco antes dos CRYPTOPSY e ninguém estava totalmente preparado para a descarga de death metal progressivo da banda liderada por Kelly Shaefer. O mote para esta digressão eam os três primeiros discos, os lendários «Piece Of Time», «Unquestionable Presence» e «Elements». Além da base death metal progressiva, uma das características do som da banda são os elementos de jazz e as estranhas assinaturas de tempo que fazem a mente pensar que raio se está a passar em palco.
Pois bem, o resultado revelou-se obviamente sublime e, apesar de Kelly gostar de estar às escuras em palco, esteve muito bem acompanhado pelo baterista Steve Flynn, pelos guitarristas Alex Haddad e Jerry Wintusky – que também acompanha Shaefer nos Till The Dirt – e ainda pelo baixista Yoav Ruiz-Feingold, que não para quieto um segundo que seja em palco.
A actuação começou com «No Truth», e Shaefer a pedir de imediato para desligarem as luzes. «Mineral» e «On They Slay» foram os dois temas que se seguiram e, apesar do espaço em palco não ser muito, não faltou movimento, principalmente por parte de Yoav e também de Jerry, que estava em constante e bem furioso headbang. A espaços, parecia mesmo que a sua guitarra poderia saltar para o meio do público a qualquer momento.
Os temas dos três primeiros discos iam-se alternando para gáudio do público presente e do próprio Kelly Shaefer, que não conseguia parar de sorrir e de cumprimentar os seus músicos pelo excelente trabalho que estavam a fazer. «Unholy War» acabou por ser um dos momentos altos e os ATHEIST fecharam sua prestação com «Unquestionable Presence», «Mother Man» e «Piece Of Time», num final absolutamente apoteótico.
Durante o dia, a LOUD! esteve à conversa, em pleno Temple Bar, com Matt McGachy, o vocalista dos CRYPTOPSY, que traçou um plano ambicioso para os próximos dez anos da banda com intenção de tentar maximizar a carreira do baterista Flo Mounier, que está prestes a completar 50 anos. Sendo os planos imediatos, além das digressões já confirmadas, o lançamento de um novo disco até final de 2025. Apesar do mais recente «As Gomorrah Burns» ter sido editado no ano passado, foi curioso notar que a maioria do alinhamento desta noite foi retirado do clássico «None So Vile». Verdade seja dita, na plateia, ninguém se queixou.
Assim que soam as primeiras notas de «In Abeyance», o pit começou logo a ficar descontrolado e a situação foi agravando (no melhor dos sentidos) com «Graves Of The Fathers» e «Lascivious Undivine». A intensidade e precisão de Mounier são incríveis e isso tornou-se notório quando os CRYPTOPSY dispararam mais duas descargas de «None So Vile», com os temas «Crown Of Horns» e «Slit Your Guts».
Para ajudar à “festa”, quando não está a cantar, o vocalista Matt McGachy mantém-se num constante headbanging com o seu longo cabelo e vai pedindo (como se fosse mesmo necessário) ainda mais acção no pit. Após uma viagem aos dois EPs «The Book Of Suffering», com «Detritus (The One They Kept)» e «Sire of Sin», os CRYPTOPSY tocaram um medley dos melhores temas de «Blasphemy Made Flesh» e, para a recta final, reservaram«Flayed The Swine», do mais recente disco, logo seguido por «Phobophile» e «Orgiastic Disembowlment», que encerra o clássico «None So Vile». Um ponto final perfeito, numa noite de brutalidade extrema.