cradle of filth

CRADLE OF FILTH @ MILAGRE METALEIRO OPEN AIR | 27.08.2023 [reportagem]

Ao terceiro dia, o MILAGRE METALEIRO OPEN AIR chegou ao fim com uma arrebatadora actuação dos lendários CRADLE OF FILTH.

Com o dia inaugural encabeçado pelos nacionais MOONSPELL e o Sábado, 26 de Agosto, com os suecos DARK TRANQUILLITY como grande atracção, o último dia do Milagre Metaleiro Open Air trazia por fim a Pindelo dos Milagres o nome mais antecipado de todo o cartaz: CRADLE OF FILTH. Se, durante o dia, se notou que a afluência aos palcos era ligeiramente menor, a verdade é que, quando chegou a hora dos britânicos actuarem, vimos um mar de fãs a concentrarem-se frente ao palco.

Como resultado, criou-se ali uma plateia ávida pela actuação de uma das bandas mais marcantes do black metal saído da década de 90 — e, pela qual, os fãs portugueses têm um especial carinho. Dúvidas restassem, isso notou-se na forma como o sexteto foi recebido, com cinco longos anos de ausência a ajudarem também ao entusiasmo generalizado.

De resto, seria difícil conter a antecipação quando a introdução «Humana Inspired To Nightmare» se fez ouvir através das colunas do sistema de som. Lembrança imediata de um dos álbuns mais queridos pelos fãs, «Dusk And Her Embrace», que se tornou ainda mais tangível com a entrada da banda em palco para atacar logo com a «Heaven Torn Asunder» que arrepiou, não só pelo seu peso nostálgico, mas também (e acima de tudo) pela interpretação muito “” — leia-se, exactamente no ponto.

Tal como MOONSPELL e DARK TRANQUILLITY, os CRADLE OF FILTH têm uma longa carreira e, apesar dos seus primeiros registos serem vistos como intocáveis e eleitos como preferidos em detrimento de tudo o que venha depois, a banda de Dani Filth nunca deixou de ter orgulho em todas as diferentes fases do seu percurso e as escolhas do alinhamento reflectiram isso mesmo.

Esta digressão por festivais europeus consistiu em actuações de uma hora, o que fez com que a escolha dos temas a tocar acabasse por espelhar um espectro mais alargado da sua discografia, mas ainda assim ficaram muitos clássicos (e álbuns) de fora. Tendo em conta que, por esta altura, a banda já conta com treze álbuns no currículo — e com alguns EPs e álbuns ao vivo à mistura –, o mais certo é que nem duas horas fossem suficientes para albergar todos os momentos desejados pelos fãs mais acérrimos.

Apesar disso, a escolha de alinhamento foi bastante fluída graças a uma conjugação muito harmoniosa de diferentes momentos da carreira dos CRADLE OF FILTH, com uma «Gilded Cunt» a anteceder a uma «Cruelty Brought Thee Orchids», cuja introdução é uma das mais marcantes de todo o álbum de onde foi incluída originalmente, o «Cruelty And The Beast».

Ou a mais recente «She Is The Fire» (um dos dois temas novos incluídos no mais recente álbum ao vivo «Trouble And Their Double Lives»), antes da «The Principle Of Evil Made Flesh», tema-título do álbum de estreia do grupo, que serviu para o Sr. Dani Filth partilhar memórias do mítico concerto de 1994 e agradecer todo o apoio que os fãs nacionais têm dado à banda desde então.

A boa disposição do frontman foi, de resto, uma constante, assim como a vontade de puxar sempre pelo público, algo que até nem seria necessário tendo em conta a receptividade com que os temas iam sendo recebidos um atrás do outro. Volume bem alto, mas sem perder definição — pelo menos no sítio onde o escriba se encontrava –, foi a garantia necessária para que temas mais recentes («Crawling King Chaos», do ainda último álbum «Existence Is Futile»), inesperados («Born In A Burial Gown») e expectáveis («Her Ghost In The Fog» e «From The Cradle To Enslave») pusessem a plateia em êxtase.

Claro que, no final, não faltou a ninguém vontade de ver e ouvir ainda mais, mas não há como negar que o concerto, apesar de curto, serviu perfeitamente para matar as saudades, com os fãs presentes — e até o grupo — visivelmente satisfeito. Portanto, ficou no ar a ideia de que a dose tem de ser repetida em breve.

Terminada a actuação dos CRADLE OF FILTH, a música prosseguiu neste que foi o último dia do Milagre Metaleiro Open Air, numa edição que elevou sobremaneira a fasquia para tudo o que se siga por estas paragens. Das restantes actuações deste dia, falaremos numa reportagem mais detalhada, a publicar em breve no sítio do costume.

Fotos: Sónia Ferreira