CONVERGE

CONVERGE resgatam temas esquecidos há décadas no festival SADDEST DAY 2025 [vídeo]

Para ver na íntegra! Com um alinhamento excepcionalmente longo, os CONVERGE transformaram o seu próprio festival num exercício de memória e celebração da sua história.

A noite de 13 de Dezembro ficou marcada como um momento especial na trajectória dos CONVERGE. No Roadrunner, em Boston, a banda liderada por Jacob Bannon protagonizou a actuação principal do Saddest Day 2025 — festival organizado pelo próprio grupo — com um alinhamento que surpreendeu até os fãs mais atentos. Num concerto com 23 temas, os CONVERGE optaram por olhar sobretudo para trás, recuperando canções que não eram tocadas ao vivo há uma, duas e até quase três décadas.

Apesar de ter um novo álbum finalmente no horizonte, com edição prevista para o dia 13 de Fevereiro, o quarteto decidiu adiar a apresentação de material inédito e centrar-se num mergulho profundo na sua discografia. O resultado foi um alinhamento marcado por escolhas inesperadas e por um claro respeito pela sua própria história, culminando, como não poderia deixar de ser, com «The Saddest Day», o tema originalmente lançado em 1996 e que deu nome ao festival.

Ao longo do concerto, os CONVERGE recuperaram faixas que há muito tinham desaparecido dos palcos. «Towing Jehovah» foi tocada ao vivo pela primeira vez desde 2004, enquanto a «Conduit» regressou ao alinhamento pela primeira vez desde 2008. Ainda mais longa era a ausência de «Lonewolves», que não era interpretada desde 2011, reforçando o carácter excepcional desta atuação. Também a clássica «My Unsaid Everything» voltou a soar pela primeira vez desde 2012, ao passo que «Black Cloud» regressou ao alinhamento após uma ausência de cinco anos, tendo sido tocada pela última vez em 2019.

Este olhar retrospetivo não se limitou às raridades. O alinhamento percorreu diferentes fases da carreira dos CONVERGE, cruzando temas mais recentes como «All We Love We Leave Behind» ou «Dark Horse» com uma série de clássicos absolutos do seu fundo de catálogo, como «Concubine», «The Broken Vow» e «Heaven In Her Arms». A fluidez entre épocas distintas ajudou a sublinhar a coerência artística de uma banda que, ao longo de mais de três décadas, sempre resistiu a fórmulas fáceis ou concessões estilísticas.

Um dos momentos mais intensos da noite surgiu durante «Axe To Fall», quando membros dos FULL OF HELL subiram ao palco para se juntarem aos CONVERGE, reforçando também o carácter colaborativo e comunitário que tem marcado o percurso da banda. A presença dos músicos convidados acrescentou a camada extra de agressividade colossal a um tema já de si brutal, num dos pontos altos do concerto.

Para além do significado simbólico de recuperar temas raramente tocados, este concerto serviu também como afirmação do estatuto dos CONVERGE enquanto uma das bandas mais influentes e respeitadas do hardcore e do metal extremo contemporâneo. Ao recusarem centrar-se exclusivamente no que é o futuro imediato, e ao privilegiarem um diálogo com o passado, os CONVERGE demonstraram muito bem que a sua relevância não depende de ciclos promocionais, mas sim de uma obra muito sólida, desafiante e, para além disso, profundamente coerente.