Há cerca de 20 anos que estes canadianos estão na linha da frente no que ao hardcore melódico diz respeito — e, se houvesse um livro de regras acerca disso, acreditem que os rapazes tinham algo a dizer. «Heavy Steps» é já o sétimo longa duração de uma carreira forjada na estrada, sendo seguro afirmar que esse é o habitat natural da banda. A capacidade de escrever canções, que mais se assemelham a verdadeiros hinos, tem sido aprimorada com o passar dos anos, tendo atingido por esta altura aquele ponto de rebuçado a roçar a perfeição. Os COMEBACK KID não têm medo de ser melódicos, mas também não se acanham quando têm de ser pesados ou rápidos. Aqui, o resultado final é conquistado com naturalidade e uma fluidez que não está ao alcance de muitos. Se há algo que se pode associar à banda é a popularização dos “coros” gigantes nas malhas, onde parece estar uma multidão ali dentro do estúdio com a banda, algo que é facilmente transposto para o caos dos concertos ao vivo. Não nos interpretem mal… isto é excelente para ouvir em disco, mas a energia e pujança ao vivo triplica e as canções ganham uma dimensão ainda mais épica.
O groove, aqui, é uma constante, atingido com a ajuda de um som de bateria grandioso e da (acreditem ou não) ausência de bombos nas partes mais a meio-tempo. Pensem naquilo que os METALLICA e AC/DC nos ensinaram e na máxima do “less is more”. Seria muito fácil encher estas partes com pedal duplo e breakdowns, mas muito provavelmente perdia-se o groove. Ouçam o início da «Dead On The Fence» e vão entender. O tema-título e de abertura tem uma guitarra melódica no refrão capaz de provocar um sorriso de tão simples e eficaz que é; em «No Easy Way Out» basta um par de audições para se começar a cantar o refrão e em «Crossed» (que conta com o Joe Duplantier dos GOJIRA) tem um flow cavalgante que termina numa mosh part épica. «Standstill» também deixa a sua marca com o refrão mais catchy do disco. Ao longo da sua já extensa carreira, os COMEBACK KID já tiveram várias fases, mas acabam por escrever as melhores canções quando decidem enveredar por caminhos mais melódicos. Não querendo fazer futurologia, «Heavy Steps» coloca a fasquia bem alta no que toca a melhores discos para 2022. [8.5]