Neste projecto da LOUD! há umas propostas mais activas e outras menos activas. São diversos os estilos abordados. Há grupos mais conhecidos e outros menos conhecidos. A ideia parte sempre de explorar propostas recentes, ou ressurgidas, com potencial para crescerem no seu campo. Uns já se internacionalizaram, outros caminham para aí. Outros ainda, reformulam-se e estão na borda de se lançarem. Neste último grupo encaixa como uma luva os AURA, uma das mais interessantes apostas do underground a norte de Portugal, embora sem ainda nunca ter atingido a expressão necessária. Logo para começar, são de Guimarães, berço de incontáveis bandas na viragem de século, hoje com tudo mais esbatido, mas ainda com nomes e músicos com algo a dizer.
Os AURA assentam num duo, formado por César Elias, vocalista, que fez parte de projectos como TUMULUM, FROZEN CRUELTY, KOLTUM ou INTHYFLESH, e Mitó Ribeiro, baixo, que tem no currículo os THE FALL OF MAN. A associação do dois “nasceu de infindáveis conversas sobre influências e criações embrionárias”, explica César. O início fez-se na “sala de estar com uma bateria eletrónica de cem euros e um amplificador de guitarra de 50W” — segundo o músico, isso decretou o “ambiente de ensaio”. Assumindo que o estilo em que se “poderá engavetar Aura”, não era “muito popular pela zona”, criou-se a necessidade de procurar “um baterista à altura”, encontrado no Pedro Ferreira, com quem estiveram o tempo suficiente para fazerem a estreia ao vivo.
O experimentalismo, num estilo já por si, extremo, o black metal, levou a que o grupo entrasse numa permanente mutação de elementos, permanecendo apenas o núcleo duro. Com a entrada de João Ribeiro, dos KOLTUM, FROZEN CRUELTY e HUMANART, a formação consolidou e gravou o EP «Hamartia», que passou despercebido a muita gente. Apesar disso, o título teve edição pela norte-americana Realm And Ritual e pela nacional Larvae, o que lhes valeu algumas datas em Portugal, com relevo para a abertura dos concertos dos PRIMORDIAL, bem como algumas datasem Espanha. Reduzido novamente a duo, o projecto passou por uma fase intermitente.
Num grupo que soube transgredir fronteiras estilísticas e assumir novas vagas musicais, o mais radical terá sido recolocarem-se para Braga, cidade rival do berço em que se formaram. “Ao contrário do que muitos possam pensar, Aura é uma banda bracarense”, afirma César, “foi aqui que tudo começou e a grande maioria dos membros actuais é de Braga”. O músico justifica, enigmaticamente, a mudança; “sermos uma banda vimaranense, está fora de questão, a mais que não seja pelo simples facto de que Guimarães é uma má mãe, mas uma excelente madrasta.” Hoje contam já com uma formação sólida de novo e preparam-se, não só para oferecer novos temas, mas também para regressarem aos palcos — reforçados com elementos dos CAPELA MORTUÁRIA; o guitarrista César Costa, a baixista Maria e o baterista Adriano Freitas. A banda já tem um álbum concebido e anunciado, estando “neste momento a ser suado”. A apresentação da nova formação, com os OAK, foi cancelada pela presente pandemia.