Com lançamento agendado para 20 de Fevereiro de 2026, «Before We All Die» marca o regresso dos CLAWFINGER aos álbuns de estúdio, num registo onde o protesto, a raiva e o humor negro voltam a colidir com riffs cortantes e rimas sem filtros.
Dezoito anos depois de «Life Will Kill You», os suecos CLAWFINGER preparam-se para lançar um novo álbum de estúdio. Intitulado «Before We All Die», o disco tem data de edição marcada para o dia 20 de Fevereiro de 2026, através da editora Perception (uma subsidiária da Reigning Phoenix Music), e promete manter intacta a fórmula que fez da banda uma referência do rap-metal europeu: riffs agressivos, letras politizadas e uma frontalidade desarmante.
“Isto não é sobre encontrar paz”, avisa o vocalista Zak Tell. “É sobre dizer a verdade — mesmo quando é feia. Sobretudo quando é feia.” Está fácil de ver que a postura não mudou, mas a urgência talvez se tenha acentuado. Com temas que vão desde o colapso ambiental à hipocrisia política, da alienação pessoal à negação colectiva, «Before We All Die» é descrito pela própria banda como “parte protesto, parte terapia e parte dedo do meio”. Não há lugar para diplomacias, nem para soluções fáceis. “Estamos a gritar porque o silêncio é rendição”, explicam os CLAWFINGER.
Como forma de antecipar este muito aguardado regresso às edições, o grupo revelou recentemente um terceiro single do disco, «Big Brother». Após quase duas décadas de silêncio discográfico, o grupo sueco regressa com a mesma acidez, frontalidade e agressão sonora que acabaram por torná-lo uma referência incontornável no híbrido rap/metal, mas agora com uma urgência renovada, moldada por tempos que parecem ter finalmente apanhado a banda.
A nova faixa surge acompanhada por um vídeo-clip feito de cortes abruptos e imagética paranoide, reforçando a tensão industrial que domina o tema. Como podes comprovar em cima, «Big Brother» mostra os CLAWFINGER a recusarem qualquer tentativa de suavização ou actualização forçada: em vez disso, os músicos intensificam os elementos que sempre os definiram, desde as guitarras mecanizadas e granuladas até ao fraseado incisivo de Zak Tell, que soa simultaneamente exasperado e irónico, oscilando entre o rap cuspido e um veneno quase spoken word.
Recorde-se que este lançamento sucede aos muito bem-sucedidos singles «Scum» e «Ball & Chain», que rapidamente acumularam milhares de streams e reacções nas plataformas digitais. Esses dois primeiros avanços funcionaram como um teste aos níveis de expectativa em torno do regresso do grupo — teste esse que acabou por se revelar um rastilho.
O interesse reacendido tornou-se ainda mais evidente quando uma interpretação ao vivo de «Biggest & Best» se tornou viral no Instagram, enquanto um vídeo descontraído de Zak Tell a cantar «The Truth» em karaoke começou a circular entre fãs antigos e recém-chegados. A verdade é que os CLAWFINGER estão a ser descobertos por uma geração que não os acompanhou em tempo real, mas isso só vem sublinhar a longevidade e pertinência da sua linguagem musical.
Fiel ao ADN que os destacou nos anos 90, «Ball & Chain» junta riffs incisivos, grooves musculados e a frontalidade lírica de Zak Tell, numa reflexão que combina crítica social e confissão pessoal. A canção aborda temas de identidade, mudança e a eterna procura por significado num mundo caótico. É, nas palavras do próprio vocalista, uma tentativa de ir ao cerne das dúvidas existenciais que atravessam todos os indivíduos.
“Isto é a minha tentativa de ser profundo, as minhas reflexões emocionais e a minha luta pessoal, a procura por algum tipo de significado, a batalha de identidade em curso e a dúvida existencial”, diz Zak Tell sobre o novo single. “É sobre tentar perceber o mundo e o meu lugar nele. É sobre atravessar mudanças, olhar para ti próprio e tentar descobrir qual é o sentido de tudo isto.” No entanto, a honestidade do discurso não se fica por aí.
Para o frontman dos CLAWFINGER, a música é também um desabafo contra a futilidade da preocupação com a opinião alheia: “Todos passamos por experiências boas e más e elas moldam-nos e ajudam-nos a seguir em frente. A vida, no geral, é um jogo estúpido para caralho, por isso é curioso quanto tempo desperdiçamos a preocupar-nos com o que os outros pensam e com coisas que não podemos mudar de qualquer forma. Não existe tal coisa como agradar a toda a gente, por isso foca-te em tentar ser feliz e o resto virá por acréscimo.”
Para os mais distraídos, há umas semanas, os CLAWFINGER já tinham “libertado” o primeiro avanço do álbum, «Scum», que serviu como cartão de visita sonoro e ideológico a um registo sem papas na língua: uma crítica directa e sem panos quentes à liderança de Donald Trump, recheada de sarcasmo e raiva pura. O vídeo-clip, realizado por Rune Foss, acompanha a violência lírica e estética de uma faixa que a voz dos CLAWFINGER descreve como “um hino punk rap cru, barulhento e brutalmente honesto que vai directo à garganta”.
“É sobre aquele tipo de homem egoísta, sexista, cheio de si e que, de alguma forma, continua a falar”, disse o cantor quando o tema foi lançado. “Se alguma vez quiseste cuspir na cara de alguém, mas não tens força suficiente ou permissão social, esta canção é para ti.” Produzido por Jocke Skog nos estúdios Sunmountain Facilities e masterizado por Jens Bogren nos Fascination Street, «Scum» aponta o caminho para um disco que, segundo as indicações, se manterá fiel à tradição contestatária dos CLAWFINGER — uma banda que nunca teve medo de se posicionar politicamente, nem de incomodar.
Formados em Estocolmo no início da década de 1990, os suecos CLAWFINGER emergiram como uma das primeiras bandas europeias a fundir o rap com o metal, numa altura em que o estilo ainda se encontrava em construção. O álbum de estreia «Deaf Dumb Blind», de 1993, foi um sucesso inesperado, vendendo mais de 600 mil cópias em todo o mundo — mais de 250 mil só na Alemanha — e arrecadando até um prémio Grammis na categoria de hard rock/metal. A crítica e o público reagiram ao impacto de temas crus e engajados como «Nigger», um manifesto contra o racismo que causou polémica, mas que definiu desde logo o posicionamento político da banda.
Seguiram-se discos como «Use Your Brain» «A Whole Lot of Nothing», «Zeros & Heroes» e «Hate Yourself With Style», sempre com o mesmo compromisso com a frontalidade lírica e uma sonoridade fortemente dominada por guitarras densas e batidas secas. Ao todo, os CLAWFINGER já venderam mais de 1,5 milhões de discos mundialmente e partilharam palcos com nomes tão aplaudidos como ALICE IN CHAINS, MEGADETH e FAITH NO MORE, além de presenças marcantes em festivais de renome.
Após um período de silêncio e pausa criativa que se prolongou de 2009 a 2014, os CLAWFINGER deram um passo decisivo quando regressaram aos palcos e às gravações, lançando alguns singles esporádicos como «Save Our Souls», em 2017, e «Environmental Patients», em 2022. Em 2025, assinaram contrato com a Perception e anunciaram a chegada iminente de um novo disco — agora finalmente concretizado.
À semelhança dos seus primeiros álbuns, «Before We All Die» não pretende agradar a todos nem tão-pouco ser interpretado como um gesto de reconciliação. Se há algo que os CLAWFINGER continuam a recusar, é a ideia de suavizar o discurso em nome da conveniência. Com o mundo a enfrentar diversas crises simultâneas — ambientais, políticas e sociais —, a banda afirma que o novo álbum é tanto uma catarse pessoal como um grito colectivo contra a indiferença.
«Before We All Die» estará disponível em formato físico e digital a partir de 20 de Fevereiro de 2026. Até lá, «Scum» já pode ser escutado nas principais plataformas de streaming — um prenúncio furioso de um álbum que promete abalar consciências tanto quanto colunas.
















