CELTIC FROST

CELTIC FROST: 38 anos de «To Mega Therion»

A 27 de Outubro de 1985, o «To Mega Therion» mostrou uns CELTIC FROST mais ambiciosos e mais magnânimos que nunca até então.

Originalmente editado a 27 de Outubro de 1985 pela Noise Records, o álbum de estreia da aplaudida banda então formada por Tom G. Warrior (creditado pomposamente nas liner notes com voz, guitarra, efeitos, co-produção e engenharia de som), Dominic Steiner no baixo e Reed St. Mark na bateria e na percussão foi lançado há exactamente 38 anos. 

O sucessor dos muito promissores EPs «Morbid Tales» e «Emperor’s Return», lançados em 1984 e 1985, respectivamente, foi gravado entre os 14 e 28 de Setembro de 1995 no insuspeito Casablanca Studio, em Berlim, na Alemanha. Co-produzido por Warrior em parceria com Horst Müller e Karl Walterbachelos, o «To Mega Therion» (expressão grega para denominar A Grande Besta) representou um importante ponto de viragem na carreira dos CELTIC FROST sendo que, curiosamente, foi também o primeiro disco que gravaram sem o baixista Martin Eric Ain.

Apesar de não ter participado nas gravações e de ser creditado apenas em «Dawn Of Megiddo» e «Necromantical Screams», o malogrado Ain [RIP | 2017], que voltaria à banda logo no ano seguinte, para a gravação de «Tragic Serenades», acaba por estar muito presente, sendo que a sua visão arrojada foi uma peça fulcral na identidade que a banda tinha desenvolvido até ali.

Depois do arranque primitivo com os HELLHAMMER, agora no activo como TRIUMPH OF DEATH ao vivo e até com novo disco ao vivo a lançar em breve, e das primeiras edições dos CELTIC FROST que, apesar de terem sido cruciais para o desenhar de todo black/thrash/death que se tem feito nas últimas décadas, mostraram desde logo que os músicos suíços queriam ir muito além de uma definição fácil.

A bombástica «Innocence And Wrath» dá início ao «To Mega Therion» na nota certa — sopros Wagnerianos, bateria estrondosa e um lento movimento em direcção ao apocalipse. Com uma icónica pintura de HR Giger na capa e a dose certa de dramatismo, nunca o fim do mundo parecia ter soado tão próximo. E é disso mesmo que se trata ao longo destes dez temas: estamos, todos, num universo sombrio e selvagem, com os rugidos inconfundíveis de Tom G. Warrior, intercalados com lamentos arrepiantes, a dominarem os procedimentos.

Uma simples «The Usurper», por si só, já vale o preço de admissão, tal é a demonstração incrível do talento desta gente para lidar com a força bruta e uma reserva de riffs inesperadamente memoráveis.

No «To Mega Therion», à semelhança do próprio título, tudo soa grande, alto e a deuses pagãos a invocarem a morte — a primordial «Circle Of The Tyrants», a perfeitamente intitulada «Dawn Of Megiddo», a sombria «Tears In A Prophet’s Dream» e, no final, a hiperdramática «Necromantical Screams».

O «To Mega Therion» mostrou os CELTIC FROST mais ambiciosos e mais magnânimos que nunca até então, naquilo que, soubemos dois anos depois, seria um abrir, ou terá sido um escancarar?, de portas para a atitude mais elaborada e épica que dominaria o sucessor «Into The Pandemonium».