Encabeçada pelos CATTLE DECAPITATION, esta foi uma noite absolutamente brutal e orgástica para os fãs de metal extremo.
«Terrasite», o décimo álbum da carreira dos CATTLE DECAPITATION, foi editado a 12 de Maio do ano passado com o selo da já habitual Metal Blade Records e tem servido de mote a digressões por esse mundo fora, com a banda norte-americana a concretizar agora mais um regresso ao Velho Continente. Antes das portas abrirem, com mais de 750 bilhetes vendidos, já se sabia que este ia ser o maior concerto da banda norte-americana na Ilha Esmeralda – e não deixa de ser impressionante que uma proposta de metal tão extremo consiga alcançar este nível de popularidade num país com pouco mais de 5 milhões de habitantes.
Os VOMIT FORTH foram a primeira banda a subir ao palco e a actuação começou logo com o vocalista Kane Gelaznik a dirigir-se ao público. Aparentemente, enquanto estava na banca de merch, alguém fez um comentário racista e o músico fez questão de avisar que não tolera esse tipo de comportamento, explicando que, se alguém não respeitasse pessoas diferentes, era favor saírem da sala. Durante os poucos mais de 25 minutos que esteve em palco, Kane parecia estar à procura dessa pessoa no público constantemente, tal não era a intensidade no seu olhar.
Seguiu-se uma curta, mas excelente, actuação dos 200 STAB WOUNDS, que ainda andam a promover «Slave To The Scalpel», o seu disco de estreia editado em 2021, Cuspiram um death metal pesadão com uns toques de thrash à SLAYER aqui e ali. A banda começou ao som do seu mais recente single, intitulado «Masters Of Morbidity», e depois o foco foi todo para o disco de estreia. Afirmaram-se, sem sombra de dúvida, como uma banda a rever.
Os SIGNS OF THE SWARM, por seu lado, são já uma certeza com o seu deathcore absolutamente brutal e o chão da sala estremeceu do início ao fim do concerto com a intensidade dos norte-americanos, o que levou o público a ondas constantes de slam e headbanging. Com o mais recente «Amongst The Low & Empty» a servir de base à actuação, foi ao som de «Pernicious», de 2020, que deram início à actuação, logo seguido pela novidade «Pray For Death».
A partir desse momento começou o trabalho intenso para a segurança, não sendo fácil manter o mosh pit controlado. «Nameless»,do álbum «Absolvere», e o tema-título do mais recente disco foram fazendo corpos voar pelo meio do público. «Between Fire & Stone» e «Tower Of Torsos» foram outros dois bons momentos deste concerto, que terminou ao som de «Shackles Like Talons».
Por esta altura, os CATTLE DECAPITATION já dispensam apresentações. A banda está na estrada a promover «Terrasite», um dos melhores discos editados em 2023, e foi logo com «Terrasitic Adaptation» e «We Eat Our Young» que deram início à sua sublime descarga de brutalidade. Durante a hora e quinze minutos que se seguiram, aquilo a que assistimos foi, efectivamente, a uma lição de como fazer algum do melhor death metal da actualidade.
De seguida, os músicos foram até ao álbum «Monolith Of Inhumanity», de 2012, retirar «Dead Set On Suicide» e, neste ponto, já se tinha tornado muito óbvio que o vocalista Travis Ryan consegue sacar sons indescritíveis às suas cordas vocais. Muito bem acompanhado pelo baterista Dave McGraw, que toca com a precisão de um relógio suíço, pelos guitarristas Josh Elmore e Belisario Dimuzio e pelo baixista Olivier Pinard,em modo de constante headbanging, Ryan tratou de comandar os procedimentos com uma convicção inabalável. «Pacific Grim» e «Kingdom of Tyrants» fecharam com chave de ouro um concerto absolutamente brutal e orgástico para os fãs de metal extremo.