Uma viagem profunda ao coração do doom sueco, com imagens inéditas, reencontros improváveis e o possível adeus dos lendários CANDLEMASS.
9 Lives Of Doom – The Story Of Candlemass é o título do documentário que irá contar, de forma inédita, os quarenta anos de história de uma das bandas mais influentes do doom: os suecos CANDLEMASS. Com realização de Yasin Hillborg, a obra conta com Jonas Åkerlund — cineasta premiado e ex-baterista dos BATHORY — no papel de produtor executivo. Este muito aguardado projecto, que está a ser financiado através de uma campanha de Kickstarter recentemente lançada, promete uma narrativa tão épica quanto a música que definiu a carreira da banda.
Formados em 1984 nos arredores de Estocolmo, os CANDLEMASS criaram um sonm que se tornou sinónimo de doom metal: arrastado, pesado, melancólico e teatral. A sua estreia, «Epicus Doomicus Metallicus», de 1986, foi inicialmente ignorada, mas acabou por tornar-se um marco incontornável do género. A entrada de Messiah Marcolin, um vocalista de voz operática e presença de palco quase litúrgica, levou a banda a um novo patamar. Discos como «Nightfall», «Ancient Dreams» e «Tales Of Creation» moldaram toda uma geração de fãs e músicos.
Mas a história dos CANDLEMASS sempre foi marcada por tanto génio criativo como tensão interna. Várias separações e reconciliações pontuaram o seu percurso, com diferentes vocalistas a assumir o microfone e com Leif Edling, baixista e compositor principal, a manter-se como o verdadeiro coração do grupo. Em 2018, a formação voltou a surpreender com o regresso de Johan Längqvist, a voz original do primeiro álbum, agora como membro permanente.
O documentário 9 Lives Of Doom não será, no entanto, apenas uma cronologia dos álbuns e mudanças de formação. Segundo o realizador, o filme pretende explorar os dilemas humanos que atravessaram quatro décadas de música: o peso da criatividade, as dificuldades das relações, a persistência da visão artística num género que muitas vezes é associado à juventude e à virilidade.
Um dos momentos-chave da narrativa será o reencontro entre os CANDLEMASS e o enigmático Messiah Marcolin, que se irá juntar à banda para um concerto único no festival Rock Hard, em Atenas, como parte das celebrações do 40.º aniversário. Será a primeira vez que dividem o palco em mais de duas décadas — e o documentário irá acompanhar de perto este momento de alta tensão emocional.
No entanto, há mais razões para considerar este projecto como definitivo: o guitarrista Mats Björkman descobriu recentemente uma caixa de velhos vídeos em formato analógico, com cerca de 50 horas de imagens nunca vistas. Estes arquivos, juntamente com entrevistas a músicos e amigos da banda, irão oferecer uma perspectiva única e íntima da vida dentro dos CANDLEMASS, desde os tempos em que ensaiavam nos subúrbios de Upplands Väsby até aos palcos internacionais.
O próprio Jonas Åkerlund tem uma ligação profundamente pessoal à história. Nos anos 80, foi roadie de bateria e motorista da banda durante a sua primeira digressão sueca, e, além de ter realizado o primeiro video-clip dos CANDLEMASS, «Bewitched», em 1987 — um clássico instantâneo que se tornaria também ponto de partida numa carreira que o levaria a colaborar com nomes tão aplaudidos como METALLICA, RAMMSTEIN, MADONNA e THE PRODIGY.
Por sua vez, o realizador Yasin Hillborg mantém uma relação de fã com os CANDLEMASS desde 1987, quando os ouviu pela primeira vez na rádio. O fascínio intensificou-se ao vê-los ao vivo em 1988, numa digressão em que abriram para os SLAYER. “Cada acorde que tocavam parecia uma parede de som colossal”, recorda. Os CANDLEMASS já tinham sido abordados na sua longa-metragem documental «Så Jävla Metal», estreada em 2011, sobre o heavy metal sueco — agora, terão um filme só para si.
O documentário irá abordar também o futuro da banda. Após o concerto comemorativo na Grécia, os CANDLEMASS devem entrar em estúdio para gravar aquele que poderá ser o seu último álbum. Ainda sem título conhecido, este poderá representar a conclusão de um percurso singular, que influenciou nomes como OPETH, GHOST e PARADISE LOST e que até levou Tony Iommi, dos BLACK SABBATH, a colaborar com a banda no disco «The Door To Doom», de 2019.















