Declarações contraditórias lançam sombras sobre o cancelamento da ‘The Poisoned Ascendancy Tour’, que juntou os BULLET FOR MY VALENTINE e TRIVIUM durante a primeira metade deste ano.

A muito aguardada digressão mundial conjunta entre BULLET FOR MY VALENTINE e TRIVIUM, que celebrava os 20 anos dos álbuns de estreia das duas bandas — «The Poison» e «Ascendancy», respectivamente — terminou de forma abrupta e envolta em tensão. Com apenas algumas datas restantes nos Estados Unidos, o cancelamento inesperado das etapas planeadas para a América Latina, Japão e Austrália deixou fãs de todo o mundo desapontados e à procura de respostas.

Agora, declarações públicas por parte de ambas as bandas revelam que a situação está longe de ser pacífica. Inicialmente anunciada como uma celebração global de dois marcos do metal moderno, a The Poison Ascendancy Tour prometia concertos especiais com a execução integral dos dois álbuns icónicos. A digressão passou com sucesso pelo Reino Unido, Europa (incluindo Lisboa) e América do Norte, mas os planos para o resto do mundo foram subitamente abandonados na última semana— e os motivos do cancelamento acabaram por vir a público de forma pouco diplomática.

Primeiro, Paolo Gregoletto, baixista e vocalista dos TRIVIUM, dirigiu-se aos fãs num livestream, tratando de apontar directamente o dedo ao vocalista e guitarrista dos BULLET FOR MY VALENTINE, Matt Tuck: “O Matt Tuck não quis continuar, depois de já termos tudo planeado, depois de termos tudo em andamento — não sei porquê. Acho que teria sido incrível. Acho que o «The Poison» é um óptimo álbum.”

A acusação directa apanhou muitos de surpresa, mas não tardou a resposta da banda galesa. Numa publicação no Instagram, os BULLET FOR MY VALENTINE emitiram um comunicado oficial em que evitam o confronto direto, preferindo justificar o cancelamento com a necessidade de concentrar energias no futuro criativo do grupo:

“À medida que nos aproximamos dos últimos concertos da ‘The Poisoned Ascendancy Tour’, queremos agradecer a todos os que se juntaram a nós nesta celebração. Os concertos têm sido fenomenais e adorámos conectar-nos com cada um de vocês. […] Dito isto, sentimos que é o momento certo para nos dedicarmos totalmente ao próximo capítulo dos Bullet For My Valentine. Mal podemos esperar para voltar ao estúdio neste verão e terminar aquilo que prometemos ser o nosso melhor álbum até à data.”

A banda confirmou ainda que já está a planear as digressões de 2026 e 2027, prometendo uma nova fase intensa de actividade. No entanto, para os fãs que esperavam ver a digressão em países que agora foram descartados, o anúncio sabe a muito pouco. A publicação termina com agradecimentos e promessas de novidades em breve, mas sem qualquer menção ao comentário de Paolo Gregoletto, nem sequer uma explicação mais concreta para a decisão de encerrar a tour antes do previsto.

O tom cordial da declaração dos BULLET FOR MY VALENTINE contrasta com a franqueza desconcertada do baixista dos TRIVIUM, o que deixou muitos fãs a especular sobre desentendimentos internos ou divergências de prioridades entre as bandas. A ausência de uma explicação mais transparente agrava a frustração daqueles que já tinham adquirido bilhetes ou alimentavam expectativas em países fora da rota inicial.

Seja qual for o verdadeiro motivo do cancelamento, a súbita ruptura deixa uma nódoa numa colaboração que parecia destinada a ser histórica. O que começou como uma celebração nostálgica de dois álbuns essenciais do metal dos anos 2000 termina agora de forma fria, envolta em silêncio e desilusão.