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BRATAKUS na primeira parte do regresso dos THE HIVES a Lisboa

Rápidas, furiosas e cheias de raiva, as BRATAKUS são duas irmãs das Terras Altas da Escócia que tocam punk rock ‘n’ roll politicamente carregado.

Na sequência de actuações totalmente incendiárias em festivais de Verão, THE HIVES anunciaram há uns dias o regresso à estrada em nome próprio, para uma digressão em ambientes mais intimistas, que passa pelo Cineteatro Capitólio, em Lisboa, a 6 de Outubro. Sabemos agora que não vêm sozinhos e, consigo, vão trazer as BRATAKUS, dupla de irmãs das Terras Altas da Escócia que tocam um rock’n’roll injectado de punk politicamente carregado — e que, literalmente, não fazem prisioneiros.

Percebe-se por quê. Estamos a viver na era dos filhos bastardos da “cultura masculina tóxica” e, como um regresso aos 70s, os sinais de sexismo são cada vez mais comuns e temos assistido a ataques sistémicos a serviços largamente utilizados pelas mulheres. A desigualdade salarial é abundante e tem havido um aumento visível da misoginia. Feitas as contas, o mundo nunca precisou tanto de um regresso das riot grrrls e as BRATAKUS estão aí para tratar disso.

Vindas do norte da Escócia, a dupla é formada por Breagha na guitarra e voz e Onnagh no baixo, a que se junta uma bateria electrónica demolidora a ditar o ritmo raivoso e frenético que adoptaram desde os primeiros passos. Musicalmente, invocam espírito do punk hardcore inicial na linha de uns Minor Threat, Black Flag, Reagan Youth ou Born Against – rápido, raivoso e cru, portanto. Vindos de uma vila remota, consta que trouxeram muita energia nova e positiva à cena e levam muito a sério as suas crenças, falam a sério quando cantam e são muito activas, tanto no que toca a gravações como a actuações ao vivo.

Apesar de terem passado mais de uma década sem lançar um novo longa-duração de estúdio, os lendários THE HIVES não estiveram propriamente em hiato criativo e, quem temesse que caíssem no velho cliché das digressões passadas a revisitar apenas as glórias passadas, pode ficar tranquilo. A 11 de Agosto último, os inimitáveis roqueiros oriundos de Fagersta editaram finalmente o seu muito aguardado sexto álbum e, como seria de esperar, os riffs rock’n’roll voltaram a ouvir-se em alto e bom som.

Como o título macabro «The Death Of Randy Fitzsimmons» sugere, a ausência prolongada dos THE HIVES dos estúdios não foi um hiato, mas sim uma história de terror. A banda admite agora que não vê nem fala com o seu fundador, mentor e compositor, o misterioso Randy Fitzsimmons, desde a edição de «Lex Hives», em 2012. Após a recente descoberta de um obituário e de um poema enigmático no jornal local da cidade de Vastmanland, de onde são originários, os membros da banda foram conduzidos à lápide de Fitzsimmons.

Ao cavarem o solo recém-mexido, não encontraram um corpo, mas sim várias gravações, fatos completos e um pedaço de papel com a frase “The Death Of Randy Fitzsimmons” escrita como se fosse um título. Resta saber se tudo isto foi uma farsa ou uma estratégia por parte de Fitzsimmons; até porque, convenientemente, as gravações descobertas incluíam as demos que se transformariam nas doze canções da novidade «The Death Of Randy Fitzsimmons».

Nos vinte e cinco anos desde que explodiram em todo o mundo, os THE HIVES lotaram estádios e dividiram palcos com inúmeras bandas de renome, dos AC/DC aos Rolling Stones. A SPIN já disse que são “a melhor banda ao vivo do planeta” e que Howlin’ Pelle é “o maior vocalista do rock”, e a BBC apelidou-os como “uma força da natureza”. A Rolling Stone nomeou «Veni Vidi Vicious» como um dos 100 melhores álbuns da década e o single «Hate To Say I Told You So» ganhou um lugar de destaque na lista das 500 melhores canções dos anos 2000 elaborada pela Pitchfork.

A provar que são um caso de sucesso estratosférico, acumularam vendas de milhões de álbuns um pouco por todo o mundo, com múltiplas certificações de ouro. Desde «Lex Hives», o grupo lançou os singles «I’m Alive» e «Good Samaritan», em 2019, bem como um álbum ao vivo pela Third Man Records, e embarcou numa série de digressões globais. Editado no início de Agosto de 2023, «The Death Of Randy Fitzsimmons» marca um verdadeiro renascimento para estes brilhantes músicos suecos.

Os bilhetes para o concerto custam 30€, já à venda nos locais habituais.