Em antecipação à passagem pelo VAGOS METAL FEST, fomos ver os BLIND GUARDIAN a Dublin, na Irlanda, e vivemos uma noite perfeita – assistindo, quiçá, a um dos concertos do ano!
Com a sala esgotada há algumas semanas, o regresso dos BLIND GUARDIAN a Dublin era muito aguardado pelos fãs que, como habitualmente, se foram juntando à porta de entrada da sala ainda faltava algum tempo para as portas abrirem. Antes ainda do concerto, a LOUD! esteve à conversa com o guitarrista André Olbrich – numa entrevista que poderão ler na íntegra muito brevemente – e o músico revelou que a banda está a trabalhar num projecto secreto e que, no próximo ano, vão começar a pensar em temas para um futuro disco da banda, mas… Foquemo-nos naquilo que aconteceu nesta noite surpreendentemente amena de Dublin.
Convidados para assegurarem o “suporte” destas datas na Irlanda e Reino Unido, os também germânicos THE NIGHT ETERNAL são uma das melhores novas bandas da actualidade – caso tenham dúvidas, basta conferirem os discos «Moonlit Cross» e «Fatale», sendo que isso bastará para perceberem porque dizemos isto. Nesta noite, a actuação ficou dividida em quatro temas de cada um desses álbuns, com a banda a entrar em palco ao som de «Between The Worlds», do registo de estreia.
Verdade seja dita, os THE NIGHT ETERNAL têm uma aura especial, e que é um pouco difícil de definir, mas uma comparação com o melhor que os Tribulation fazem é capaz de funcionar como um bom começo. Além disso, há uma melanconlia agarrada às melodias das guitarras e à voz característica de Ricardo Baum, que, em certos momentos, faz lembrar Phil Lynott,dos Thin Lizzy.
Seguiu-se a excelente «In Tartarus»,do mais recente «Fatale» e, depois, uma dupla viagem ao primeiro LP com «Deadly As A Scythe» e «Shadow’s Servants». Já o tema «Prince Of Darkness» é daqueles que facilmente fica na cabeça, e foi logo sucedido por «Elysion (Take Me Over)», «Stars Guide My Way» (facilmente um dos clássicos da banda, com um ritmo galopante e contagiante que a ninguém fica indiferente) e, para terminar em grande uma actuação exemplar por parte de uma banda que temos de seguir bem de perto, o tema-título do disco de estreia.
Os BLIND GUARDIAN dispensam apresentações, mas o mais surpreendente desta noite, foi a forma como se apresentaram em palco. Com uma coesão impressionante, com um reportório que não é o mais fácil de replicar ao vivo, mas com a ajuda do teclista Kenneth Berger e do baixista Johan Van Stratum, a banda de Hansi Kursh, André Oblrich, Marcus Siepen e Frederik Ehmke conseguiu levar o barco a bom porto nas quase duas horas que esteve em palco.
Foi, de resto, com o clássico «Imaginations From The Other Side» que os BLIND GUARDIAN iniciaram a noite e cedo se percebeu que esta ia ser uma noite especial. Primeiro; o som estava absolutamente perfeito; segundo, tivemos um público a cantar (quase) todas as músicas; terceiro, como já referido, a banda mostrou-se em topo de forma.
Logo no final do primeiro tema, Hansi referiu que não é fácil encontrar um público que cante tanto ou mais do que ele, conseguindo retirar muitos risos e sorrisos da plateia que esgotava a sala. Foi um início promissor, disse Hansi, e foi sempre a melhorar com «Blood Of The Elves», do mais recente «The God Machine»,que é o propósito desta digressão dos BLIND GUARDIAN, a ser muitíssimo bem recebido. «Nightfall» inspirou novamente cânticos por parte do público, com o vocalista da banda bem disposto e bastante agradado com o que via à sua frente.
Seguiu-se «Script For My Requiem» e, antes de «Violent Shadows», Hansi perguntou a um fã encostado à barreira se sabia a letra do tema. O fã respondeu-lhe, mas Hansi ripostou com um sucinto “não percebo a tua língua”, levando a uma risada geral do público – na Irlanda há, efectivamente, sotaques difíceis de perceber, o que deve ter sido o caso. Já «Skalds And Shadows» é um digno sucessor do clássico «The Bard’s Song (In The Forest)» e, quando André e Marcus agarraram nas guitarras acústicas, muitos foram os fãs que começaram a gritar por esse tema, com Hansi a dizer que ainda era cedo para isso.
«Skalds And Shadows» é, segundo o cantor, um dos melhores temas que escreveram e que os próprios BLIND GUARDIAN têm negligenciado, sendo que merece mais amor e atenção – por parte do grupo, assim como dos fãs. Acabou por ser, sem dúvida, um dos grandes momentos desta noite. «Secrets Of The American Gods» afirmou-se como o grande épico que é, logo seguido então pela muito aguardada «The Bard’s Song (In The Forest)», cantada a plenos pulmões pelos fãs irlandeses.
Numa noite de desafios, como dizia o muito falador Hansi, os músicos ainda tiraram da cartola «Majesty», perante o delírio da plateia, e «Lost In The Twilight Hall» encerrou a primeira parte do concerto. Seguiu-se então o encore, com direito a quatro canções. Primeiro «Sacred Worlds», o único tema retirado do disco «At The Edge Of Time», e as já clássicas «Time Stand Still (At The Iron Hill)», «Valhalla» e, claro, «Mirror Mirror», uma vez mais com a plateia toda a cantar o tema.