A 27 de Novembro de 2000, Nergal e os seus BEHEMOTH deram mais um passo definitivo, numa carreira sempre em crescendo.
Oiginalmente editado no dia 27 de Novembro de 2000 pela Avantgarde Music na Europa e através do conglomerado Olympic/Century Media nos Estados Unidos, o quinto álbum de estúdio dos BEHEMOTH, na altura com uma formação composta por Adam “Nergal” Darski na guitarra e voz, Zbigniew Robert “Inferno” Promiński na bateria, Mateusz “Havoc” Śmierzchalski na guitarra e Marcin “Novy” Nowak no baixo, foi lançado há 22 anos.
O sucessor do explosivo «Satanica», que tinha sido disponibilizado e muito aplaudido apenas um ano antes, foi captado, por Arkadiusz “Malta” Malczewski, nos Hendrix Studios, entre Julho e Agosto de 2000. De seguida, os temas foram masterizados no High-End Studio, em Varsóvia, na Polónia. Depois de se terem afirmado como uma força a ter realmente em conta com o «Satanica» e a sua poderosa fusão de black e death metal, os BEHEMOTH sacaram da cartola o «Thelema.6», um daqueles álbuns que deixa as suas virtudes bem claras logo desde o início.
A começar pela excelente produção de som, robusto e corpulento, em oposição à abordagem mais rudimentar e crua que ainda dominava muito do black metal na altura. Depois, a proficiência técnica dos músicos é evidente, com as batidas explosivas executadas incansavelmente e uma barragem impiedosa de baixo a servirem de base para as partes de guitarra que, mesmo que soem um pouco familiares ou previsíveis em alguns momentos, constituem um bolo sonoro intenso e contundente.
A ideia que fica, mais de duas décadas depois, é que Nergal e companhia queriam definir ainda um pouco mais o seu som no «Thelema.6». Às vezes, as mudanças de ritmo podem parecer estranhas e inesperadas, mas na funcionam muito bem em temas como «Antichristian Phenomenom» ou «Natural Born Philosopher».
Outros truques, como a voz limpa ou os solos de guitarra acústica, adicionam mais uma camada de densidade à atmosfera escura que domina o álbum, sem que a sua utilização seja exagerada. Por outro lado, também há uma quantidade memorável de temas menos experimentais, capazes de partir o pescoço ao metalhead mais empedrenido, como são os casos de «Pan Satyros» ou o infame «Christians To The Lions». Em suma, mais um passo definitivo numa carreira sempre em crescendo.
Mais de um quarto de século após terem sido criados por Nergal, os BEHEMOTH continuam a ser uma das bandas mais respeitadas da sua geração. Verdadeira declaração de intenções, de compromisso, de determinação e, sobretudo, da capacidade de escrever algum do death e black metal mais poderoso de que há memória. Em vez de se vergarem a entidades divinas, os BEHEMOTH têm sempre optado por mergulhar de cabeça na criação de arte bem obscura, pode munir da sumptuosidade de guitarras que vão buscar influência às raízes blues do heavy metal como à violência do tremolo picking e do blastbeat.
É, de resto, de perseverança, resiliência e de uma força de vontade do tamanho do mundo que se tem
feito uma carreira que, por esta altura, caminha a passos largos para a marca das três décadas. Criados numa altura em que a Polónia ainda não tinha qualquer tradição no que toca ao black metal ou sequer à música extrema, os BEHEMOTH destacaram-se dos seus pares, mas ainda tiveram de gravar três demos e cinco álbuns, fazer uma tour europeia e assinar com uma editora italiana antes de lançarem aqueles dois petardos, «Satanica» e «Thelema 6», que lhes permitiram furar para fora do underground.