Adam “Nergal” Darski, dos BEHEMOTH, acaba de lançar a campanha de recolha de fundos “Ordo Blasfemia”, que o músico explica “ajudará a financiar um fundo de defesa legal sustentável para esmagar os, existentes e futuros, processos falsos a artistas que “não se conformam com as leis religiosas arcaicas” da Polónia. No vídeo em cima, pode ouvir-se o manifesto: “O meu nome é Nergal e sou um artista polaco. Durante mais de uma década, fui confrontado com inúmeras tentativas de destruição permanente da minha carreira com base no facto de ter prejudicado ‘sentimentos religiosos’. Parece absurdo e posso assegurar-vos que é.“
“Muitos artistas polacos, inclusivamente eu, foram arrastados para salas de tribunal, às nossas próprias custas, para nos defendermos contra as absurdas leis de blasfémia feitas por políticos arcaicos”, continua o líder os BEHEMOTH e do projecto ME AND THAT MAN. “A sua intenção é claramente censurar qualquer pessoa que não se conforme com as leis religiosas arcaicas do nosso país. Chegou a hora de os artistas polacos lutarem — juntem-se a nós na Ordo Blasfemia. A sua doação ajudará a financiar um fundo de defesa legal sustentável para esmagar os processos falsos existentes e futuros. Ajudem-nos a alcançar a meta para que possamos distribuí-la por outros artistas que enfrentam os seus próprios desafios legais.” Podes doar e descobrir mais sobre a campanha aqui.
Segundo o Notes From Poland, o músico foi recentemente condenado por um tribunal de Varsóvia por “ofender sentimentos religiosos”. As acusações surgiram a partir da publicação de uma imagem do músico nas suas redes sociais, em que aparece a pisar uma imagem da Virgem Maria no set de uma sessão de fotos do projecto paralelo ME AND THAT MAN. Aparentemente, Darski foi condenado a pagar uma multa de 15.000 zlotys (aproximadamente 4.000 euros) e as custas judiciais de quase 3.500 zlotys (aproximadamente 900 euros). No entanto, como o músico contestou a sentença, o caso agora irá a julgamento. Depois do músico ter partilhado a imagem em Setembro de 2019, um grupo jurídico ultraconservador, o Ordo Iuris, e uma organização chamada Sociedade Patriótica (Towarzystwo Patriotyczne) notificaram os promotores públicos de que Darski tinha “ofendido os sentimentos religiosos de quatro pessoas”, incluindo um político local da coalizão conservadora da Polónia.
“Adam D. é acusado de, a 25 de Setembro de 2019, agir via internet, insultando publicamente um objecto de culto religioso cristão na forma da pessoa da Mãe de Deus, ao colocar uma foto no seu perfil oficial na rede social Facebook, apresentando uma imagem danificada da Mãe de Deus e ofendendo assim os sentimentos religiosos de quatro pessoas”, disse anteriormente Aleksandra Skrzyniarz, porta-voz do gabinete do promotor geral em Varsóvia. O procurador de Varsóvia, por seu lado, acrescentou que, durante a investigação, as vítimas foram interrogadas e foi nomeado um perito na área dos estudos religiosos. “O parecer conclui claramente que pisar um a imagem da Mãe de Deus é uma ofensa aos sentimentos religiosos“, afirma.
No início deste mês, Nergal já tinha partilhado o seu desprezo em relação à acusação de que é alvo. “Outro processo em andamento. A razão? Em todos os casos é o mesmo: ofensa aos SENTIMENTOS RELIGIOSOS! Vocês conseguem imaginar este absurdo no século XXl? A Polónia está mentalmente tããão trás da Europa civilizada que somos literalmente o último bastião do chamado ‘casus da blasfémia’.” Recorde-se que, em 2010, o músico foi levado a julgamento também sob acusação de blasfémia por rasgar uma Bíblia no palco. Nessa ocasião, Nergal ganhou o caso, mas de seguida também foi alvo do governo polaco por causa de um desenho numa t-shirt dos BEHEMOTH, que recordava o emblema nacional do país.