Adam “Nergal”, o guitarrista, vocalista e estratega dos BEHEMOTH, nunca teve receio de gerar controvérsia com as suas opiniões sobre religião e a Igreja Católica. No entanto, nos últimos tempos tem virado a mira para outros alvos e a última polémica em que se viu envolvido não provocou falatário nos círculos ecuménicos, mas sim entre os fãs de metal mais alinhados à esquerda. E a internet pegou fogo, depois de, nas suas histórias do Instagram, ter partilhado uma fotografia de uma t-shirt com o slogan BLACK METAL CONTRA A ANTIFA na frente e, nas costas, a frase MATA-OS. NÃO MOSTRES MISERICÓRDIA. QUE SE FODA A ANTIFA!. Agora, numa entrevista à KERRANG!, o músico tentou explicar as suas motivações. “Primeiro, as pessoas interpretam as coisas mal logo à partida. Já não fazem perguntas“, começa por dizer. “Essa história fez manchetes em todo o lado. E eu gosto de agitar as coisas — a minha natureza é essa. Eu gosto de trollar e de provocar as pessoas.”
Mais à frente o músico traça um contexto para as fotografias em questão, dizendo que, na mais recente passagem dos autores de «I Loved You At Your Darkest» pela Finlândia, alguém deixou a t-shirt [supostamente no camarim da banda?] e que, depois, houve alguém que a vestiu. “Eu tirei uma foto e fiz um comentário rápido“, diz o músico. “Há algo em relação a estes recentes cancelamentos de concertos… A última coisa que se pode dizer sobre os Bölzer e vários outros é que são fascistas. Não são. Porque, se fossem, não seríamos amigos. Toda a gente que me conhece sabe que sou contra qualquer regime totalitário, por isso escrevi ‘Ei, pessoal da Antifa, se querem combater o fascismo, usem o cérebro primeiro’. E disse isso porque acho que têm os alvos errados na mira… E fico chateado, porque é estúpido. E é também a razão pela qual o mundo está tão desequilibrado. É um radicalismo substituído por outro“.
O músico polaco continua, elaborando: “De repente, fui acusado de ter sentimentos em relação ao Hitler; uma ideia que acho francamente nojenta. Porque é que alguém diria isso? É estupido. A forma como as pessoas pensam, nos dias de hoje, na sua grande maioria, é algo assim… ‘És contra o Hitler?’ E tu respondes: ‘Sim, sou contra o Hitler’. ‘Bem, então, deves ser um defensor do Stalin‘. ‘És contra o Stalin?’ ‘Então deves ser pró-Hitler.’ É assim que as pessoas pensam hoje em dia, a preto e branco. Não há um meio-termo, nem manchas cinzentas. É isto ou aquilo. O mundo é bipolar, o que é muito injusto e estúpido. ‘Pessoal, eu quero ter o direito de pensar que ambos são idiotas e mataram 50 milhões de pessoas.’ Eu quero estar no meio, e estou no meio e tenho a minha opinião: os dois lados são uma merda.”
“Se segues as minhas redes sociais, sabes que sou pró-LGBT, sou sempre a favor dos direitos das mulheres. Quando se trata de black metal, acho que sou liberal demais para um género tão conservador. Mas, novamente, estou velho demais para fingir. Sempre que penso que o mundo é injusto e que não há justiça, digo algo. E entendo que, para algumas pessoas, o que digo pode não ser muito confortável. No entanto, a última coisa que devem fazer é acusar-me de qualquer radicalismo. Já disse isto várias vezes também: eu amo a minha arte por ser radical e extrema. Este é o lugar onde eu quero estar. Este é o meu lugar. Fora do palco? Sou apenas um liberal com uma boca grande. Isso é tudo o que sou.“