Segundo o próprio, o controverso (e muito criticado) título do mais recente álbum dos BEHEMOTH não foi pensado apenas para chocar.
Adam “Nergal” Darski, vocalista, guitarrista e figura central dos polacos BEHEMOTH, voltou a defender publicamente a escolha do título do 13.º álbum de estúdio da banda, «The Sh*t Ov God», respondendo às críticas que consideram a designação gratuita, infantil ou meramente provocatória. Numa entrevista recente à Heavy Interviews, Nergal sublinhou que o choque nunca foi um fim em si, argumentando que o conceito por trás do título é muito mais profundo e filosófico do que muitos estão dispostos a admitir à primeira vista.
Conhecido há décadas pela sua postura confrontacional — que vai desde processos judiciais relacionados com alegadas ofensas religiosas até episódios deliberadamente provocatórios —, Nergal reconhece que a escolha do título se enquadra naturalmente na identidade dos BEHEMOTH. Ainda assim, rejeita a ideia de que o álbum se limite a um slogan primário ou a um exercício de blasfémia fácil.
“Algumas pessoas perceberam, outras não perceberam. Quando dei esse título ao nosso disco mais recente, houve quem dissesse: ‘Nergal, consegues fazer melhor do que isto’. Não, não consigo. Isto é o melhor que tenho para vos dar”, afirmou. “Se não quiserem olhar para lá do óbvio e acharem que é apenas um slogan primitivo ou simplista, então estão a perder algo muito maior. É muito mais do que um título provocatório. Não é um título estúpido.”
Para o músico, a responsabilidade da compreensão não recai apenas sobre o artista, mas também sobre quem o escuta. “Comprem o disco, leiam as letras. Faz sentido. Mas é preciso fazer um esforço enquanto fã para digerir, processar e, eventualmente, compreender. Eu fiz o meu trabalho. Agora cabe-vos a vocês fazer o vosso”, explicou, acrescentando que «The Sh*t Ov God», o mais recente álbum do BEHEMOTH, está longe de ser um exercício de shock rock ou de satanic chit-chat. “Nunca foi. É um disco exigente, desafiante, tanto musical como conceptualmente.”
Nergal foi ainda mais longe ao contextualizar a escolha do título dentro da discografia mais recente dos BEHEMOTH, assumindo que, de forma consciente, procurou romper expectativas. “De certa forma, com este título, anulei-me a mim próprio”, confessou. “Usei antes títulos como «Opvs Contra Natvram», que foi inspirado em Jung, ou «I Loved You At Your Darkest», retirado da Bíblia… São títulos belíssimos, cheios de camadas, mas mesmo assim houve quem reclamasse.”
O vocalista recorda que, após álbuns como «The Satanist», «Evangelion» ou «The Apostasy», tornou-se evidente que tentar “superar” certos marcos, seria um exercício condenado ao fracasso. “Há títulos que só acontecem uma vez na vida. Não se pode tentar competir com isso. Falhas sempre… A única solução é fazer algo completamente oposto, algo que tire as pessoas da zona de conforto. Algo que provoque aquele ‘o que raio é isto?’”, explicou.
Nesse sentido, «The Sh*t Ov God» surgiu como um gesto deliberado de ruptura. “Agora que me zerei a mim próprio, agora posso voltar a construir algo mais sofisticado e complexo. É uma questão de dinâmica”, afirmou, sublinhando a importância do contraste na evolução artística da banda. Ao analisar a sequência de títulos dos últimos álbuns dos BEHEMOTH, Nergal vê precisamente essa lógica em acção.
“«The Satanist», depois «I Loved You At Your Darkest», algo completamente diferente, depois o título em latim inspirado em Jung, «Opvs Contra Natvram», e agora «The Sht Ov God». Acho que são quatro títulos completamente distintos. E isso é o que torna tudo isto interessante, pelo menos para mim.” No final, o Sr- Nergal não esconde que a provocação continua a ser uma ferramenta essencial — não por vaidade, mas por convicção artística. “Não faço isto para que gostem. Faço isto para vos confundir. Esse é o meu objectivo principal: confundir as pessoas. E consegui”, rematou o timoneiro dos BEHEMOTH.















