ANNISOKAY

A 5 de Julho, OZZY e os BLACK SABBATH protagonizaram um (último) adeus épico na companhia dos METALLICA, SLAYER, PANTERA, GOJIRA e LAMB OF GOD, entre muitos, muitos outros. Aqui fica uma selecção dos melhores momentos do mega evento BACK TO THE BEGINNING.

No passado dia 5 de Julho, Birmingham foi palco de um acontecimento histórico: os derradeiros concertos de OZZY OSBOURNE e dos BLACK SABBATH, reunidos sob o evento especial Back To The Beginning. Com curadoria musical de Tom Morello, o espectáculo de mais de oito horas trouxe uma avalanche de estrelas do metal e do rock do estádio Villa Park, que se juntaram para prestar a última homenagem aos padrinhos do heavy metal, num alinhamento que o famoso guitarrista dos RAGE AGAINST THE MACHINE prometeu ser “o maior concerto de heavy metal de sempre“.

Contra todas as expectativas, o Back To The Beginning acabou, de facto, por corresponder a essa ambição. Entre mini-sets explosivos de bandas como METALLICA, SLAYER, PANTERA, GOJIRA, LAMB OF GOD, entre outras, cada uma interpretando um tema dos BLACK SABBATH, e uma série de actuações conduzidas pelos Tom Morello’s All Stars — com membros dos DISTURBED, SMASHING PUMPKINS, GHOST, SLEEP TOKEN, entre muitos outros —, o Back To The Beginning navegou pelas eras de Ozzy e BLACK SABBATH com emoção, potência e respeito.

O próprio Ozzy, sentado num trono negro em forma de asas de morcego, fez o penúltimo set da noite, antes dos BLACK SABBATH encerrarem definitivamente a sua jornada, na cidade onde tudo começou. Para todos os que não puderam estar presentes, porque os bilhetes esgotaram num ápice, o concerto também foi transmitido em livestream, com mensagens emocionantes de fãs e celebridades, de Elton John a Dolly Parton, passando por Jonathan Davis e Ricky Gervais. Eis os 13 momentos que mais nos marcaram neste adeus inesquecível.

01. O ‘drum circle’ durante a versão dos «Supernaut» interpretada pelos MASTODON

Os MASTODON abriram o Back To The Beginning com garra, tocando as incontornáveis «Black Tongue» e «Blood and Thunder» antes de se lançarem subitamente numa poderosa versão da «Supernaut», dos BLACK SABBATH. Como se isso não bastasse, o clímax chegou com a participação de três monstros da bateria: Eloy Casagrande (ex-SEPULTURA, agora nos SLIPKNOT), Mario Duplantier, dos GOJIRA, e Danny Carey, dos TOOL, que criaram um verdadeiro ritual percussivo em palco, digno de um trovão cocletivo à la SEPULTURA nos seus tempos áureos.

02. A «Children Of The Grave» em modo thrasher, cortesia dos LAMB OF GOD

No Back To The Beginning, Randy Blythe alternou entre voz limpa e os seus urros característicos para transformar a demolidora «Children Of The Grave» numa descarga de thrash moderno. Aliás, a descarga dos LAMB OF GOD foi tão intensa que o vocalista até caiu no palco a meio de um salto — e voltou a levantar-se como se nada se tivesse passado. No final, atirou os seus ténis suados para o público. Os fãs, corajosos, apanharam-nos como se se tratassem de troféus.

03. A entrada triunfal de JAKE E. LEE em palco

Naquela que foi a primeira jam session do Back To The Beginning, Jake E. Lee — o guitarrista clássico de Ozzy Osbourne — demorou a entrar em palco, obrigando a Lzzy Hale, dos HALESTORM, a perguntar ao microfone: “Alguém viu o Jake E. Lee?“. Quando finalmente apareceu, o músico foi saudado pelo “nosso” Nuno Bettencourt com uma vénia e, com uma classe considerável, arrancaram com «Ultimate Sin». Foi um momento simbólico, sobretudo se tivermos em conta que Lee sobreviveu a um tiroteio em Outubro do ano passado.

04. YUNGBLUD emociona com «Changes»

Apesar de ser um dos convidados mais improváveis da noite, o britânico YUNGBLUD surpreendeu com a sua versão poderosa de «Changes», onde se destacou uma entrega vocal intensa e muito sincera. Com a ajuda de alguns membros dos SLEEP TOKEN, a sua performance do jovem cantor acabou por provar que a emoção não olha a géneros musicais.

05. JACK BLACK leva «Mr. Crowley» à School Of Rock

Num de vários segmentos pré-gravado exibidos durante o Back To The Beginning, Jack Black encarnou Ozzy com todo o seu humor e energia em «Mr. Crowley», acompanhado por jovens músicos — entre eles, os filhos de Tom Morello e de Scott Ian. O momento culminou com endiabrado Black a levantar o jovem guitarrista numa recriação hilariante do clássico gesto de Ozzy com Randy Rhoads em 1982.

06. Os GOJIRA revisitaram a sua actuação nos Jogos Olímpicos com a ajuda de Marina Viotti

A actuação dos GOJIRA no Back To The Beginning incluiu «Stranded», «Silveria» e uma pesada versão da «Under the Sun», dos BLACK SABBATH, mas foi com «Mea culpa (Ah! Ça ira!)» que protagonizaram um momento realmente mágico. A mezzo-soprano Marina Viotti regressou para repetir a colaboração dos Jogos Olímpicos, agora com headbanging incluído. Ópera e metal uniram-se em perfeita sintonia.

07. O PAPA V PERPETUA subiu a palco e uivou na «Bark At The Moon»

O Papa V Perpetua, que é a mais recente encarnação vocal dos GHOST, juntou-se aos All Stars para uma encenação bastante teatral da clássica «Bark At The Moon», de Ozzy. Entre pirotecnia e teatralidade, o vocalista sueco brincou, como é usual, com o público antes de começar a soltar uns uivos inspirados e pedir à audiência que o acompanhasse. Resultado, aquilo a que assistimos foi a uma performance tão encenada quanto poderosa.

08. STEVEN TYLER regressou aos palcos em grande forma

Steven Tyler, o eterno vocalista dos AEROSMITH, enfrentou alguns problemas de saúde durante o último ano, mas trouxe ao Back To The Beginning doses bastante consideráveis de energia e de irreverência ao interpretar «Train Kept A-Rollin’» (com Ronnie Wood, dos ROLLING STONES), «Walk This Way» e, em especial, uma incendiária versão de «Whole Lotta Love», dos LED ZEPPELIN. Aos 77 anos, Tyler mostrou que a sua voz continua em forma e que ainda sabe dominar qualquer palco.

09. JASON MOMOA “abriu” uma roda de mosh durante a actuação dos PANTERA

Jason Momoa, o anfitrião do Back To The Beginning, mal conseguiu conter o entusiasmo quando os PANTERA subiram ao palco. Depois de cumprimentar Philip Anselmo, o actor, fã confesso de música pesada, lançou-se directamente para a plateia e mergulhou no mosh pit, acabando mesmo por ser levado em crowdsurf como um verdadeiro fã. Parece que, afinal, as estrelas de cinema também sabem moshar.

10. Os TOOL só precisaram de três temas para encantar um estádio inteiro

Muitos ficaram cépticos quando os horários revelaram apenas 20 minutos para os TOOL. Mas o quarteto aproveitou cada segundo: «Forty Six & 2», «Ænema» e uma versão psicadélica e sombria de «Hand Of Doom», que soou perfeitamente natural no seu universo sonoro, foi o que bastou para demonstrarem toda a sua genialidade. Justin Chancellor, no final, abanava-se como possuído, os óculos caídos, os olhos virados. Foi, para muitos, a melhor actuação do Back From The Beginning a seguir às dos protagonistas deste dia mágico.

12. O TOM ARAYA continua a sorrir como ninguém

Quem diria que o homem por trás da «Angel Of Death» podia ser tão feliz em palco? No Back To The Beginning, o Sr- Tom Araya, dos SLAYER, parecia estar a viver um dos momentos mais altos da sua vida. A actuação da banda californiana incluiu clássicos como «Disciple», «Raining Blood» e «Angel of Death», e a energia era contagiante — ver Araya a saborear cada momento com um sorriso rasgado tornou tudo ainda mais especial.

12. As emoções estiveram ao rubro na «Mama, I’m Coming Home»

Quando Ozzy subiu finalmente ao palco no seu trono gótico, foi recebido com aplausos estrondosos. A sua voz mostrou-se forte ao longo das cinco canções do alinhamento, mas foi em «Mama, I’m Coming Home» que a emoção realmente tomou conta do Villa Park. E sim, correram lágrimas, tanto no público como entre os que acompanhavam a transmissão online. Foi uma despedida comovente, de alguém que marcou gerações.

13. BLACK FUCKING SABBATH

E depois, o épico encerramento do Back To The Beginning: BLACK SABBATH, com Ozzy, Tony Iommi, Geezer Butler e o regressado Bill Ward — juntos pela primeira vez em duas décadas. A banda soou coesa, pesada e intemporal em «War Pigs», «N.I.B.», «Iron Man» e «Paranoid». Antes do último tema, Ozzy confessou, incrédulo: “Infelizmente, esta é a última canção da… uh, para sempre.” O fim foi colossal, ainda que agridoce. A lenda despediu-se — mas viverá para sempre.