O álbum chama-se «Nothingface». Esquecido, tal como os próprios VOIVOD, que só funcionam num pequeno nicho. Porém, os canadianos foram dos primeiros grupos de metal verdadeiramente avantgarde e souberam fazer o crossover necessário em dado momento, modelando o seu som e criando algo inovador. Pelo meio, o tema mais popular é uma inusitada versão de «Astronomy Domine», dos PINK FLOYD. Talvez a mais interessante versão que o grupo britânico recebeu. Viajando no tempo até final dos anos 60, mais propriamente 1967. O grupo era dos mais inovadores da cena britânica, logo mundial. Syd Barret fazia uma fusão de pop e aquilo que, à época, se viria a chamar psicadelismo. O LSD reinava, de tal forma que Barret viria a pagar uma factura alta. «The Piper At The Gates Of Dawn» é o álbum de estreia do grupo e arranca logo com uma faixa memorável, «Astronomy Domine». Pouco depois, Barret, que cantava o tema a meias com Richard Wright, afastar-se-ia, entrando David Gilmour e iniciando-se a fase de Roger Waters, a mais brilhante de todas. Já com Gilmour, o tema adquiriria uma dimensão ainda mais psicadélica, tornando-se até mais longo.
Um salto temporal e pare-se no fim dos anos 80. O thrash começa a entrar nas grandes editoras e populariza-se. Ainda é cedo para o grunge, mas o metal já começa a diversificar-se. É então que os VOIVOD assinam por uma multinacional e lançam um disco distópico, como se pode escutar na esquizofrenia salutar de «Missing Sequences». O single escolhido para vídeo-clip é «Astronomy Domine». O resultado é do mais afastado possível em relação ao que o quarteto tinha feito no passado, com armas de destruição massiva como «War And Pain» ou «Rrröööaaarrr». Apesar disso, resultou. E bem. Hoje, a banda canadiana acaba por ser mais conhecida por causa dessa versão e, certamente, nomes como GOJIRA deverão ter escutado o tema para criarem o som que os tornou conhecidos, mas isso será outra história. «Astronomy Domine» é daquelas versões que resulta tão bem quanto a original. Nota rápida para uma versão rock do tema, mais próxima do original, com um lado cru, a cargo do trio THE ATOMIC BITCHWAX e, longe do pretensiosismo experimentalista, mas no fundo convencional, com THE CLAYPOOL LENNON DELIRIUM.