Fundo de apoio ou luxo desnecessário? Os ALICE IN CHAINS estão no centro de uma polémica sobre ética e transparência.
Um relatório recente do Business Insider levanta questões preocupantes sobre a utilização de fundos do Shuttered Venue Operators Grant (SVOG), um programa criado durante a pandemia de COVID-19 para apoiar artistas, equipas técnicas e espaços culturais em dificuldades. Entre os nomes mencionados estão os icónicos ALICE IN CHAINS, acusados de gestão pouco transparente dos valores recebidos.
O SVOG foi concebido como uma tábua de salvação para a indústria do entretenimento, severamente afectada pelos confinamentos e restrições sanitárias. No entanto, a análise de milhares de documentos obtidos pelo Business Insider revela que muitos beneficiários poderão ter desvirtuado o propósito dos subsídios, utilizando-os para fins pessoais em vez de apoiarem as suas equipas técnicas ou garantirem a sustentabilidade dos projectos artísticos em que estavam envolvidos.
Segundo o relatório, três dos elementos dos ALICE IN CHAINS receberam somas substanciais em 2022. Jerry Cantrell, vocalista e guitarrista da banda, terá recebido 1,4 milhões de dólares, montante idêntico ao atribuído ao baterista Sean Kinney. Já o baixista Mike Inez terá arrecadado cerca de 682 mil dólares. Ao todo, 3,4 milhões dos 4,1 milhões atribuídos à banda através do programa destinaram-se a estes três músicos.
No entanto, estas revelações tornam-se ainda mais polémicas quando se considera que, apenas um mês antes de receberem o subsídio, os ALICE IN CHAINS tinham vendido os direitos do seu catálogo musical por 48 milhões de dólares. Apesar de parte do subsídio ter sido canalizada para pagamentos a pessoal de produção, gestores e aluguer de equipamentos, não houve registos significativos de gastos em benefícios como seguros de saúde ou apoio directo a membros da equipa técnica.
O caso mais citado no relatório acaba por ser o do técnico de guitarras Scott Dachroeden, que enfrentou um diagnóstico de cancro sem receber qualquer apoio financeiro significativo por parte da banda que o empregava. Scott acabaria por falecer, mas, antes disso, foi criada uma campanha de crowdfunding para custear os seus tratamentos, partilhada pelos ALICE IN CHAINS nas redes sociais. Embora o grupo tenha afirmado que ajudou financeiramente “nos bastidores”, uma fonte próxima desmente essa alegação.
Os ALICE IN CHAINS não são, no entanto, os únicos artistas sob escrutínio. Outros músicos, como são os casos de Lil Wayne e Chris Brown, também foram acusados de utilizarem os fundos para gastos pessoais, incluindo festas e artigos de luxo, num padrão que levanta dúvidas sobre a eficácia dos mecanismos de monitorização e pode ter impacto na confiança pública em futuros programas de apoio governamental ao sector cultural. Até ao momento, não é claro se haverá consequências legais para os artistas ou para as entidades envolvidas na gestão dos fundos.