GUERRA DOS SEXOS

A GUERRA DOS SEXOS?

É muito triste que, em pleno Séc. XXI, o conceito de guerra dos sexos ainda continue a ser tão actual.

Não há nada que justifique o facto de estarmos no Séc. XXI a escrever sobre uma hipotética guerra dos sexos. Ou que ainda haja tanta gente que não percebe que as mulheres são perfeitamente capazes de respeitar ou apreciar a arte feita por homens sem os desejarem sexualmente. Ou que nem todas as mulheres têm a fantasia de “comer” uma estrela de rock.

Só a suposição de que o rock, e especialmente o heavy metal, são masculinos demais para  as mulheres – e que, por isso, a única razão para estarem num concerto ou quererem conhecer um músico nos bastidores é “quererem mais qualquer coisa” – é quase tão parva com o facto de alguém como a Floor Jansen ainda ter de enfrentar a previsível questão de “como é ser uma mulher numa banda de metal” em muitas das entrevistas que faz.

Sim, em número as mulheres são superadas em larga escala pelos homens no universo do metal; sim, o metal é rápido e agressivo, mas isso não significa que não possa atrair mulheres. Seja no palco, à frente dele ou no mosh pit, as mulheres têm todo o direito de estar neste meio – e não têm nada a provar a ninguém. Aqui, não devia haver espaço para guerras, muito menos para uma hipotética guerra dos sexos.

Durante muito anos, a mensagem dos metaleiros para o sexo feminino foi de atribuições: “podes ser groupie, mas não uma fã ou músico sério”. Isso fez com que passassem a ser vistas como meros adereços vivos numa atmosfera ao estilo Hooters; e, mesmo que não haja nada de errado na ideia de mulheres de biquíni, há algo profundamente triste quando esse é o único papel que o metal lhes permite desempenhar.

Caramba, vamos manter em mente que estamos no Séc. XXI. Sabemos todos que o sexo vende, em todos os quadrantes da nossa sociedade – e, na indústria musical, até já foi uma espécie de garantia de sucesso.

No entanto, hoje, neste e noutros meios, não é – nunca foi! – justo as mulheres terem de vestir pouca roupa ou trabalharem a dobrar para conseguirem um reconhecimento ao nível dos seus pares masculinos. E, no que toca a isso, muitas mentalidades precisam de levar um proverbial chuto no rabo que já só peca por tardio. Esqueçam esse conceito bacoco, essa ideia de que já lugar para uma guerra dos sexos.

Os temas líricos, a luta contra o poder estabelecido – irónico, não é? “practice what you fucking preach!”, berravam os NAPALM DEATH nos idos dos 80s – podem e devem prevalecer; as estruturas musicais base não são sequer negociáveis, mas a exclusão – de mulheres ou seja de quem for – precisa mesmo de ser recalculada.

Caso contrário, se o metal e o rock não se moldarem para reflectir o seu público, que é cada vez mais e mais diversificado, podem vir a tornar-se irrelevantes de vez. Portanto, se ainda acham que vale mesmo a pena continuar a perpetuar ideias bacocas, tenham em mente que, continuando assim, em 50 anos não vão sequer ter uma “cena”.