Oriundos de Sheffield, no Reino Unido, os WHILE SHE SLEEPS são uma verdadeira força da natureza e não há absolutamente nada de sonolento na música que fazem. Formados em 2006 e aproveitando a onda estratosférica do metalcore, estes músicos há muito que transcenderam os seus inícios humildes e, graças a uma base de fãs dedicada, têm vindo a explorar os limites estilísticos do que fazem de uma forma muito inteligente. Chegados a 2021 e apoiados no explosivo «Sleeps Society», provaram que seria necessário muito mais que uma pandemia global para gorar os seus intentos cada vez mais ambiciosos.
«The North Stands For Nothing»
Lançamento – 20 de Julho 2010
Editora – Small Town/Doom Patrol/Good Fight Music
Produtor – Mat Welsh
Duração – 23:52
“Os primeiros EPs foram lançados e acho que estávamos todos ainda no liceu. Antes disso, eu já tinha tido projectos e, alguns dos outros elementos da banda também, mas foi só com os While She Sleeps que as coisas começaram realmente a fazer mais sentido. Houve um EP, seguiu-se um split com uma banda de amigos nossos e, antes do primeiro álbum, ainda gravámos este segundo EP, intitulado «The North Stands For Nothing». Acho que se pode dizer que foi um marco nas nossas vidas, porque já andávamos a fazer música há algum tempo e nunca tínhamos conseguido uma reacção como a que tivemos com esses temas. Lançámos o disco pela Small Town, que era uma pequena independente britânica, e gerou-se tanto falatório que a Good Fight acabou por mostrar interesse em lançar o EP nos Estados Unidos. Foi nesse momento que percebemos que nos tínhamos tornado numa banda a sério. Lembro-me que, nessa altura, a simples ideia de haver pessoas a gostar da nossas música era um conceito muito estranho… E, por causa disso, acabou por uma fase muito estranha. [risos] Foi esse disco que nos deu a confiança necessária para seguirmos em frente e abraçarmos os While She Sleeps como algo com futuro.”
«This Is The Six»
Lançamento – 13 de Agosto 2012
Editora – Search And Destroy/Sony Music/The End
Produtor – Carl Bown
Duração – 44:32
“Já deve ter dado para perceber que nada nos podia ter preparado para o aumento de exposição gerado pelo «The North Stands For Nothing”. A dada altura, uma das maiores publicações de metal do Reino Unido decidiu pegar no disco e colocá-lo nas bancas com a revista, por isso gozámos de uma campanha de marketing brutal e, quando fomos para o estúdio gravar o «This Is The Six», que foi o nosso primeiro longa-duração, estávamos literalmente nas nuvens. Parecia que todas as semanas conseguíamos tornar outro sonho realidade e o processo de criação desse disco fez parte disso, porque tudo o que tínhamos feito até ali tinha sido totalmente do it yourself. Foi a primeira vez que trabalhámos com um produtor e gravámos em dois estúdios profissionais, foi uma experiência fantástica. Lembro-me que gravámos a bateria com um engenheiro de som que já tinha trabalhado com os Slipknot, os Trivium e os Funeral For A Friend e, para nós, miúdos de Sheffield a darem os primeiros passos, só isso já foi uma enorme revelação.”
«Brainwashed»
Lançamento – 23 de Março 2015
Editora – Search And Destroy/Sony Music/Razor & Tie/Concord
Produtor – Carl Bown
Duração – 45:53
“Tivemos uma experiência tão boa com o Carl Bown no primeiro álbum que decidimos não mexer na equipa e voltar a chamá-lo para produzir o «Brainwashed». É engraçado porque, no momento em que o conhecemos, não sabíamos nada desse mundo dos produtores e dos engenheiros de som, por isso mantivemo-nos sempre muito receptivos às ideias que nos foi dando e, se tivermos em conta que nunca procurámos outro produtor, acho que se pode dizer que o Carl é uma peça essencial na nossa engrenagem. No «This Is The Six» percebemos qual era a nossa verdadeira identidade musical, era um registo mais obscuro e pesado que qualquer outra coisa que tivéssemos feito no passado e, quando começámos a escrever o «Brainwashed», a ideia era desenvolvermos as coisas a partir daí. Agora, olhando para trás, percebo que tínhamos uma pressão enorme nos ombros e acho que não soubemos lidar muito bem com isso… Eu tive alguns problemas pessoais nessa altura, o “Loz” teve de ser operado à garganta e, basicamente, houve uma série de coisas que acabaram por afectar o resultado final. Além disso, acabei por ter de escrever grande parte dos temas na estrada, quando estávamos em digressão nos Estados Unidos, e isso é algo que não gosto de fazer porque, pura e simplesmente, não é prático. Resultado, não acho que seja um propriamente mau disco, mas não é dos meus favoritos.”
«You Are We»
Lançamento: 21 de Abril 2017
Editora: Sleeps Brothers/SharpTone/Arising Empire/UNFD
Produtor: While She Sleeps/Carl Bown
Duração – 51:03
“A nossa carreira teve, sem dúvida, altos de baixos, sendo que este é mais um dos pontos altos. No álbum anterior tínhamos trabalhado com uma multinacional, a Sony Music, e não ficámos propriamente satisfeitos com o que fizeram. Não é que tenham feito exactamente algo de errado, mas não fizeram tanto como estávamos à espera de uma estrutura tão grande e, quando chegou a altura de gravarmos o «You Are We», decidimos criar a nossa própria etiqueta, licenciando depois o disco a várias editoras em territórios distintos. Foi, de certa forma, o início de uma nova fase no percurso do grupo, porque tomámos de novo as rédeas de grande parte do processo e as coisas tornaram-se mais descontraídas outra vez. Toda a gente fala do “difícil terceiro álbum”, mas no nosso caso foi um processo muito indolor e recordo-me que estávamos muito inspirados e as peças do puzzle encaixaram todas na perfeição… A campanha de angariação de fundos que lançámos foi um sucesso, o Oli [Sykes, dos Bring Me The Horizon] aceitou colaborar connosco na «Silence Speaks» e apoiou-nos imenso, as canções eram fantásticas e foi a primeira vez que tivemos um disco no Top 10 da tabela de vendas britânica. De certa forma, o «You Are We» funcionou como um momento de redenção para nós.”
«So What?»
Lançamento – 1 de Março 2019
Editora – Sleeps Brothers/Search And Destroy/Spinefarm/UNFD/Universal Music
Produtor – While She Sleeps/Carl Bown
Duração – 48:30
“Mais um passo na nossa emancipação, foi o primeiro álbum que fizemos no nosso próprio estúdio, que tínhamos acabo de montar. Se, por um lado, isso tornou tudo mais fácil, de certa forma também acabou por tornar o processo de gravação um pouco mais caótico e stressante do que seria desejável. [pausa] Na verdade nunca tinha pensado nisto, mas acabo de constatar que o nosso fundo de catálogo alterna álbuns de que gosto mesmo muito e álbuns de que gosto um pouco menos, sendo que esse é um desses. Como o «Brainwashed», também não se pode dizer que seja propriamente um mau disco, mas o processo de concepção e gravação foi novamente mais complicado. Passámos por alguns problemas na banda e também por alguns traumas a nível pessoal durante essa fase. O que, verdade seja dita, acaba por ser uma coisa muito natural; independentemente da ocupação que tenhas, a vida acaba quase sempre por intrometer-se no caminho – e as bandas não são uma excepção à regra. Isso acaba por reflectir-se em tudo o que fazemos e, no nosso caso, foi o que aconteceu aqui. Na altura estava-me literalmente a borrifar para tudo o que não fosse fazer apenas o que me dava na real gana e acabei por experimentar muitas coisas que, se calhar, não faziam assim tanto sentido no contexto dos While She Sleeps. Surpreendentemente, o público até acabou por reagir muito bem… Mas, lá está, não é dos meus favoritos.
«Sleeps Society»
Lançamento – 16 de Abril 2021
Editora – Sleeps Brothers/Search And Destroy/Spinefarm/UNFD/Universal Music
Produtor – While She Sleeps/Carl Bown
Duração – 44:28
“Para mim, este é um dos discos bons e, sinceramente, acho que para toda a banda. Não houve stresses; estamos todos num bom espaço a nível mental, gozamos de boa saúde, estamos em relações estáveis e, claro, isso nota-se. Este é um álbum muitíssimo positivo, e muito inspirado. Juntámo-nos para escrever e, de certa forma, foi como se tivéssemos resgatado o foco que, de certa forma, parecíamos estar a perder com o «So What?». O «Sleeps Society» é daqueles registos em que mostramos as nossas verdadeiras cores, em que provamos que podemos ser mesmo muito bons se não estivermos distraídos com coisas periféricas. Estou extremamente orgulhoso, será que se nota?!? [risos] A sério, eu gosto de fazer música que não seja previsível e este álbum está, sem dúvida, entre os mais diversos e dinâmicas que fizemos, por isso continuo a divertir-me imenso com estes temas e não posso esperar para tocá-los ao vivo. De certa forma, sinto que estas canções mostram que podemos ir mais além sem sacrificarmos um grama que seja da nossa identidade enquanto banda, o que deixa tudo em aberto para o que poderá vir a seguir.”