Um ciclo de três décadas que termina. Os suecos WATAIN vão encerrar o seu percurso com um álbum final previsto para 2028, selando uma trajectória de culto e transgressão no cenário da música extrema.
Os suecos WATAIN anunciaram oficialmente que o seu oitavo álbum de estúdio será o último da sua já longa carreira. O disco, previsto para ser editado em 2028, coincidirá com o 30.º aniversário do grupo e representará o encerramento de um ciclo que, desde 1998, os colocou entre os nomes mais influentes, temidos e reverenciados do black metal mundial.
O comunicado, publicado no passado Sábado, 20 de setembro, abriu com a expressão solene “Senhoras e senhores, seguidores, aliados e apoiantes, esta é uma transmissão solene a partir do Templo de WATAIN”. O tom ritualista da mensagem acompanha a essência da banda, que sempre se posicionou como algo mais que um simples projecto musical. No texto, os músicos revelaram que este será o último capítulo da sua existência: “Anunciamos que, dentro de três anos — no nosso 30.º aniversário — será lançado o oitavo e último álbum de estúdio dos WATAIN. O disco marcará o encerramento de uma obra mágica de 30 anos, a última encruzilhada de WATAIN, após a qual a banda deixará de existir”.
Ao longo da declaração, os WATAIN explicam que o fim da banda não deve ser encarado como uma dissolução ditada por desgaste ou circunstâncias externas, mas sim como uma escolha consciente e ritualizada. “Em vez de sermos consumidos pelas garras do tempo, ou esmagados pela roda das circunstâncias, escolhemos deixar que os WATAIN regressem, de cabeça erguida e invictos, ao caos primordial que em tempos lhes deu vida”, escreveram.
A mensagem também reforçou a ligação profunda entre a obra da banda e os temas da transcendência e morte, agora reflectidos no destino que escolheram para si mesmos: “As nossas canções e a nossa arte não lidaram sempre com a finitude e a mortalidade, com a MORTE e o além? Agora chegou o momento de reivindicar a nossa própria conclusão, e moldá-la como moldámos o nosso palco e as nossas músicas, nos fogos da vontade”.
Nos próximos três anos, até à chegada do derradeiro álbum, os WATAIN prometem manter-se activos, lançando nova música, tocando ao vivo e promovendo rituais que simbolizarão a travessia final do grupo. “Serão três anos nas fronteiras entre os vivos e os mortos, durante os quais vamos escrever e partilhar nova música, dar concertos e fazer outras coisas, que serão reveladas a seu tempo, com a certeza da MORTE, do Templo de WATAIN”, acrescentaram.
O anúncio termina com uma invocação que sintetiza a filosofia que sempre guiou o grupo: “Recebam esta mensagem não como uma despedida, mas como a primeira nota de um réquiem sacrificial, bem como o vosso convite a participar na construção destes últimos anos que se vão tornar algo incomparável. Louvado seja o Deus-Demónio pelo qual o nosso caminho é abençoado, e no altar do qual agora depositamos esta nossa humilde oferenda. À MORTE e para muito além!”.
O mais recente álbum da banda, «The Agony & Ecstasy Of Watain», foi lançado em Abril de 2022 pela Nuclear Blast e consolidou o estatuto dos suecos como um dos nomes mais intensos e respeitados do género. Desde a sua formação em 1998, os WATAIN tornaram-se sinónimo de devoção absoluta ao black metal, com actuações ao vivo que se destacam pela teatralidade, frequentemente descritas como sendo experiências de culto que desafiam tanto a música como a espiritualidade dos seus seguidores.
Ao longo de três décadas, os WATAIN dividiram opiniões, sendo ora idolatrados pela autenticidade da sua visão artística, ora criticados pela intensidade quase litúrgica das suas apresentações. No entanto, a indiferença nunca foi uma reacção possível. Agora, este anúncio coloca um ponto final numa das histórias mais marcantes da história do black metal contemporâneo, assegurando que a despedida, em vez de um apagamento gradual, será conduzida como um ritual consciente, escrito e consumado segundo as regras do próprio grupo.
Com o horizonte de 2028 já traçado, o fim dos WATAIN promete não ser apenas um encerramento, mas uma celebração final da sua essência artística e espiritual. Para os seguidores da banda, resta-lhes agora acompanhar estes três anos de derradeiro percurso, que a própria banda descreveu como um “sacrificial requiem”, antes de regressar ao caos primordial de onde nasceu.















