A mais recente digressão dos WARDRUNA — que passa por Portugal em Dezembro — fez uma paragem em Dublin e a LOUD! viajou até à Irlanda para fazer uma antevisão do que os fãs lusos podem esperar da estreia por cá.
Por esta altura é quase uma tradição que, nos concertos dos WARDRUNA, algum público surja vestido a rigor, com peles, escudos e elmos. A presença da música do grupo norueguesa na segunda temporada da série Vikings — em que o próprio Einar Selvik participou como actor — consolidou essa forte ligação entre o grupo e o imaginário nórdico. Em Dublin, pagãos e vikings juntaram-se bastante cedo à porta do magnífico teatro 3Olympia, sala intimista e perfeita para acolher o ambiente ritualístico desta gente. Não estranhamente, alguns dos presentes eram mesmo extras da série e, segundo apurámos, participam de forma regular em recriações históricas.







Antes dos cabeças de cartaz, a muito talentosa violoncelista Jo Quail subiu a palco e encantou o público com o seu virtuosismo, recorrendo com mestria a loops. Ela própria explicou que tudo o que estávamos a ouvir era ao vivo, para o bem ou para o mal. O alinhamento de apenas três canções traduziu-se em cerca de trinta minutos de actuação, mas foi o suficiente para criar um ambiente hipnótico. «Embrace» foi um dos temas novos apresentados, enquanto «Adder Stone», que encerrou a actuação, foi dedicado a todas as bruxas presentes na sala.
Embora «Birna» seja o mais recente álbum dos WARDRUNA, foram os sons de corvos que anunciaram a entrada da banda em palco. «Kvitravn» deu início a uma viagem sonora pelos primórdios da Terra, onde o tempo parece suspender-se e as distrações do mundo moderno desaparecem totalmente. Os sons da natureza, cânticos e instrumentos rudimentares conduzem-nos a um estado quase meditativo, difícil de descrever e que só pode ser verdadeiramente compreendido ao vivo. Durante hora e meia, o público foi transportado para o coração de uma floresta ancestral, para, no final, emergir mais tranquilo e em paz.













Einar Selvik aproveitou um desses momentos para reflectir sobre o poder curativo do canto, defendendo que todos devíamos cantar em casa, em família, para não perdermos a tradição. Referiu que na Noruega esse costume está em risco de desaparecer, mas na Irlanda ainda sente essa ligação forte e, claro, pediu ao público para não deixar essa tradição morrer.
Do mais recente álbum, foram interpretados temas como «Hertan», «Himinndotter» e «Hibjørnen». Este último, apenas com Einar Selvik em palco, foi apresentado como uma canção de embalar inspirada na simbologia do urso, figura central em muitas histórias e canções tradicionais. Outro momento marcante foi a interpretação solitária de «Volupá», a meio do concerto, num dos instantes mais assombrosos da noite. Não faltaram também temas como «Lyfjaberg», «Grá» e «Fethu», que consolidaram a atmosfera ritualística e hipnótica do espectáculo








