Viralata

VIRALATA + NO TIME TO WASTE @ Bafo de Baco, Loulé | 21.05.2022 [reportagem]

Em Outubro do ano passado, os VIRALATA editaram, através da Rastilho, o quarto disco da sua carreira, chamado «O Último Pôr Do Sol». Desculpa perfeita para uma visita ao Sul do país para apresentar o dito cujo. Os veteranos NO TIME TO WASTE foram os convidados algarvios e deram início às festividades. A banda que já existe desde 2001 só editou o primeiro disco, «2020», tentem adivinhar?! Sim, há dois anos. O mix punk rock do Spotify a sair das colunas da sala antes do concerto foi a desculpa perfeita para aquele jogo do “advinha lá que banda é esta” ou um “o que será que vai tocar a seguir?”. Mas pouco passava das 22:45 e já o quarteto algarvio subia ao palco. Com um começo algo morno, numa mescla entre músicas do último disco e outras dos primeiros anos da banda, a tarefa de “aquecer” o público mostrou ser mais complicada do que à primeira vista seria de prever.

É curioso como um evento com a magnitude da visita dos Bad Religion e Millencolin ao nosso país, há uma semana atrás, acabou por ter repercussões noutro show a quase 300km de distância. Tipo a borboleta que bate as asas e provoca um furacão no outro lado do planeta. Bom, provavelmente estamos a exagerar, mas quando o vocalista Toni questionou quem dos presentes tinha ido a esse concerto, a quantidade de braços no ar foi considerável. Com o público já a começar (finalmente) a aquecer, o rastilho acabou por ser acendido por duas covers, e de quem, perguntam vocês?! Se leram até aqui acho que conseguem chegar lá. «Mr. Clean» e «Do What You Want» dos, lá está, Millencolin e Bad Religion. Os presentes não ficaram indiferentes e, daí até ao final do set, a festa já estava bem encaminhada, culminando com a sala a cantar em uníssono o “fuck you” ao «Mr. President», um dos clássicos da banda, e a dar um pezinho de dança no single «They’re Lying».

A carruagem que transportava o quarteto de bandidos conhecidos como Viralata não se atrasou, e logo à segunda malha começaram por testar as gargantas dos presentes com «Estrelas Decadentes». Sem muito tempo para respirar, os hits foram sendo executados com precisão e mesmo sem o vocalista Ulisses saber bem se esta ou aquela música são do segundo ou terceiro disco, o público estava atento o suficiente para o corrigir. Pode-se dizer que existem uns Viralata antes e depois do medronho, esse elixir dos deuses algarvio. Uma das maiores exportações da região, que demorou pouco tempo até chegar ao palco, cortesia do Toni dos No Time To Waste, que distribuiu um shot a cada membro. Assim que bateu… digamos que os sorrisos foram mais presentes, o Filipe ganhou asas nos pés e o baixo passou a ter metade do peso e, o Ulisses conseguiu cantar uma quadra inteira de uma das malhas num dialecto que não conseguimos descortinar. Como já tinham demonstrado n’«O Último Pôr Do Sol», os presentes trouxeram as “goelas afinadas” e isso ficou provado ao cantarem “F*da-se a mota é linda” em «Famel». E claro que não poderíamos ir para casa sem matar saudades da «Ivone». As noites de punk rock estão de volta a uma sala que poderia muito bem ser descrita como o CBGB do Algarve (mas com WCs MUITO melhores!).   

Fotos: Mário Cunha